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Audiência da BR-262: Discussão mostrou avanços

29/01/2008 - Atualizado em 31/01/2008 18h42
“Quebra-molas, de jeito nenhum!” – A afirmação do Supervisor do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) Márcio Gusmão resume a audiência pública de Manhuaçu. Na reunião realizada na manhã desta terça feira pela Câmara Municipal, houve poucos avanços concretos. O representante da unidade de Rio Casca, responsável pela BR-262, adiantou que pode apenas intensificar a sinalização para advertir os motoristas, descartou a possibilidade de instalar quebra-molas e não soube responder sobre as lombadas eletrônicas desativadas há quase um ano. Depois que foi apresentada uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito, o supervisou recuou e admitiu que, em último caso, os quebra-molas podem ser instalados. A convocação da Câmara de Manhuaçu foi atendida plenamente. Lideranças comunitárias de bairros e vilas localizadas ao longo da BR-262 em Manhuaçu, Realeza e Santo Amaro de Minas, além de diretores de escolas e moradores compareceram em peso na expectativa de ouvir uma resposta aos pedidos de providências. Há quase um ano, as lombadas eletrônicas estão desativadas em Manhuaçu e nos dois distritos.

A reunião baseou-se em dados estatísticos do atendimento do Corpo de Bombeiros de Manhuaçu sobre atropelamentos no trecho da BR-262 que corta o perímetro urbano. Nos últimos 18 meses, 110 ocorrências foram registradas entre os km 34 e 40. 112 pessoas foram socorridas com ferimentos e dez morreram. Em 2006, foram duas mortes. No ano passado, com as lombadas eletrônicas desativadas e a falta de manutenção da rodovia, seis pessoas morreram. “Nos primeiros dias desse ano, já houve sete registros de atropelamentos com duas mortes e cinco feridos”, indicou o comandante dos Bombeiros na cidade Tenente Washington Goulart.

EMOÇÃO

Ao abrir a audiência pública, a presidente Maria Imaculada Dutra Dornelas clamou por providências. “A corrupção nesse país deixou nossas estradas abandonadas. Nesta segunda, fez seis meses que enterrei a minha filha por causa dessa mesma estrada. Tem quinze dias que vi mais uma criança ser morta pela 262 aqui em Manhuaçu. Nenhuma mãe deveria ter que passar por isso: sepultar um filho”. Com lágrimas nos olhos, ela pediu que o DNIT se sensibilize com as famílias que choram todos os dias por causa dessa estrada.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também confirmou o perigo no perímetro urbano de Manhuaçu e manifestou preocupação com o problema na cidade. O Inspetor Tadeu explicou que uma reunião vai definir ações de fiscalização para coibir o excesso de velocidade de alguns motoristas. A falta de pessoal e estrutura também é obstáculo.

POUCA SOLUÇÃO

A fala mais esperada foi a do supervisor do DNIT/Rio Casca. Márcio Gusmão iniciou suas declarações lembrando que assumiu a função há dois meses e reconheceu que o grande problema é que a rodovia foi “abraçada” pela cidade de Manhuaçu. “Quando construíram a BR-262, a cidade de Manhuaçu ficava abaixo da estrada. Hoje, a rodovia se transformou numa avenida com um trânsito de passagem conflitando com o movimento da cidade. O que resolve o problema de Manhuaçu é a construção do contorno rodoviário. O contrato já existe há dez anos, mas a obra depende de recursos e isso foge à minha alçada”, afirmou ao sugerir que as autoridades locais se empenhem junto ao Governo Federal através dos deputados que representam a região.

Gusmão descartou a possibilidade de instalar quebra-molas argumentando que são proibidos por lei. Sobre as lombadas eletrônicas, ele lembrou que estão todas desativadas no país por falta de um novo contrato de manutenção. “Eu sei que estão licitando, mas isso não é da minha competência”. O supervisor afirmou que poderá determinar a intensificação da sinalização advertindo motoristas e permitiu que a Câmara Municipal coloque faixas educativas ao longo da estrada.

QUEBRA-MOLAS

O Prefeito Sérgio Breder foi quem deu voz ao questionamento de grande parte do público que assistia a audiência: “Se não voltam as lombadas eletrônicas; se não tem como construir passarelas; se o contorno vai demorar; o jeito é voltar com os quebra-molas?”. A resposta foi imediata. Para o DNIT essa possibilidade não existe. O supervisor mostrou que tanto os quebra-molas como os semáforos são vistos como retenções ao tráfego na rodovia que não interessam ao órgão federal.

Mesmo assim, a fala do prefeito foi no sentido de que pelo menos com os quebra-molas, o problema não existia. “No meu primeiro mandato, chegamos a fechar a rodovia em Vilanova (BR-116) por causa de mortes por atropelamento. Desde que instalamos os quebra-molas lá, o problema acabou. Aqui em Manhuaçu, quando tínhamos os quebra-molas, também não havia tantos problemas. Se o DNIT não der solução, nós vamos pegar máquinas da prefeitura e fazer por nossa conta”, afirmou. A fala do prefeito encontrou apoio nos vereadores e foi aplaudida pelo público.

Gedival Breder e Nilson Dângelo voltaram a insistir que é preciso buscar apoio no Ministério Público para exigir providência e fechar a rodovia se as autoridades não mudarem o posicionamento quanto a cidade.

RESOLUÇÃO 39

O Cabo da Polícia Militar, Edigar de Carvalho, foi quem apresentou a principal solução da audiência pública. Apesar de o todo tempo, o supervisor do DNIT argumentar que não poderiam ser instalados quebra-molas "de jeito nenhum", o militar apresentou a resolução 39 do Conselho Nacional de Trânsito. “A implantação de ondulações transversais e sonorizadores nas vias públicas dependerá de autorização expressa da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via, podendo ser colocadas após estudo de outras alternativas de engenharia de tráfego, quando estas possibilidades se mostrarem ineficazes para a redução de velocidade e acidentes”.

Depois do Carnaval, uma reunião acontecerá em Belo Horizonte para tentar uma autorização do DNIT para colocar os quebra-molas.

Além dos vereadores, a audiência pública teve a presença do Capitão Luciano Reis (Comandante do Policiamento na cidade), o Deputado Estadual Sebastião Costa e o Promotor de Justiça Fábio Santana.   Carlos Henrique Cruz - 29/01/08 - 22:42 - portalcaparao@gmail.com   NOTA DA REDAÇÃO: COINCIDENTEMENTE, ALGUMAS LOMBADAS ELETRÔNICAS COMEÇARAM A SER REATIVADAS NESTA TERÇA-FEIRA. EM REALEZA, SANTO AMARO E EM MANHUAÇU, ALGUMAS JÁ VOLTARAM A REGISTRAR A VELOCIDADE DOS VEÍCULOS. 

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