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Estudantes mineiros acabam de conquistar uma importante vitória no Prêmio Ciências do Ensino Médio, que reuniu trabalhos de 263 escolas públicas do país. O primeiro lugar geral da Regional Sudeste ficou com a Escola Estadual Nossa Senhora do Carmo, de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Com uma pesquisa sobre terremotos, vulcões e outros curiosos movimentos da Terra, um grupo de alunos do 1º ano recebeu, do Ministério da Educação (MEC), um cheque de R$ 40 mil. Outra instituição vencedora, dessa vez na categoria Minas, foi a Escola Estadual Célia Pereira Mendes, de Santana do Manhuaçu, na Zona da Mata.
O trabalho hoje materializado em coloridos mapas, maquetes e globos nasceu de uma dúvida da primeira turma do ensino médio da Escola Nossa Senhora do Carmo. Curiosos com pequenos tremores de terra registrados em Betim, ano passado, e outros fenômenos, como o devastador tsunami que atingiu a Ásia no fim de 2004, os alunos deram início à pesquisa Geologia: uma abordagem geográfica e artística. O estudo logo envolveu grande parte do colégio e passou a ser feito, com apoio dos professores de geografia e artes, por 370 estudantes das seis turmas do 1º ano do ensino médio.
Os jovens cientistas se debruçaram sobre livros, atlas e textos científicos sobre movimentos de placas tectônicas. “Tentamos explicar tudo que aprendemos construindo maquetes e desenhando mapas. A parte mais interessante foi a dos terremotos, porque eu não imaginava que eles ocorressem em Minas. O trabalho nos obrigou a pesquisar muito e isso é importante para nossa preparação para o vestibular”, disse Pedro Augusto Rocha, de 16, selecionado para ir a Brasília receber o prêmio.
Os R$ 40 mil serão usados na compra de aparelhos de televisão e DVD e material pedagógico para a biblioteca. “A premiação é um estímulo para que os alunos avancem no aprendizado. O mais interessante é que tudo começou com uma simples dúvida de sala de aula e acabou se transformando num trabalho científico”, afirmou a diretora da escola, Maria Angélica Miranda.
SAÚDE
Na Zona da Mata, de olho na saúde pública, 30 alunos do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Célia Pereira Mendes lançaram mão de lupas, microscópios e muita disposição para traçar um diagnóstico das condições de vida das comunidades rurais de Santana do Manhuaçu. Durante mais de seis meses, eles visitaram centenas de famílias no rastro de verminoses, como esquistossomose, oxiúrus e lombrigas (áscaris). O resultado da pesquisa, que rendeu ao grupo o primeiro lugar na categoria Minas do Prêmio Ciências, foi impressionante: 46% das crianças analisadas, com idade entre 5 e 10 anos, estavam contaminadas.
O trabalho foi ponto de partida para uma campanha de mobilização social. Com o apoio de professores de química e biologia e de funcionários do posto de saúde local, os alunos se transformaram em verdadeiros agentes de saúde. Todas as semanas, eles se dividem em grupos e percorrem as comunidades rurais para conscientizar moradores sobre a importância de ferver e filtrar a água antes de beber, lavar bem os alimentos e construir fossas e banheiros em casa. “O aprendizado adquirido no trabalho e o contato com a população serão para a vida toda. O prêmio deu um banho de auto-estima nos estudantes”, contou a diretora da escola, Neidemar da Silva. Os R$ 25 mil serão investidos nos laboratórios da escola.
Em sua terceira edição, o Prêmio Ciências do Ensino Médio destacou 39 escolas públicas do país. Na categoria regional, os 10 melhores projetos receberam R$ 40 mil, cada; na estadual, o prêmio foi de R$ 25 mil; e três finalistas nacionais ganharam R$ 60 mil cada. Em Minas, 17 instituições se inscreveram na disputa, que recebeu 71 candidatos na Regional Sudeste.
Glória Tupinambás - Estado de Minas - 07/05/08 - 19:03