A experiência bem sucedida da Associação de Cafés Especiais de Minas Gerais (Scamg) a consolida como referência para outras entidades no país e ganha espaço na região. O trabalho que começou focado na melhoria da qualidade hoje representa uma estratégia forte no mercado, valorizando o produto, melhorando a renda e fortalecendo o setor. Esses aspectos foram apresentados durante o workshop de comercialização de cafés especiais.
Realizado no último sábado na Fazenda Córrego Alto, em Santa Margarida, o evento reuniu cerca de 150 pessoas de toda a região. Segundo o presidente da Scamg, Marcelo Affonseca Garcia Corrêa, o principal objetivo foi trazer novas informações. “Buscamos pessoas de fora para trazer novas experiências e apresentamos os trabalhos que são desenvolvidos pela Scamg. O associativismo é uma ferramenta de transferência de tecnologia”.
Segundo Marcelo, na cadeia produtiva do café, a produção é a mais sacrificada atualmente. “Estamos procurando formas de sobrevivência. A associação entende que podemos trabalhar em duas grandes pontas: a compra de insumos em conjunto e a venda diferenciada, trabalhando a qualidade do café e como isso para o mercado”.
A escolha da fazenda foi também uma forma de orientar os produtores e divulgar os trabalhos da Scamg. A propriedade é certificada e considerada um modelo na produção de cafés especiais. O tema foi abordado na palestra do diretor de certificação Alexandre Leitão.
Outro projeto em andamento é o mapeamento sensorial da região. O diretor Sergio Cotrim D´Alessandro aproveitou o evento para mostrar os resultados do trabalho que busca levantar as características dos cafés produzidos nas montanhas das cidades próximas à serra do Caparaó.
COMPRA CONJUNTA
A compra conjunta já é um sucesso na Associação de Cafés Especiais. O grupo começou com adubo, depois defensivos, fertilizantes foliares e este ano comprou uma série de miudezas para a colheita, como equipamentos de proteção individual. “A Scamg tem produtores associados com áreas de 14 a 1.500 hectares. O que funciona para o grande é o mesmo para o pequeno. O preço é igual para todo mundo”, ressaltou Garcia.
A dinâmica é simples: com mais volume, o grupo tem maior pressão de preços e consegue negociar com os fornecedores.
“Temos associados que só na primeira compra conjunta de adubos - são três no ano - foi possível ganhar o que ele investe em mensalidade como associado. Valorizamos o nosso produtor e tornamos isso uma vantagem competitiva na produção do café dele”, contou o diretor de comercialização Mauro Heringer.
QUALIDADE
A qualidade e a comercialização desses cafés também tiveram destaque na programação do workshop. A técnica Sebrae Manhuaçu Ereni Emerick, o representantes da Minas State Alexandre Gonzaga, o instrutor credenciado do 4 C (Código Comum da Comunidade Cafeeira) Messias Lima e o gerente de Cafés Especiais da Volcafé Marcelo Pedroza apresentaram os temas relacionados a associativismo e comercialização de café especiais. Além disso, o programa Educampo promovido em parceria com o Sebrae-MG foi ressaltado como um dos grandes aliados nessa mudança A SCAMG surgiu em 2001 em cima da idéia de melhorar a imagem do café da região. “O café já estava perdendo a fama de café rio-zona, mas o mercado não acreditava que poderíamos produzir cafés finos”, relembra Marcelo Garcia.
O trabalho da associação serviu para fomentar isso. As boas colocações em concursos internacionais e a inserção do café em exportadores bem exigentes consolidaram a mudança de perfil. Carlos Henrique Cruz - 26/06/08 - 17:21 - portalcaparao@gmail.com