Pernas flexionadas, braços levemente abertos, coragem e... pronto! Você já conhece as exigências básicas para se equilibrar no dirtsurfer, uma mistura maluca de skate, bicicleta e, dependendo do terreno, vela de windsurfe.
Com esse mix de equipamentos e um nome tão sugestivo (dirt, ou sujo, em inglês, e surfe) você já pode prever o que vem pela frente: muitas manobras radicais. O que talvez não imagine é que elas podem ser feitas na terra, no asfalto, na lama ou na areia da praia. Na região, um praticante descobriu um pista inusitada para o esporte: as lavouras de café.
Durante o percurso os pés ficam presos na prancha. A roda traseira do equipamento tem freio a disco, o que dá mais impulso aos movimentos.
A novidade ganhou adeptos no Brasil há mais ou menos um ano. Os corajosos estão concentrados em São Paulo, em Minas, na Bahia, em Santa Catarina e em Brasília. Na capital paulista é possível conferir algumas manobras no Parque do Ibirapuera, nos arredores do Museu do Ipiranga e também no Elevado Costa e Silva.
Gustavo Veríssimo, de 28 anos, representante do esporte no Brasil, garante que qualquer faixa etária pode aderir à onda. E, o melhor, qualquer lugar vira uma pista para a prática. “Não é necessário se deslocar para onde tenha neve ou mar para sair ‘surfando’. Com um dirtsurfer dá para deslizar, frear ou saltar em qualquer terreno.”
Além de “dropar” em qualquer lugar, os aventureiros podem escolher entre dois modelos do equipamento. Na versão downhill, o dirtrider (como é chamado o praticante) pega mais velocidade. No freestyle, o bacana é poder fazer manobras como o giro de 360 graus no ar.
DOWNHILL
Os malucos por piruetas radicais geralmente preferem o modelo downhill. O equipamento, com 10 quilos distribuídos entre o deck e as rodas de aro 20, é mais apropriado para uma rasgada no asfalto - movimento semelhante à freada brusca de uma moto - ou para a descida íngreme de um morro.
“Vou para a Ilha Porchat, em São Vicente, ou para o Morro do Maluf, no Guarujá. Lá, o terreno é perfeito para rasgadas”, diz Veríssimo. Locais cheios de lama são outra preferência do esportista. “Como o nome diz, o dirt é um esporte para quem não tem medo de se sujar. É para cair de cabeça na areia ou na lama”, diz.
Outro apaixonado pela modalidade é o mineiro Eurico Correa, de 27 anos, praticante há quase um ano. Ele prefere deslizar nas trilhas de Santa Rita de Minas (MG). “Quando não vou para as estradas, fico pelas plantações de café”, conta.
E até que ele é bem comportado - pelo menos se comparado ao brasiliense Sérgio Oliveira, de 28 anos, que costuma praticar o esporte nos arredores do Senado, em Brasília. À noite. Para evitar marcas e arranhões pelo corpo, o atleta recomenda providenciar joelheira, capacete e luvas. O equipamento de segurança vale principalmente para quem escolhe o asfalto como terreno. “Um tombo sem esses acessórios pode causar grandes estragos”, diz. Aline Nunes - Jornal Estado de São Paulo - Caderno de Turismo - 25/12/07