MANHUAÇU (MG) - A forte estiagem que vem assolando a região de Manhuaçu levou o SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto, a uma reunião de emergência com a coordenadoria municipal de Defesa Civil, secretários de Administração e de Agricultura e Meio Ambiente, na sede da autarquia no fim da manhã desta quarta-feira, 14 de outubro. A finalidade foi a de discutir a escassez hídrica no âmbito do município e o agravamento da produção dos mananciais no sistema de abastecimento, tanto na barragem do Manhuaçuzinho como no córrego São Sebastião, que está cada vez mais crítica. Além da sede, Vilanova, Santo Amaro de Minas, Vila Boa Esperança, São Sebastião do Sacramento e Realeza são as regiões mais impactadas.
“Há quase uma semana estamos com racionamento pontual. São doze localidades que estão sendo afetadas diretamente e a situação está se agravando. Estamos buscando alternativas, mas elas já estão se esvaindo. Nós não estamos tendo mais o que fazer, pois a chuva, que é o principal meio de abastecimento dos mananciais está muito longe, conforme a previsão meteorológica” – relata José de Aguiar, diretor do SAAE, que ainda acrescenta: “Nossa capitação está em torno de 100 litros por segundo nos três sistemas. O normal para o período é em torno dos 180 litros por segundo. Parece pouco, mas somando essa diferença nas 24 horas de capitação e fornecimento, faz uma grande diferença. Nós estamos realmente numa situação muito delicada” – finaliza Aguiar.
A situação de abastecimento está cada vez mais grave e alguns distritos e localidades já sofrem com a falta de água. Os sistemas Ponte do Silva, São Sebastião do Sacramento e Vilanova, são os mais afetados, chegando a um patamar inferior aos 30% da necessidade para abastecimento, impactando diretamente, pelo menos 15 mil moradores. Desse total, a grande maioria é do distrito de Vilanova. Para se ter um exemplo, no dia 12 de outubro, às 23h30 a capitação atingiu a quota de 0,4 litros por segundo, sendo que o normal para essa época do ano é de 8,0 litros por segundo.
Mediante a situação vivida pelo município de Manhuaçu, ficou acertado na reunião que cada secretaria envolvida, mais a Defesa Civil e o SAAE, vão levantar as informações pertinentes às suas áreas de atuação para dar seguimento às ações referentes à falta de água, como por exemplo, o impacto na agricultura e as maneiras hábeis para garantir o fornecimento de água à toda população. “A situação é bem crítica. Acredito que a produção de café já está afetada. No final de outubro é período da segunda florada, mas com a falta de chuva e a baixa umidade do solo, dificilmente vamos ter essa florada. Em relação ao meio ambiente, além de termos pouco volume de água, a situação se agrava em função de esgotos, e com os córregos secando é muito difícil” – lamenta o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Sandro Tavares.
Para a coordenadora de Defesa Civil municipal, Maria Tereza Nacif, a preocupação não é diferente. O órgão, que normalmente é visto atuando em épocas de cheias e desastres, também tem papel fundamental em período de seca. “Fazemos parte do Comitê de Bacias Hidrográficas, e há um alerta para todo país, não é só Manhuaçu. Vamos somar esforços no sentido de conscientizar mais a população, e esperamos que cada um faça sua parte, pois esse conceito de que ‘água não acaba’ não pode mais ser defendido. Água é um bem natural e esgota como todo bem natural. A população está crescendo muito, há ocupação desordenada e desmatamento, assim como nascentes sendo aterradas e o desperdício de água, tudo isso contribui para essa crise. Precisamos buscar alternativas para captação, e o poder público tem feito isso, mas precisamos que a população seja parceira” – defende Nacif.
Na próxima sexta-feira, 16, uma nova reunião, já com os resultados, será realizada. Se for necessário, é possível que seja decretado Estado de Emergência, a fim de garantir que o município tenha condições de dar respostas frente ao problema da escassez.
Projetos e medidas emergências
Na última sexta-feira, 09, para buscar uma solução ao abastecimento em Vilanova, o SAAE assinou um convênio com um loteamento privado para antecipação de entrega de um poço artesiano, previsto para ser entregue nos próximos dias. A perfuração e reativação de outros poços no distrito também fazem parte das medidas adotadas como forma emergencial e paliativa. Outro projeto é a adução de água em um afluente do rio Manhuaçu, que faz parte do manancial do Manhuaçuzinho. Este, demanda recursos e tempo. Os estudos apontam para a utilização de três mil metros de tubos para ligar a capitação à base de tratamento. Assim como Vilanova, a situação de cada região está sendo estudada e será atendida com as medidas adotadas pela autarquia.
Secretaria de Comunicação Social