Portal Caparaó - Flores tropicais de Manhuaçu nos Jogos Olímpicos
Entretenimento

Flores tropicais de Manhuaçu nos Jogos Olímpicos

11/12/2014 - Atualizado em 11/12/2014 15h32

BELO HORIZONTE (MG) - Medalha de ouro, prata e bronze para os campeões, mas também flores tropicais do Brasil. Subir ao pódio junto com os atletas é a meta de produtores mineiros que estão se preparando para fornecer flores ao comitê olímpico. Os jogos de 2016 no Rio de Janeiro vão entregar aos campeões perto de 5 mil buquês com espécies típicas do clima brasileiro, cultivadas dentro dos princípios da sustentabilidade. O primeiro edital, que será publicado em janeiro, contempla a compra de flores para as competições do hipismo e abre uma vitrine iluminada para micro e pequenas empresas.

Além dos buquês a demanda para decoração de espaços abertos, arenas, ambientes de concentração das equipes e lounges é tão grande que produtores de flores tropicais em Joboticatubas, na Grande BH, Inhapim e Manhuaçu, na Zona da Mata, buscam certificações que atestem o cultivo sustentável. Eles querem atender a demanda dos jogos e ao mesmo tempo mostrar ao mundo seu produto. São alpíneas, helicôneas, gengibre, bastões do imperador, flores exuberantes, capazes de suportar o calor dos trópicos e durar até cinco dias mais do que espécies de clima temperado.

O objetivo do comitê olímpico é fomentar de modo sustentável as cadeias produtivas do país para que o modelo ganhe força a partir do evento mundial. Recentemente, Minas Gerais passou a ocupar o primeiro lugar nacional em área plantada de flores tropicais com pólo na Zona da Mata e produção também na Grande BH. Em Jaboticatubas, Valdeci Verdelho, proprietário da Agroflora Verde, se tornou o primeiro produtor do país a receber certificação orgânica para o cultivo de flores tropicais, o que lhe dá uma espécie de passaporte livre para fornecer aos jogos olímpicos. Para ele, o grande evento é uma oportunidade de negócios e vitrine incomparável para as micro e pequenas empresas.

“As flores tropicais são bonitas e resistentes, o que permite os buquês durarem até 10 dias. Também são tipicamente brasileiras, atendendo um dos pré-requisitos do comitê olímpico.” Valdeci, que já participou de uma primeira reunião no Rio de Janeiro para tratar sobre a demanda dos jogos, acredita que, juntos, os produtores mineiros podem conseguir volume para garantir parte da demanda do comitê. “Um bom número para o estado seria fornecer 50% das flores usadas nos buquês”, estima.

Reforço

O coordenador do programa Sebrae no Pódio explica que a preferência para o fornecimento de flores é para o Rio de Janeiro, mas o estado sozinho não conseguirá responder a demanda e vai precisar contar com reforço mineiro. “Vamos precisar dos produtores de Minas e por isso o Sebrae dará apoio para os programas de certificação.”

Polos como o de Manhuaçu já buscam ampliar produção para atender inclusive a clientes no mercado europeu e americano. Também na Zona da Mata, em Inhapim, há 13 anos os irmãos Flávio e Flaviane Barretos começaram em sociedade o cultivo de flores tropicais. Era o início de um negócio de sucesso, a Matterfloris vem crescendo a um ritmo de 15% ao ano. São 25 hectares cultivados e a beleza das flores já conquistou noivas e decoradores em Minas e em estados vizinhos que estão incluindo as espécies em casamentos e grandes eventos.

“Ainda não temos a certificação sustentabilidade, mas estamos a caminho. Aqui não usamos defensivos químicos e o ambiente é equilibrado porque a espécie é muito benéfica ao meio-ambiente. A plantação é cheia de beija-flores, jacus, sapos e cobras. O ecossistema é muito equilibrado”, diz Flávio. Ele produz perto de 15 mil hastes por semana e está entusiasmado. “Sou brasileiro e ficaria muito feliz em ver as flores tropicais de Minas ornamentando os jogos olímpicos.” Flávio, que também é decorador, já imagina o buquê dos atletas: “Poderiam ser montados com as folhagens resistentes das palmeiras, com uma helicônea e uma pequenina orquídea, presas pelo sizal produzido por agricultores do Nordeste.”

Mercado

Ver suas flores orgânicas, coloridas e exuberantes como o Brasil mas ainda pouco conhecidas nas arenas dos jogos olímpicos, nas pistas de competições internacionais, nos pontos de encontro das equipes e nas mãos dos campeões já é uma meta real para a Agroflora Verde. “O consumo de flores no Brasil está crescendo , mas ainda há grande espaço. Enquanto o brasileiro consome em média US$ 7 por ano, o argentino consome o dobro desse valor”, observa Verdelho.

O cadastro já pode ser feito

Produtores como Flávio Barretos de Inhapim que se voltam para o cultivo sustentável, estão no caminho certo. Segundo o Comitê Rio 2016, os jogos olímpicos e paralímpicos vão apoiar esse mercado. “Não queremos excluir pequenos produtores e sim incluí-los”, explica Fernanda Lima, analista de sustentabilidade do Comitê Rio 2016. Segundo ela, para se cadastrar no site o produtor deve enviar um comprovante com alguma evidência de que já está negociando sua certificação, mas não precisa necessariamente ter concluído o processo. O cadastramento já está aberto pelo site: http://portaldesuprimentos.rio2016.com

O Comitê ainda não finalizou qual será o montante de flores que vai comprar de pequenos produtores. Até o momento o número de buquês é o único já fechado. Apesar disso, Fernanda Lima lembra que praticamente todos os espaços olímpicos estarão ornamentados. Em janeiro, o comitê lança a primeira concorrência que será para flores para ornamentar as competições do hipismo.

Em Manhuaçu, Ieda Hannas, vice-presidente da Associação dos Produtores de Flores Tropicais de Manhuaçu (Appoex) onde 12 produtores colhem mais de 12 mil flores por mês diz que a associação também está em busca de sua certificação. “É uma oportunidade muito interessante”, diz Hannas. Segunda ela, a associação já tem certificação do sistema Fiemg e vai complementar o processo.

Marinella Castro - Estado de Minas

O Portal Caparaó não se responsabiliza por qualquer comentário expresso no site ou através de qualquer outro meio, produzido através de redes sociais ou mensagens. O Portal Caparaó se reserva o direito de eliminar os comentários que considere inadequados ou ofensivos, provenientes de fontes distintas. As opiniões são de responsabilidade de seus autores.