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Segurança

Polícia Civil prende acusados de formar uma quadrilha de estelionatários

04/02/2007 - Atualizado em 08/02/2007 06h03

 

O ditado popular de que um dia a casa cai pode ser muito bem aplicado à operação desencadeada pela Polícia Civil em Manhuaçu, na última quinta-feira. Com mandados de busca e apreensão, policiais acreditam ter tirado de circulação uma quadrilha de estelionatários organizada e especializada em aplicar golpes do comércio de Manhuaçu.   Wilson Alves Gomes, o Wilsinho Copo Sujo; Jéferson Ferreira Paes, o Tatu; Cláudio Antônio Alves e Eduardo Ribeiro Anastácio foram presos com uma série de documentos falsos, chips de telefone celular, dinheiro, notas e documentos em nomes de outras pessoas com o endereço deles, além de telefones celulares de última geração e equipamentos eletrônicos. O grupo e alguns laranjas são acusados de aplicar golpes em diversos setores do comércio de Manhuaçu e cidades vizinhas.  

De acordo com os agentes da Delegacia Regional de Polícia Civil, a polícia já trabalhava no monitoramento da quadrilha há bastante tempo. Os elementos já atuavam há algum tempo, e após a expedição do mandado de prisão temporária emitido pela Justiça de Manhuaçu, foi possível efetuar a prisão dos mesmos.

“Eles estavam descaradamente aplicando golpes no comércio e em financeiras. Atuavam no centro da cidade e ali mesmo permaneciam durante todo o dia pelas ruas à procura de documentos furtados para falsificar e de pessoas para serem aliciadas a se passarem pelos donos dos documentos. O pior é que faziam isso à vista de toda a sociedade”, conta o Inspetor Linhares, que completa: “Pensavam que a polícia passava e não sabia de nada. Agora viram que estavam enganados. Nós levantamos tudo para agir e tirar esse grupo de circulação”.

Segundo a polícia civil, a quantia em dinheiro localizada e a falta de ocupação já demonstram que algo errado estava acontecendo. Nenhum dos envolvidos possui emprego lícito ou alguma remuneração, mesmo que informalmente, por desempenho de profissão. “Tratam-se de pessoas com um perfil de bom papo e utilizavam dessa conversa para ludibriar os outros”, afirmou. Com Tatu, os policiais apreenderam 570 reais e com Wilsinho havia outros 3.655,00 reais em dinheiro.

UM POR UM

A prisão dos envolvidos no esquema foi acontecendo uma a uma. Quando cumpriam o mandado de prisão temporária e de busca e apreensão em desfavor de Cláudio Antônio Alves, ele acabou contado todo o esquema.

Cláudio e Noé de Souza adquiriram os documentos pessoais de uma pessoa, através de um menor infrator conhecido da polícia por envolvimento em vários furtos em Manhuaçu.

Segundo Cláudio, ele pegou a foto de Eduardo Ribeiro Anastácio e montou sobre a foto da identidade que compraram do menor. Com o documento falso, Eduardo comprou uma TV de 21 polegadas na Itamáquinas do Coqueiro e um celular Motorola V3 Black na Ricardo Eletro, no centro.

Cláudio ainda contou o envolvimento de Wilson. Os dois pegaram o cartão de crédito da vítima e passaram em postos de combustíveis de Manhuaçu e de Caratinga, onde abasteceram o Santana Quantum de Wilsinho. Em vários momentos, conseguiam valores acima do abastecido e dividiam o dinheiro.

Caso o verdadeiro dono bloqueasse o cartão, Cláudio ligava para a administradora e solicitava um novo e até mesmo um adicional. Como ele tinha os documentos, os cartões chegavam na casa dele.

CRÉDITO FÁCIL

A operação recebeu o nome de Crédito Fácil principalmente por conta do esquema revelado por Cláudio para que fizessem as compras. Uma pessoa, de nome Sidnei, é apontado como o mentor da quadrilha.

Ele contou que os documentos de terceiros encontrados na casa dele eram usados no esquema. “Cláudio, Noé e Sidnei providenciavam os documentos e Cláudio fazia a falsificação, além de conseguir os laranjas para comprarem nas lojas”, conta o policial Reinaldo de Mello.

Para aprovar o crédito, encaminhavam os documentos via fax e depois conseguiam com um escritório de contabilidade no centro comprovantes de renda falsos. A quadrilha utilizava várias linhas telefônicas instaladas na casa de Noé de Souza, que fica embaixo da casa de Tatu, para confirmar as referências. “O Noé ficava na casa e atendia os telefones e confirmava para as lojas as informações prestadas pelos golpistas. Ele usava nomes diferentes em cada linha”, afirma.

TRAÍDO PELO CELULAR

O que a polícia mais aprendeu, entre outras coisas, foram chips de telefone e aparelhos de celular. Acabo que Wilson foi traído pelo celular. Enquanto os policiais ouviam Cláudio, Wilson mandou mensagens para o telefone de Cláudio. Em uma delas, avisou que a polícia estava prendendo todo mundo aqui em Manhuaçu e que ele iria viajar para fugir.

Já o envolvimento de Tatu, segundo a Polícia Civil, foi apontado a partir de uma correspondência. Quando os policiais cumpriam o mandado de busca e apreensão na casa dele, na Petrina, encontraram uma cobrança da Embratel com o endereço de Jeferson, mas no nome de Eduardo Ribeiro Anastácio, o laranja da primeira história.

Eduardo alegou que entrou na prática do estelionato convencido por Tatu. “Ele o convenceu a tirar vários aparelhos de telefone celular de alto valor em seu próprio nome, sabendo que não iriam ser efetuados pagamentos, mas prometendo-lhe em troca um dos telefones. Ao ver que seu nome estava sujo, Eduardo passou a utilizar os documentos de outras pessoas, montados com a foto dele, para aplicar outros golpes.

Para a Polícia Civil, Jéferson atua aplicando golpes na cidade em lojas de aparelhos e de operadoras de telefonia celular, adquirindo telefones com documentos e, em algumas vezes, permissões dos laranjas, em troca de pequenas quantias em dinheiro.

Na casa dele, a equipe aprendeu dois celulares novos de última geração e uma filmadora digital Tekpix lacrada na caixa.

A polícia civil encontrou nas casas documentos em nome de várias pessoas. São contas de telefone, fichas de pagamentos, carnês e fotos. Os nomes utilizados e documentos falsificados são de várias pessoas que tiveram seus documentos furtados em Manhuaçu.

“Várias lojas foram vítimas do golpe e abriram crédito com a falsa documentação. A quadrilha adquiriu eletro-eletrônicos, financiamento, celulares e muitos outros objetos”, afirmaram os agentes.

“É muito importante que os lojistas estejam atentos aos golpes, principalmente considerando a evolução e sofisticação dos estelionatários”, alerta o inspetor.

Carlos Henrique Cruz - 04/02/07 - 08:45 

 

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