Em entrevista exclusiva ao programa Show da Manhã da Rádio Manhuaçu, o advogado Reinaldo Magalhães afirmou que Rogério Gonçalves não se matou. Ele acusa um esquema de "laranjas" envolvendo o comércio de café em Manhuaçu e Manhumirim como os verdadeiros interessados na morte do corretor. Magalhães ainda afirma que a morte do advogado Bernardo Mendonça Tebet está ligada ao crime.
O comerciante de café Rogério Gonçalves, 48 anos, foi encontrado por policiais, dentro da S10 Advantage, no córrego do Lessa, parado no acostamento da MG-108 (trecho Manhumirim-Martins Soares). O crime ocorreu no dia 24 de maio.
O comerciante morava na região do bairro Coqueiro e, segundo a polícia, foi encontrado num quadro de suicídio. Reinaldo Magalhães é taxativo: “Ele foi induzido à morte. Para usar um termo novo, Rogério foi ´suicidado´”.
O advogado da família argumenta que uma série de falhas aponta para a trama que tirou a vida de Rogério. “Quando ocorre um caso desses a policia tem que ser diligente e rápida. Nesse caso, em específico, alguma coisa conspirou a favor daqueles que tramaram a morte do Rogério. O crime foi no dia 24 de maio e o inquérito policial foi instaurado no dia 5 de julho. Eles tiveram tempo mais do que suficiente para esconder provas”.
Reinaldo explica que o delegado titular de Manhumirim sofreu um acidente e estava licenciado à época dos fatos. “A cidade ficou sem delegado. É inacreditável, uma cidade do porte de Manhumirim sem delegado”.
Para Reinaldo, faltou um pouco de curiosidade para ver que a história estava estranha demais. “O Boletim de Ocorrência e a Certidão de Óbito constataram que foi suicídio. Isso tudo foi feito na hora sem que a perícia tivesse concluído. Essa pressa de encerrar o fato foi muito prejudicial”.
Segundo o advogado, o laudo da polícia técnica diz que quando a pessoa é baleada no ouvido direito, num compartimento fechado (como a cabine do carro), a tendência é que ela caia para o lado esquerdo, por causa do impacto do tiro calibre 38. “No caso do Rogério ele caiu para cima do volante. Parece que ele deitou suavemente sobre o volante, como se ele tivesse sido colocado naquela posição”.
DÍVIDAS
Durante a entrevista, ele descartou a possibilidade de que Rogério estava endividado e por isso se matou. “Em Manhuaçu, se dívida fosse motivo para suicídio, teríamos um enterro por dia nessa cidade”.
Magalhães conta que o empresário tinha em estoque 5.500 sacas de café e havia em sua conta bancária no Credicaf de Martins Soares cerca de 300 mil, além de mais 130 mil para receber de uma empresa de Manhuaçu que ele vendeu café. No dia em que morreu entregou 600 sacas de café na cidade.
“Ele trabalhou o dia todo. Levantamos todos os contatos dele de 7 às 16 horas do dia do crime. Ele agiu normalmente, com movimentação bancaria e tudo. O funcionário em Martins Soares recebeu ordem de pagamento no Credicaf a partir de 14 hs. Depois, o Rogério determinou que ele fizesse uma alteração. Às 15:30, o funcionário recebeu outra ordem para transferir 100 mil para uma pessoa em Divino”, contou.
Nos documentos, alegam que ele tinha uma divida de mais de dois milhões, mas para o advogado não havia motivo, já que ele tinha dinheiro e estava no início da safra. “Ele estava sendo pressionado porque sabia de alguma coisa e queriam o silêncio dele”.
O relatório de 23 paginas com documentos que apontam desvio de dinheiro, venda irregular de café sem nota e assalto à conta bancária de Rogério, além do crime de homicídio foi encaminhado pelo advogado para a Polícia Federal.
MORTE DE ADVOGADO SERIA LIGADA AO ASSASSINATO DE ROGÉRIO
"LARANJAS" SE BENEFICIARAM COM A MORTE DO COMERCIANTE
Carlos Henrique Cruz - 14/12/07 - 16:16 - portalcaparao@gmail.com