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Dono de terrenos reclama de torres de transmissão de energia

29/09/2015 - Atualizado em 30/09/2015 07h59

MANHUAÇU (MG) - O agricultor Marcos Pinheiro afirma que vem sofrendo pressão de uma empresa energia elétrica por conta de um projeto de expansão que quer colocar mais torres de transmissão em seu terreno, no bairro Bom Pastor, em Manhuaçu.

Por motivo de servidão administrativa, em consequência da instalação de torres e cabos de energia no local, a área do terreno fica inviabilizada para loteamento e outros projetos de exploração econômica, em plena área nobre da cidade.

Neto de Teócrito Pinheiro, Marcos Pinheiro conta que seu avô foi um visionário que se mudou para Manhuaçu há 115 anos. “Ele chegou na cidade em 1910 e investiu em terras. Da ponte da Casa Leitão até a saída para Ipanema, tudo era do meu avô. Ele foi o responsável por criar a primeira cooperativa de café, o traçado da avenida Melo Viana e até pelo início da exportação de café em Manhuaçu. Foi um visionário”, detalha.

Marcos Pinheiro explica que sua família nunca mediu esforços para o desenvolvimento da cidade. Teócrito Pinheiro doou áreas que hoje estão as escolas Cordovil Pinto Coelho e Polivalente, parte da área da matriz do Bom Pastor e o espaço do SESI Cat Nagib Mansur e da cooperativa de caminhoneiros.

TORRES DE ENERGIA

A família detém 270 mil metros quadrados de área em Manhuaçu, sendo que 170 mil metros quadrados são formados por matas remanescentes. Do restante, 50 mil metros quadrados já são ocupados por torres e cabos de alta tensão das distribuidoras de energia.

“A minha indignação é com a situação de pressão e atitudes arbitrárias que eu e minha família estamos passando. Querem nos fazer aceitar a colocação de mais duas torres e comprometerem o restante da propriedade. Eles vão impedir que eu use a minha própria terra para as minhas atividades laborativas”, indigna-se.

Marcos Pinheiro ressalta que há oito anos foi desapropriada uma área de cinco mil metros quadrados pela CEMIG e que foram depositados apenas mil reais como pagamento. “A quantia irrisória e insignificante que não é suficiente para compensar as terras por eles ocupadas e que não posso fazer mais nada. Além dos prejuízos materiais, morais e emocionais que passei por isso”, detalha.

O proprietário alega que agora está sendo procurado por outra empresa concessionária de energia tentando implantar duas torres novas e mudar duas de lugar, acabando até com a estrada que utiliza todos os dias para chegar ao restante da propriedade.

“Não estou fazendo um discurso de desabafo. Eu quero é mostrar para a sociedade o que estão me forçando. Querem que eu entregue áreas nobres para que possam fazer seus projetos. Eu reclamo para buscar uma solução de verdade para isso e que seja justa”, afirma.

PASSIVO AMBIENTAL

O ambientalista Eduardo Bazém conhece bem a novela que envolve as torres de transmissão na região do Bom Pastor. Ele argumenta que é preciso uma contrapartida das empresas para Manhuaçu. “Não há como negar o imenso passivo ambiental e social das empresas concessionárias de energia elétrica no Brasil e, no caso de Manhuaçu, Cataguazes Leopoldina, Brascan e Brookfield (estas multinacionais) e Energisa, empresas que exploram há décadas o rio Manhuaçu e deveriam promover maiores benefícios na comunidade, porque diante do lucro que eles auferem, o retorno é minúsculo. Penso que devemos cobrar mais deles”.

Para ele, a luta de Marcos Pinheiro tem que ecoar para outros segmentos em defesa do meio ambiente e por justiça com relação às áreas que vai perder com as novas torres.

Jailton Pereira - jailton@portalcaparao.com.br

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