“Nós iniciamos esse movimento porque houve quatro reuniões, mas não chegamos a um entendimento. Foram duas reuniões no sindicato e duas na empresa, mas a proposta deles não atende ao que queremos para trabalhar com condições justas”, afirma.
A reivindicação dos motoristas e cobradores tem basicamente os mesmos itens: uniforme, convênio médico, cesta básica no valor de 70 reais e algumas garantias. “Os motoristas querem dois salários na carteira e os cobradores 480 reais na carteira, além de garantia de dois anos no emprego para motoristas e um ano para cobradores, porque estamos sendo pressionados com ameaças de perder o emprego”, afirma.
Outra reivindicação é que a troca de motoristas, na mudança de turno, continue sendo na sede da Viação Caparaó. A nova exigência é que façam a troca nos bairros. José Augusto explica que estão insatisfeitos com a carga horária: “A nossa jornada de trabalho aumento de seis para oito horas, mas os nossos salários não acompanharam isso”, afirmou.
SURPRESA DESAGRADÁVEL
Os usuários do transporte público se aglomeravam nos principais pontos da cidade na manhã desta quarta-feira. “Ninguém estava sabendo que iria haver isso. Os motoristas e cobradores agiram por um direito deles, mas ficamos prejudicados pela atitude. Deixaram as pessoas esperem sem saber o que estava acontecendo”, declarou Rosa, professora que se atrasou paro trabalho.
A resposta que se recebia da população quando questionava que atitude iria ser tomada era simples: “Você tem um carro pra levar a gente para o trabalho?”. “A gente não acha errado que os rodoviários parem. Só queremos que avisem quando for fazer isso”.
Os rodoviários afirmam que, se não forem ouvidos, podem voltar a paralisar os veículos. “Pedimos desculpas a população, mas tenho certeza que os usuários compreendem que a medida foi a última alternativa”, alertou Augusto.
ILEGAL
A Viação Caparaó conseguiu reduzir o impacto da paralisação com a convocação de oito funcionários de Viçosa. A medida emergencial conseguiu tirar os veículos das garagens e reestabelecer, precariamente, algumas linhas.
Segundo Ícaro Filho, a paralisação foi irregular. “Fomos surpreendidos com um aviso, às 5 horas, de que os motoristas e cobradores não iriam sair para trabalhar. Pela legislação, eles deveriam ter comunicado com 72 horas de antecedência. Outra questão essencial, eles não poderiam parar totalmente”, afirma.
Ele também argumentou que foi firmado um acordo coletivo e os profissionais aceitaram. Quanto a carga horária, Ícaro Filho diz que a legislação trabalhista prevê 7 horas e 20 minutos. “Estamos ajustando ao que a lei determina. Não estamos fazendo irregularidade alguma”, afirmou.
QUATRO DEMITIDOS
Nesta quinta-feira, José Augusto explicou que a paralisação foi encerrada por volta de 21 horas e que parte das reivindicações foi atendida, além uma promessa de atendimento de outros itens gradualmente.
“Conseguimos a aplicação do reajuste de 630 reais para os motoristas, uniforme e outras mudanças de postura. Ficamos com um entendimento para o futuro quanto a cestas básicas e outras medidas, mas já foi um avanço”, afirmou.
Ele voltou a pedir a compreensão dos usuários e lamentou que, após a paralisação a Viação Caparaó decidiu demitir quatro motoristas. A atitude foi vista como uma forma de pressionar os demais funcionários.
A paralisação também serviu para mostrar à população uma negociação que envolveu a empresa. A Caparaó, que presta serviços de transporte coletivo na cidade e localidades vizinhas, vendeu para empresários de Viçosa as linhas urbanas. Apesar da sociedade, o grupo liderado por Ícaro Mota ficou apenas com as rotas que atendem distritos e municípios vizinhos.
Carlos Henrique Cruz - 29/03/07 - 17:15