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Segurança

Audiência pública debate problemas da rodoviária

12/04/2007 - Atualizado em 13/04/2007 20h14

Tráfico de drogas, prostituição, furtos e roubos. Crimes comuns nas grandes cidades e que deixam os moradores temerosos, principalmente àqueles que vivem em áreas onde esses delitos acontecem de forma mais constante. A região do Terminal Rodoviário, na baixada, foi apontada como o local de maior incidência desses delitos em Manhuaçu. Esse foi justamente o tema da audiência pública promovida no salão do júri do Fórum Desembargador Alonso Starling, na terça-feira, pela manhã. Uma série de sugestões para o terminal e as ruas do entorno foram anotadas a partir do debate.

No encontro promovido pelo Conselho Municipal de Segurança Pública (Comsep), a Polícia Militar apresentou os dados da análise criminal de 2006 e confirmou, estatisticamente, o que a população sente na pele e assiste em cenas cada vez mais constantes. Uma dessas regiões é a área próxima ao terminal rodoviário, localizado no centro. Já sabendo que esses crimes tornaram-se comuns nas vias próximas e no interior da rodoviária, a PM intensifica o policiamento, mas apenas isso não adianta.

Trabalhadores que chegam a passar mais de oito horas por dia no local aprovam o reforço. “Inibe assaltos. É segurança para os funcionários e clientes”, diz um agente de viagens. Ele teme os roubos devido à movimentação financeira das empresas de ônibus e outros comércios.

NÚMEROS

O trabalho apresentado pelo Comandante do Policiamento em Manhuaçu, Capitão Wanderson Santiago vai ao encontro da antiga reivindicação de mais presença policial na região. Os dados de 2006 se referem às praças do entorno do terminal.

A polícia sabe que os crimes estão divididos ao longo da semana em números bem semelhantes. O local é o de maior incidência de furtos a pessoas nas ruas de Manhuaçu. Foram 39 crimes contra o patrimônio no ano passado, além de 34 contra pessoas. 17% dos crimes ocorreu em terças-feiras, mas a média é de 15% diária, com uma queda nas quintas-feiras para 11%. Os horários de maior incidência foram entre meio-dia e meia-noite – 59,5% dos registros de 2006.

Os números mostram que 92 delitos foram registrados na região da baixada. 37 prisões foram realizadas, 66 abordagens e dois menores apreendidos.

As ações preventivas mostram que a presença da polícia no local e em operações foi muito superior aos crimes. 254 medidas de prevenção foram adotadas contra os 92 fatos registrados. Contudo, o que preocupa a polícia é que o número de delitos continua crescendo. Foram registrados dez crimes contra os costumes, seis acidentes de trânsito e três contra a administração pública.

“A presença da Polícia Militar ameniza, mas não resolve o problema. Nós temos certeza que, se não tivéssemos agido, o número de delitos seria muito maior. Mas ao compararmos com os outros anos, as estatísticas comprovam que essa quantidade está aumentando”, afirmou o oficial. O militar foi incisivo: “O ambiente está contribuindo para a maior incidência de delitos. Ninguém vai praticar delitos em ambientes familiares”, destacou.

AS CAUSAS

A aparência suja do terminal rodoviário, a falta de iluminação em alguns locais, a existência de muitos bares e locais que favorecem a prostituição foram apontadas como algumas das causas dos delitos na região do terminal rodoviário.

Entre as causas dos crimes contra a pessoa, a presença de um público flutuante nos bares e o funcionamento até altas horas da madrugada é um dos fatores que precisa ser revisto. Outro detalhe importante: os crimes contra o patrimônio, roubos principalmente, têm sido praticados contra idosos, mulheres e crianças. “A maior parte são pessoas que estão desatentas ou mais fracas, que eles abordam na rodoviária ou então seguem a até alguma rua mais deserta nas imediações”, contou Santiago.

Fábio Júnior Lourenço Teixeira figura em duas das ocorrências de crimes contra o patrimônio. O morador do bairro Matinha é apresentado como um contumaz envolvido nesse tipo de delito. Ele aparece em mais cinco ocorrências em Manhuaçu no ano de 2006. Atualmente, ele está preso.

Apesar dos números da polícia, a população tem se manifestado favorável á presença de policiais à pé na região do terminal rodoviário. A falta do policiamento ostensivo com visitas aos estabelecimentos rotineiramente e abordagens a pessoas suspeitas é apontado como um fator essencial para a rodoviária.

SOLUÇÕES

As ações em conjunto com a Polícia Civil, que na audiência esteve representada pela Delegada Rosângela Tulher e pelo inspetor Linhares, além de operações com apoio do Ministério Público, do Judiciário, Comissariado de Menores e Conselho Tutelar são algumas das medidas apontadas como soluções para os problemas.

“Temos contado muito com o apoio do Judiciário e do Ministério Público para alguns fatos, como por exemplo, os casos desses indivíduos reincidentes em crimes”, afirmou o Comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar, Tenente-coronel Geraldo Henrique. Ele ainda colocou o efetivo a disposição para quaisquer operações e apoio aos órgãos de fiscalização.

As manifestações em geral cobraram melhorias para o espaço do terminal rodoviário. O próprio comandante citou que em 2001 já aconteceram reuniões e muito se avançou, mas ele diz que aos poucos os criminosos estão retornando.

De acordo com ele, a intensificação do combate à criminalidade “tem começado a limpar” a região. “Aos poucos os desocupados estão saindo dali, o que não pode é deixar que o problema se instale novamente”. Em 2001, vários avanços aconteceram: “Retiramos os caminhões e carroceiros que ficavam estacionados na praça, fizemos com que as televisões da rodoviária fossem desligadas mais cedo e tivemos um trabalho interessante de revitalização da Praça José Adolfo Assad, que agora é um ambiente que as famílias vão para lá com seus filhos”.

Entre as cobranças, os pedidos foram de maior fiscalização da prefeitura quanto a alvará de funcionamento, especialmente de bares e casas de shows, e um trabalho de inspeção sanitária nos restaurantes e lanchonetes.

Uma postura foi unânime. A maior parte dos presentes a audiência defendeu a idéia de cobrar do poder público um “socorro” ao terminal rodoviário. O chefe da assessoria de gabinete Juca Miranda se comprometeu a encaminhar as reivindicações para que a prefeitura melhore as condições em que se encontra o terminal rodoviário.

Apesar de pequena presença de comerciantes e moradores do bairro, umas das pessoas reclamou do descaso da prefeitura com relação à situação do terminal rodoviário e foi mais longe afirmando que não adiantará apenas revitalizar a rodoviária. “O local está sendo ponto de prostituição, roubos e venda de drogas, mas têm outros pontos, como os hotéis e pensões que precisam ser acompanhados de perto. Infelizmente, alguns favorecem esses delitos nas ruas próximas ao terminal”, explicou a moradora da avenida Salime Nacif.

REVITALIZAÇÃO

O passageiro terá prioridade na rodoviária e no seu entorno. É o que prevê o projeto de requalificação da área sugerido pelos participantes da audiência.

Se por um lado, as operações e ações preventivas podem auxiliar no combate ao crime, a melhora do ambiente é o outro fator considerado básico para o terminal. A falta de conservação e problemas de segurança acabam espantando os visitantes e passageiros justamente no local que é porta de entrada de Manhuaçu. Cerca de 20 mil pessoas utilizam o terminal mensalmente.

As medidas sugeridas incluem a delimitação de um espaço para os passageiros, limitando o acesso ao terminal para quem realmente vai utilizar os serviços de transporte coletivo. “Não se trata de construir um muro, mas sim barreiras físicas, que podem ser cercas ou gradis de proteção menores. O objetivo é delimitar o espaço”, afirma o presidente do Comsep Sj de Moraes.

O dirigente afirmou que tem visto sinais de boa vontade da administração para revitalizar o terminal. Ele elogiou a reforma dos banheiros e considera que agora é momento ideal de dar os próximos passos para garantir a segurança naquele espaço: “O projeto deve ser feito pelo serviço de engenharia e arquitetura da prefeitura, mas consideramos que é preciso rever a iluminação, a divisão dos espaços, a limpeza do local, a oferta de equipamentos públicos como bancos e cadeiras e a organização daquele bairro”, conta o presidente.

Em Belo Horizonte, Ipatinga, Governador Valadares e Caratinga, as rodoviárias já têm espaços delimitados para os passageiros aguardarem o embarque e para a circulação de transeuntes.

Por parte da prefeitura, o assessor Juca Miranda ficou de encaminhar o tema para o setor de obras e ao prefeito, mas disse que, em menos de 30 dias, é impossível apresentar um projeto com medidas para o local.   Carlos Henrique Cruz - 11/04/07 - 07:53 

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