MANHUAÇU (MG) - O segundo dia do Simpósio de Cafeicultura foi dominado pela presença feminina. Pela primeira vez em 19 anos do evento, foi realizado o Encontro de Mulheres da Cafeicultura com palestras e atividades voltadas para o segmento que ganha força e participação na produção e comercialização da cafeicultura das Matas de Minas.
A iniciativa foi organizada pelas entidades parceiras do Simpósio de Cafeicultura, como a Associação de Mulheres da Cafeicultura (IWCA, sigla em inglês), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e a Emater-MG, com apoio da Coocafé, Sicoob Credilivre, Appoex, Aciam, Scamg, Sebrae e o Conselho das Entidades do Café das Matas de Minas e patrocínio da Syngenta e Industrial Átila.
A presença das mulheres foi surpreendente. Segundo a mobilizadora do Senar, Isaura da Paixão, o evento começou com expectativa de presença de uma centena de mulheres. “Vimos que o evento cresceu. Cerca de trezentas mulheres atenderam o nosso convite e vieram participar do encontro”, detalhou.
Em seguida, houve pronunciamento dos parceiros e mensagens de acolhida e incentivo ao trabalho das mulheres na cafeicultura. A representante do Sicoob Credilivre, Andréia Bahia, apresentou o trabalho da cooperativa voltado para as mulheres. Maria do Carmo, da Emater-MG, demonstrou o crescimento da participação feminina na produção de café e em alternativas de renda nas propriedades, citando cursos e produtos feitos por elas.
Já a mobilizadora do Senar, Isaura da Paixão, e a representante da Coocafé, Cíntia de Matos, explicaram as conquistas e desafios para as mulheres. Elas atuam diretamente na produção de café e são fundamentais no processo de certificação das propriedades.
SUPERAÇÃO
O grande destaque foi a palestra da gerente de certificação da Pronova, Jackeline Uliana Donna, que também integra a diretoria da IWCA Brasil. Ela despertou nas participantes o interesse em aprender mais.
Ela trouxe também duas produtoras da Associação de Mulheres Empreendedoras da Vila Pontões em Afonso Cláudio (ES). “As duas participam de todo processo de produção, pós-colheita, beneficiamento e comercialização. Uma delas montou uma torrefação e já fornece café em pó para a rede municipal de educação e para a prefeitura”, contou.
No encontro, houve relatos de mulheres que perderam o companheiro e tiveram que assumir, de uma hora para outra, a gestão da propriedade. A história das mulheres de Vila Pontões é um exemplo de força, superação, quebra de barreiras e união.
Elas começaram do zero e foram longe. Aos poucos sairamm do posto de coadjuvantes para assumirem um papel de destaque no desenvolvimento da comunidade. Antes restritas ao trabalho doméstico e na roça, produtoras rurais de Vila Pontões se uniram para superar as dificuldades e fortalecer o cooperativismo e o empreendedorismo que lhes faltavam para injetar autoestima e garantir qualidade de vida para elas e suas famílias.
A Associação de Mulheres Empreendedoras foi resultado dos encontros do projeto Governança Cooperativa, que é coordenado pela Cooperativa dos Cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo- Pronova.
O encontro em Manhuaçu, destacou Jackeline Uliana, serviu também para aumentar a participação das mulheres na gestão das propriedades, além de fomentar o empreendedorismo feminino. “O objetivo é a sensibilização dessas participantes, mostrando a elas a importância da mulher na cafeicultura”.
Carlos Henrique Cruz - portalcaparao@gmail.com