O vereador Nilson Dangelo Labanca também confirmou que chegou a ouvir o questionamento de um deputado em Muriaé. O hospital do câncer na cidade atende a demanda da região. “O Lael Varela me questionou, como vereador, sobre o que a cidade tem feito. Ele virou para mim e afirmou que a maior parte dos casos atendidos em Muriaé tem origem na região de Manhuaçu”, afirmou.
O vereador não apontou causas diretamente, mas chamou a atenção das autoridades de saúde e do Ministério Público. “Eu já ouvi comentários que a causa poderia ser relacionada a torres de celular e ninguém tirou as torres de perto das casas populares no campo de aviação. Também já teve pessoas reclamando das tubulações antigas que levam água para as casas, ou seja, a água seria contaminada pelo tipo de material. Por outro lado, o que mais falam é que estão usando agrotóxicos de forma descontrolada e isso vem contaminando as águas e os alimentos. Eu não sei se tem fundamento, mas é preciso responder a população”, afirmou.
LAVOURAS DE CAFÉ
A Zona da Mata Mineira é responsável por 27,6% de toda produção do café de Minas Gerais, que por sua vez contribui com aproximadamente 40% de todo o café produzido no país.
Nos últimos dias, a preocupação manifestada por internautas mostrou um pouco de sentido em relação ao uso de agrotóxicos. Em 1997, houve uma grande polêmica em Manhuaçu pela aplicação indiscriminada de Baysiston. Na época, o pesticida foi citado como causador de intoxicação em agricultores. Como resultado, a empresa teve que adotar políticas de segurança e surgiram vários investimentos em orientação, a exigência do receituário agronômico e o surgimento do recolhimento das embalagens vazias.
O que o vereador questionou e também é resultado das mensagens no Portal Caparaó, apresentadas como argumento por Dângelo Labanca, é que as pessoas questionam se os produtores estão aplicando corretamente os agrotóxicos e se isso não vem poluindo as águas.
85% DAS LAVOURAS
Cerca de 85% da produção total de café produzido na Zona da Mata Mineira é oriundo de cultivares de Coffea arábica, espécie suscetível ao bicho mineiro (Perileucoptera Coffeella) e à ferrugem (Hemileia vastatrix), que são as principais pragas da lavoura cafeeira. No controle das pragas do cafeeiro uma formulação granulada muito utilizada é uma mistura de dissulfoton e triadimenol (75 + 15). O dissulfoton é um inseticida organofosforado usado com a finalidade de controlar o bicho mineiro e o triadimenol é um fungicida do grupo dos triazóis usado no controle da ferrugem.
O Baysiston é empregado contra fungos e insetos, durante a entressafra, para preparar a terra. O produto contém triadimenol e uma substância venenosa chamada disulfoton, uma mistura que há 25 anos é proibida na Alemanha. No Brasil, o pesticida tem registro há quinze anos e é líder no mercado.
Segundo o relatório da qualidade das águas superficiais de Minas Gerais, o Rio Manhuaçu apresenta um índice de baixa poluição, de acordo com o Mapa Águas de Minas 2006. Ao mesmo tempo, o instituto evidencia que a contaminação por agrotóxicos depende da consciência dos produtores. “Seus efeitos dependem muito das práticas utilizadas em cada região e da época do ano em que se realizam as preparações do terreno para o plantio, assim como, do uso intensivo dos defensivos agrícolas. Os agrotóxicos com alta solubilidade em água podem contaminar águas subterrâneas e superficiais através do seu transporte com o fluxo de água” – alerta o relatório.
Para o Saae, as medições de qualidade e contaminação são feitas com freqüência na região de Manhuaçuzinho, onde é captada a água fornecida aos moradores de Manhuaçu. Além disso, o tratamento é feito antes de chegarem às casas. Como houve as novas indagações, o Diretor do Saae Gentil Pazeli informou que solicitou uma análise detalhada para eliminar todas as dúvidas.
Ele garantiu que tão logo o processo seja concluído poderá se manifestar quanto a isso, mas adiantou que não vê motivo de alarme, já que o Saae monitora a água constantemente. Na área da Saúde, o Conselho Municipal chegou a abrir discussão sobre o tema. O Presidente Júlio Caetano informou que quer ouvir os moradores que representam as regiões de Manhuaçuzinho, Palmeiras e Realeza e solicitou contatos com setores da Saúde no Estado para ampliar o debate sobre o tema. Carlos Henrique Cruz - 22/02/08 - 17:45 - portalcaparao@gmail.com Reportagem sugerida pelos internautas