Portal Caparaó - Cafeicultura ajuda economia de Manhuaçu a se manter mesmo na crise
Economia

Cafeicultura ajuda economia de Manhuaçu a se manter mesmo na crise

11/09/2017 - Atualizado em 12/09/2017 09h57

REDAÇÃO - Em reportagem neste domingo, o jornal O Tempo, destaca que trabalhadores migram da capital para o interior em busca de emprego. Os dados ainda apontam que cidades com perfil ligado ao agronegócio se destacam na geração de oportunidades. Manhuaçu figura como a 13ª que mais contratou neste ano.

De acordo com a reportagem de Queila Ariadne, esse fluxo migratório, de ir aonde a vaga está, pode ser comprovado pelos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad Contínua), a taxa de desocupação na região metropolitana de Belo Horizonte chegou a 16,2% no segundo trimestre de 2017. Quando o indicador considera toda Minas Gerais, incluindo as cidades do interior, o índice cai para 12,2%. De 2012 até agora, enquanto o desemprego cresceu 71,8% no Estado, na capital ele mais do que dobrou: aumentou 116%.

O texto também mostra que o agronegócio multiplica vagas. Outros setores da economia pegam carona no bom desempenho da atividade no Estado.

A reportagem cita o forte da economia de cidades cafeeiras mineiras, como Varginha, no sul de Minas. O grão é apontando como mantenedor da economia aquecida. O mesmo fator se aplica a outras seis cidades.

Manhuaçu é a 13ª numa lista das 15 cidades mineiras com maior saldo de contratações neste ano, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Entre esses municípios, sete têm a economia ligada ao café, enquanto 11 giram em torno do agronegócio, como um todo.

O pesquisador da Fundação João Pinheiro (FJP) Glauber Silveira explica que, se a agropecuária vai bem, os setores de comércio e serviços acabam pegando carona. “O forte de Minas Gerais é a agropecuária. Por isso, é comum vermos mais oportunidades de emprego no campo. Entretanto, devemos lembrar que, muitas vezes, são vagas sazonais, ligadas à colheita, que exigem menos qualificação. Isso contribui para as taxas de desocupação serem menores no interior”, justifica Silveira, que também é professor de economia do Ibmec.

O último cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas, feito pela FJP, referente ao primeiro trimestre de 2017, mostra queda de 0,1% ante igual período do ano passado. Mas, o desempenho só não foi pior porque a agropecuária registrou alta de 12,8%, enquanto indústria cresceu 0,4% e serviços recuaram 0,5%.

Mesmo assim, é difícil encontrar empregos em Manhuaçu e cidades da região, mas o que a reportagem mostra é que o cenário é ainda pior em cidades que não têm o agronegócio como sua base.

EXEMPLOS

A relações públicas Vanessa Beatriz de Paula, 34, não pensou duas vezes quando apareceu uma proposta no Sul de Minas. Ela estava desempregada havia apenas um mês, após a empresa na capital onde trabalhava fechar. Mas confessa que, com medo de não receber nenhuma outra proposta, aceitou se mudar. “Eu até tinha outras entrevistas em vista, para trabalhos em Belo Horizonte. Mas recebi uma boa proposta e resolvi arriscar, pois estava com medo de não encontrar mais nada”, conta.

Vanessa não se arrepende. Ela encara a mudança como um desafio e, apesar da distância da família e dos amigos, listam vários pontos positivos de deixar a cidade grande. “O custo de vida é bem mais baixo”, reforça Vanessa.

Wilson Nei da Silva, 55, está preparando sua mudança para Uberlândia, no Triângulo Mineiro, após o escritório aonde ele trabalhava fechar, há dois meses. Sem oportunidades, ele está no grupo daqueles dispostos a irem onde a vaga estiver. Não tem nada acertado ainda, mas ele está confiante. “Minha filha se mudou para lá porque o marido foi transferido. Ela também já conseguiu um emprego. Minha família me incentivou, e eu estou encarando isso como um recomeço”, afirma.

Ele lamenta a situação de Belo Horizonte, que está obrigando muita gente a deixar a cidade. “Tenho um amigo muito experiente, que está desempregado há quase um ano. Muito desanimador. Ele me disse que vai mandar currículos para Divinópolis”, conta.

Além de um horizonte mais promissor, Wilson destaca outros ganhos que estão por vir com a ida para o interior. “A qualidade de vida é muito melhor. Para você ter uma ideia, aqui a gente gasta, em média, R$ 60 com sacolão. Lá, o custo é de R$ 30. O aluguel é bem mais barato, e o sistema de saúde pública é melhor”, ressalta.

Carlos Henrique Cruz - com as informações do Jornal O Tempo

 

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