Portal Caparaó - Ameaça de envenenamento de crianças ligada ao Baleia Azul causa pânico entre pais
Segurança

Ameaça de envenenamento de crianças ligada ao Baleia Azul causa pânico entre pais

21/04/2017

REDAÇÃO - Mensagens com ameaças de envenenamento de alunos em diversas cidades do país está sendo divulgada em grupos de WhatsApp e causando preocupação entre pais. O texto diz que o crime seria uma das tarefas associadas ao "Jogo da Baleia Azul", que ficou conhecido como sequência de 50 desafios que envolvem isolamento social, automutilação e incentivo ao suicídio de adolescentes e jovens.

Cometer crimes contra terceiros não é uma tarefa que consta, ao menos, na lista aberta e conhecida dos 50 desafios atribuídos ao Baleia Azul.

Em Ipanema, a Polícia Militar disse que se tratava de um boato a mensagem que citava escolas da cidade. No mesmo caso, um jovem apontado como suposto autor negou qualquer ameaça e disse que seu nome passou a ser associado ao texto após ter feito uma brincadeira no Facebook dizendo que estava jogando o Baleia Azul. A mesma mensagem é atribuída a um jovem em Raul Soares, além de outras cidades da região.

O que se sabe sobre a ameaça e sobre o Baleia Azul

O alerta de que balas envenenadas serão distribuídas para crianças começou a circular nesta semana em grupos do WhatsApp.

A mensagem em texto é "assinada" por autor que diz estar participando do jogo. Ele anuncia o nome de escolas onde supostamente pretende cometer o crime e se desculpa antecipadamente pelo que pretende fazer.

Os supostos autores dessas mensagens dizem que cumprem a 10ª tarefa do jogo Baleia Azul. Na lista original do jogo, a 10ª tarefa trata de outro tema sem qualquer relação com ameaça a terceiros.

Cometer crimes contra outras pessoas não é uma tarefa que consta, ao menos, na lista aberta e conhecida dos 50 desafios atribuídos ao Baleia Azul.

Apesar disso, há versões da lista que incluem ao menos duas tarefas cujo conteúdo é apontado como "secreto".

Uma das primeiras cidades a ser apontada como alvo da ameaça foi Ipanema (MG). A PM diz que se trata de um boato e as escolas citadas afirmaram ter conversado com alunos e redobrado a segurança. Além de Ipanema, o mesmo texto, editado, constou como Raul Soares (MG).

O aproveitamento do Baleia Azul por oportunistas e sua ligação com notícias falsas é apontada por especialistas desde sua origem, em 2015, na Rússia. A Safernet, associação que monitora violação de direitos humanos na internet, diz que o Baleia Azul começou após notícia falsa em rede estatal russa sobre suicídio de jovens.

Desde 2015, não há relatos de crimes contra terceiros que teriam partido de participantes do jogo.

Com caracterísitcas de "viral", a mensagem com a ameaça reproduz sempre um texto padrão: nele são trocados apenas cidade, escolas alvo e autor.

Especialistas e educadores indicam que a melhor prevenção é a conversa aberta em família sobre o Baleia Azul e todos os seus eventuais desdobramentos.

 

Entenda o Baleia Azul

O que atualmente está sendo conhecido como "jogo" na verdade é uma sequência de troca de mensagens em redes sociais e tarefas a serem cumpridas. Nas conversas, um grupo de organizadores, chamados "curadores", propõe 50 desafios macabros aos adolescentes, como fazer fotos assistindo a filmes de terror, automutilar-se desenhando baleias com instrumentos afiados em partes do corpo e ficar doente.

Segundo o presidente da Safernet, Thiago Tavares, o jogo foi um “fake news” (notícia falsa) divulgada por um veículo de comunicação estatal da Rússia que se espalhou a partir de 2015. “Era um ‘fake news’, mas existe um efeito que, sendo verdadeira ou não, a notícia gera um contágio, principalmente entre os jovens. O jogo não existia, mas com a grande repercussão da notícia, pode ter passado a existir.”

Tavares lembra que o "efeito contágio" tem suas consequências reais, e não virtuais. “O efeito contágio é um fenômeno muito anterior à internet, e particularmente comum entre adolescentes e jovens.”

O Portal Caparaó não se responsabiliza por qualquer comentário expresso no site ou através de qualquer outro meio, produzido através de redes sociais ou mensagens. O Portal Caparaó se reserva o direito de eliminar os comentários que considere inadequados ou ofensivos, provenientes de fontes distintas. As opiniões são de responsabilidade de seus autores.