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Mortes por febre amarela na região acendem alerta na saúde

10/01/2017 - Atualizado em 10/01/2017 18h55

CARATINGA (MG) - Secretaria de Saúde de Minas Gerais informou nesta segunda-feira (9/01) que investiga 14 mortes por suspeita de febre amarela em cidades do interior do estado. Ainda de acordo com a secretaria, 23 casos suspeitos da doença foram notificados.

A secretaria divulgou também que entre os 23 casos investigados, 16 são considerados prováveis, pois os pacientes apresentaram critério de caso suspeito, segundo o Guia de Vigilância em Saúde e com exame laboratorial preliminar positivo, realizado pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). A confirmação ainda depende de investigação. Segundo a secretaria, todos pacientes são homens, aposentados ou agricultores, e moram em área rural.

As cidades com mais casos prováveis, entre esses 16, são Imbé de Minas, com 3; e Caratinga, Ubaporanga e Ipanema com 2. Ainda foram registrados casos prováveis nas cidades de Inhapim, Piedade de Caratinga e São Domingo das Dores, Itambacuri, todas no vale do Rio Doce; e Frei Gaspar, Ladainha e Poté, no Vale do Mucuri.

Em Entre Folhas e São Sebastião do Maranhão, ambas no Vale do Rio Doce, não foram registrados casos prováveis, mas houve registro de casos de mortes em macacos e animais doentes.

Em Caratinga, São Domingos das Dores, Ipanema e Ladainha também houve registro de macacos mortos ou doentes.

A secretaria afirmou ainda que a transmissão na área rural está relacionada ao mosquito  Haemagogus. A febre amarela também é transmitida pelo Aedes aegypti, mas somente em ambiente urbano. Não há casos investigados em áreas urbanas.

As notificações começaram na última quinta-feira (5). A secretaria alertou para atualização de vacinas para quem for viajar para estas cidades. Disse ainda que as vacinas estão disponíveis e um reforço no estoque já foi solicitado ao Ministério da Saúde.

O último caso de febre amarela rural foi registrado em Minas em 2009. Já a urbana não é registrada desde 1942 no Brasil, segundo o órgão.

O Ministério da Saúde informou que notificou a Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre as ocorrências de casos suspeitos de febre amarela em Minas. Disse também que acompanha as investigações e que disponibilizou técnicos para ajudar na apuração dos casos e nas medidas de controle, como vacinação.

AÇÕES ADOTADAS

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, entre as ações que serão intensificadas estão:

- Realização de ações educativas de mobilização social para eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti em municípios infestados, visando evitar a reurbanização da febre amarela no Brasil;

- Apoiar os municípios na investigação dos casos e nas ações de mobilização, controle e vacinação;

- Ampliar a oferta de vacina aos viajantes não vacinados que se destinem à Área Com Recomendação de Vacina no Brasil (ACRV) ou para países com risco de transmissão, pelo menos 10 dias antes da viagem;

- Intensificar a vacinação em municípios que são área com recomendação de vacina no estado, elevando assim as coberturas vacinais (CV), com priorização das populações de áreas rurais e silvestres, principalmente para aqueles indivíduos com maior risco de exposição (população de área rural, silvestre, pessoas que fazem turismo “ecológico” ou “rural”, agricultores, extrativistas e outros que adentram áreas de mata ou silvestres);

- Manter a população e profissionais de saúde informados sobre a doença e a importância da notificação de epizootias em primatas não humanos (PNH’s) como evento preditor do risco de Febra Amarela em humanos;

- Notificar e investigar oportunamente (até 24h) todos os casos humanos suspeitos, incluindo aqueles de doenças febris ictéricas e/ou hemorrágicas, óbitos por causa desconhecida e as epizootias de PNH’s;

Febre amarela

É uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por mosquitos, tanto em áreas urbanas e silvestres. Nas áreas urbanas essa transmissão se dá por meio do mosquito Aedes aegypti, mesmo transmissor da dengue, chikungunya e zika. Em áreas florestais, os principais vetores são os mosquitos Haemagogus e Sabethes.

A transmissão acontece quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela ou tomado a vacina contra a doença é picada por um mosquito infectado. Ao contrair a doença, a pessoa pode se tornar fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. Além do homem, a infecção também pode acometer macacos, que podem desenvolver a febre amarela silvestre e ter quantidade suficiente de vírus para infectar mosquitos e assim, infectar o homem.

As primeiras manifestações da doença são febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso. A maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização permanente contra a doença.

PREVENÇÃO

Segundo a diretora de Vigilância Epidemiológica, Janaína Fonseca, em ambas as formas da doença, silvestre ou urbana, a principal forma de prevenção é por meio da vacinação. “A vacina é recomendada a todas as pessoas, principalmente para aqueles que moram ou vão viajar para áreas com indícios de febre amarela. Está disponível, de forma gratuita, em todas as unidades de saúde e deve ser administrada pelo menos 10 dias antes do deslocamento para áreas de risco. Ela é válida por 10 anos. As pessoas que não estiverem com doses em dia, precisam atualizar o cartão de vacina”, disse.

A vacina contra a febre amarela é ofertada no Calendário Nacional do SUS. O Estado conta atualmente com 300 mil doses em estoque e, também, já foi feito uma solicitação de reforço ao Ministério da Saúde de 150 mil doses da vacina para atender às ações de contingência e bloqueio nas regionais que solicitarem. As vacinas são fornecidas mensalmente pelo Ministério da Saúde e o país tem estoque suficiente para atender toda a população nas situações recomendadas.

Como a transmissão urbana da febre amarela só é possível por meio da picada de mosquitos, a prevenção da doença também se dá por meio da eliminação dos criadouros dos mosquitos. As medidas são: verificar se a caixa d’água está bem fechada, não acumular vasilhames no quintal, verificar se as calhas não estão entupidas, eliminar qualquer recipiente como pratos de vasos, latas e pneus contendo água limpa. Esses ambientes são ideais para que a fêmea do mosquito ponha seus ovos. Portanto, deve-se evitar o acúmulo de água parada em recipientes destampados.

Para eliminar o mosquito adulto, em caso de epidemia de dengue, chikungunya, zika ou febre amarela, deve-se fazer a aplicação de inseticida através do "fumacê”, além de outras medidas preventivas, como o uso de repelente de insetos, mosquiteiros e roupas que cubram todo o corpo. Os meses de dezembro a maio são o período de maior número de casos com transmissão considerada possível em grande parte do país.

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