Portal Caparaó - Prisão de Policiais em Iúna: Grupo tomava terra de produtores rurais
Segurança

Prisão de Policiais em Iúna: Grupo tomava terra de produtores rurais

02/12/2011

Pequenos agricultores eram algumas das principais vítimas da quadrilha formada por policiais militares no Sul do Estado e detida na quarta-feira. Investigações do Ministério Público Estadual apontam que o grupo tomava até terrenos e sacas de café dos produtores, após ameaçá-los. O bando também é acusado de pistolagem e agiotagem.

A organização criminosa estaria agindo havia cerca de 20 anos. De acordo com o Ministério Público, integravam o bando o tenente-coronel da PM Weliton Virgílio Pereira - comandante do 14º Batalhão, em Ibatiba -, mais sete militares, um ex-PM e empresário Eduardo Gomes de Matos, do ramo do café. Todos estão presos, e novas prisões não estão descartadas.

O MP constatou dezenas de telefonemas entre os suspeitos. Só entre o cabo Mello e o tenente-coronel Weliton, foram 154 ligações para o mesmo celular.

Modo de agir

O procurador-geral de Justiça, Fernando Zardini, afirmou que detalhes das ações do bando ainda estão sob investigação. Fontes ligadas à polícia informaram que os agricultores entregavam sacas de café para serem guardadas nos armazéns de Matos e recebiam vales. Mas os criminosos tomavam o comprovante. Muitos produtores ficavam com uma suposta dívida e tinham que entregar até terrenos e lotes.

Ação

Da ação de quarta-feira, feita em Alegre, Ibatiba, Iúna e Irupi, participaram 120 policiais civis, 80 militares e 30 rodoviários federais. Foram apreendidos muitos documentos.

Os militares e o ex-policial foram detidos nessa ocasião; e o empresário, no último dia 23, quando foram apreendidas 15 armas - algumas de uso restrito.

"Após as prisões, cinco pessoas procuraram o MP para relatar que foram vítimas de extorsão por parte da organização", frisou Zardini. Ele comentou que, no início das apurações, um delegado e uma promotora de Justiça de Iúna chegaram a ser ameaçados.

Milícia

Policiais definiram os integrantes da quadrilha como milicianos. Mas o secretário de Segurança Pública, Henrique Herkenhoff, nega a existência de milícias no Estado. "Não encontramos aqui nada parecido com o que se instalou no Rio de Janeiro. A secretaria combate situações que podem desdobrar para isso", explicou.

Operação recebe nome bíblico

A operação feita no Sul do Estado foi chamada de "Magogue". "O nome é uma referência ao Apocalipse e trata de uma perseguição ao Reino de Deus promovida por parte do dragão simbólico, o Satanás", afirmou o MP.

Cheque de prefeitura estava com suspeito

Em meio aos documentos apreendidos durante a prisão do empresário Eduardo Gomes de Matos, no último dia 23, em Iúna, a polícia encontrou um cheque emitido pela prefeitura da cidade no valor de R$ 370 mil.

O Ministério Público afirmou que o valor seria relativo à venda de um terreno do empresário, comprado pela prefeitura. Segundo o MP, há indícios de que foi uma venda fraudulenta, uma vez que houve dispensa de licitação.

O prefeito de Iúna, José Ramos, explicou que não houve licitação porque o lote adquirido foi um dos dois imóveis aprovados pelos engenheiros do Ministério de Ciência e Tecnologia para construção de uma escola profissionalizante.

"Diversas áreas foram visitadas; e só duas, aprovadas. O dono do outro terreno não manifestou desejo em vender o bem. Dessa forma, restou o lote comprado", explicou Ramos.

A dispensa da licitação foi publicada no Diário Oficial da União, e a documentação foi encaminhada à Câmara Municipal para aprovação. O material envolvendo a compra do terreno foi entregue ao Ministério Público.

A Prefeitura de Alegre, também alvo da investigação, confirmou que a polícia esteve no prédio municipal em busca de documentos sobre empresas contratadas na área de vigilância. O MP apura, ainda, fraude na prestação de serviços e de licitações.

Ana Paula Mill - Jornal A Gazeta - Fotos A Notícia do Caparaó
 

O Portal Caparaó não se responsabiliza por qualquer comentário expresso no site ou através de qualquer outro meio, produzido através de redes sociais ou mensagens. O Portal Caparaó se reserva o direito de eliminar os comentários que considere inadequados ou ofensivos, provenientes de fontes distintas. As opiniões são de responsabilidade de seus autores.