Um ato covarde e cruel. Assim pode ser definida a atitude de um homem identificado por Fábio Alves da Costa, de 19 anos, que espancou o enteado de apenas dois anos de idade, no final da manhã desta terça-feira (27), em Iúna (ES), a 80 quilômetros de Manhuaçu. Sem poder se defender das constantes agressões do padrasto, a criança, segundo informações do titular da Delegacia de Polícia local, Márcio Malheiros, não resistiu aos ferimentos e morreu.
O crime aconteceu em Quilombo, bairro de periferia da cidade. Após espancar o enteado, Fábio ainda o levou para a criança para a Santa Casa de Iúna. O menino, no entanto, já chegou morto na unidade de saúde.
O acusado tentou se esquivar e disse apenas que o garoto havia caído de uma escada. Segundo a diretora da Santa Casa, Ednéia Fernades Machado, o médico plantonista encaminhou o corpo para o Departamento Médico Legal de Cachoeiro de Itapemirim.
O delegado Márcio Malheiros esteve no local e constatou que a morte da criança se deu por agressão física. “Eu tive contato visual com o corpo do menino e constatamos que a criança apresentava várias lesões no tórax, braço, cabeça e outras partes do corpo. Tudo isso representa e é indício de espancamento”, comentou.
UM ANO DE AGRESSÕES
As agressões aconteciam há quase um ano. Além da criança, destaca Malheiros, a mãe dele, identificada por Sandra Helena Miranda Sena Lino, de 29 anos, era alvo da brutalidade do agressor. Ligado ao tráfico de drogas, Fábio possuía temperamento forte. Segundo a polícia, este pode ser o motivo que explica as atitudes agressivas contra a família.
Malheiros disse ainda, que Sandra tinha conhecimento dos espancamentos, mas jamais procurou a polícia para relatar o ocorrido. Ela apenas se encontrava com uma representante do Conselho Tutelar de Iúna e informava os fatos de maneira superficial, sem destacar, portanto, o que de fato acontecia na casa.
Mesmo sendo vítima, a polícia não descarta a participação de Sandra nas agressões à criança. Por enquanto, ela é tratada como vítima do marido.
Fábio, que já foi preso há cerca de dois anos, prestou depoimento mas não confessou as agressões. Mesmo assim, ele foi indiciado por homicídio qualificado, ou seja, crime hediondo. Ele está em uma cela separada na delegacia de Iúna.
Segundo a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), de Vitória, Tânia Zanole, a situação de Fábio se agrava, já que ele era tutor do menino. “Por se tratar de uma criança indefesa, ele poderá ser autuado também por homicídio doloso com agravante de ser familiar. Conseqüentemente esse homem sofrerá as respectivas punições previstas pela lei”, comentou.
REAÇÃO DOS PRESOS
O crime cometido por Fábio Alves da Costa revoltou os detentos da carceragem de Iúna. Assim que chegou ao local que dá acesso à cela onde ficaria, os internos iniciaram um pequeno tumulto na delegacia. Fazendo ameaças, eles chegaram a queimar colchões em manifesto contra o crime praticado por Fábio.
Após alguns minutos de tensão, a situação foi controlada, mas o assassino teve de ser isolado em uma cela individual.
As informações são da Folha do Espírito Santo - 06/06/08 - 09:36