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A força da mulher do campo: a história de Dona Lúcia, de Simonésia

08/03/2018 - Atualizado em 09/03/2018 11h50

SIMONÉSIA (MG) - “A palavra luta está no cotidiano nosso, no dia a dia. Se a gente para, as coisas não avançam. É a luta pela política, para que as entidades sejam mais participativas, para que a terra seja documentada, nossos direitos sejam reconhecidos. Então é uma luta diária a nossa vida. Acho que enquanto a gente viver a luta continua. Não me vejo quieta dentro de uma casa, sem ir em busca de algo”. É com este depoimento forte que o Portal Caparaó apresenta a Maria Lúcia Cristo, 55 anos.

Moradora de Simonésia, dona Lúcia é uma das mulheres do campo que terão sua biografia publicada pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda) em parceria com a Fundação João Pinheiro.

Ela é a primeira mulher presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Simonésia, que existe há 30 anos. “Comecei a ocupar vaga na diretoria, como suplente, em 2004. Em 2007, o colega saiu e eu assumi. Na época, muitas mulheres não tinham nenhum documento na região. Então nos empenhamos nisso. Fizemos um mutirão de documentação para a mulher trabalhadora na região, em 11 municípios”, diz. “Começamos, a partir daí, a fazer com que as mulheres entendessem que a identidade de trabalhadora rural é tão importante quanto qualquer outra”, completa.

Quando entrou no sindicato, o número de associadas não correspondia a 10% do total. Hoje, dona Lúcia conta, orgulhosa, que elas são maioria: mais da metade. “Além de associarem, elas têm que ir para os espaços de poder, de decisão. Nas assembleias temos voz e voto igual aos homens. Em muitos sindicatos a mulher tem que fazer outra atividade para ter renda e participar. Aqui em Simonésia fizemos o inverso: o sindicato oferece garantias para as mulheres participarem”, afirma.

A bandeira da luta pela igualdade de gêneros é carro-chefe na vida da agricultora. “Para que a vida das mulheres tenha uma mudança, elas têm que ter as mesmas condições de participação e decisão que os homens. Esse é um desafio que precisa ser vencido. Temos que buscar umas às outras, outros não vão fazer essa tarefa por nós, de buscar essa luta pela igualdade de condição", defende.

Para dona Lúcia, no campo esse desafio é maior ainda. "Porque aqui na roça, a maioria, quem determina o que fazer com a renda ainda é o homem. Ele que vai lá e vende o café. Muitas mulheres não sabem quanto café colhe, por quanto vendeu. E elas ficam numa dependência que ainda oprime muito a vida das mulheres. Nós precisamos, cada vez mais, unidas, achar meios para que as mulheres tenham igualdade de condições, seja no campo ou na cidade”, finaliza.

Com Agência Minas

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