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Criança atropelada fica 8 horas esperando ortopedista

17/04/2008 - Atualizado em 18/04/2008 14h42

Quinze dias depois de uma audiência pública focada na saúde, a Câmara de Manhuaçu mostrou que a realidade dói mais do que gráficos e tabelas apresentadas pelos representantes da Secretaria de Estado de Saúde. “Para eles, os números e gráficos podem até satisfazer, mas é aqui, perto do povo, que nós sabemos o que as pessoas estão sentindo”, protestou o vereador Jânio Sérvio Mendes.

A discussão foi iniciada por causa dos ortopedistas. Segundo a presidente da Câmara, Maria Imaculada Dutra Dornelas, um impasse entre os diretores do Hospital César Leite e da Secretaria Municipal de Saúde colocou em xeque o atendimento de pacientes do setor de ortopedia. “Os médicos estão em greve e se recusam a atender até que seja revista uma questão de pagamento dos plantões. Enquanto a Secretaria e o Hospital ficam discutindo, a população é que paga o preço da discórdia deles”, afirmou.

Segundo o vereador Jânio Sérvio Mendes, a realidade da saúde de Manhuaçu é bem diferente do que a Secretaria de Estado defende. “Para mim quem fica falando de gráfico per capita está tratando é de gado. Eles precisam humanizar as coisas. O povo não pode ficar sofrendo”, argumentou Jânio Sérvio ao citar a fila de espera por cirurgias eletivas (marcadas com antecedência) e os casos de pessoas sentindo dores nos corredores do pronto-atendimento esperando que os médicos as aceitem. “É muito fácil falar com uma pessoa que está sentindo dores e mandar esperar. Parece que falta lembrar que todos são seres humanos e não merecem ficar à mercê disso”, completou.

Ele solicitou uma reunião entre a Câmara, Prefeitura e os diretores da Secretaria de Saúde de Manhuaçu e o Hospital César Leite. Para a vereadora Maria Imaculada: “Eles têm que explicar que picuinha está impedindo que cheguem a uma resolução. A população não pode ficar esperando. É um absurdo Manhuaçu ter condições técnicas de atender e os pacientes estarem sendo enviados para outras cidades”, afirmou. Ela também lembrou que existe uma grande demanda pelo serviço de ortopedia, principalmente em caso de acidentes.

Imaculada foi dura nas críticas e declarou a necessidade de atitude de quem tem o poder de decidir. A vereadora foi a principal personagem do drama vivenciado por um garoto de sete anos durante toda a tarde e parte da noite de sábado no Pronto Atendimento de Manhuaçu.

OITO HORAS DE ESPERA

Gabriel Félix dos Santos foi atropelado na tarde de sábado na Avenida Getúlio Vargas, no Coqueiro. Com uma fratura exposta numa das pernas, o garoto foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros. Entre as pessoas que passavam pelo local, o delegado Getúlio Vargas Lacerda ajudou no socorro, enquanto o motorista do Fiat Stilo fugiu do local.

Levado para o pronto atendimento, o garoto ficou até 22 horas esperando um médico ortopedista. O SUS não podia transferi-lo para outra cidade, já que o sistema apontava que o Hospital César Leite tem esse tipo de atendimento e tinha vaga.

Além do próprio delegado, a vereadora Maria Imaculada foi chamada para ajudar no impasse. Ela conseguiu conversar com um promotor de Justiça e até um médico em outra cidade. “Somente às 22 horas é que conseguimos um médico daqui para furar a greve e aceitar atender o garoto”, afirmou a presidente da Câmara.

Márcio Souza Mendes, que atropelou o garoto, se apresentou na delegacia e alegou estava desesperado com a situação. O rapaz de Matipó se prontificou a arcar com as despesas relacionadas ao garoto e vai responder um procedimento na delegacia de trânsito por causa da fuga e outro na delegacia de juizado especial pelo atropelamento.   No SUS, Manhuaçu o atendimento ocorreu normalmente, mas em contrapartida, no HCL nenhum caso foi atendido pelos ortopedistas no Hospital César Leite.    Carlos Henrique Cruz - 17/04/08 - 14:38 - portalcaparao@gmail.com 

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