MANHUAÇU (MG) - O segundo dia do Simpósio de Cafeicultura foi dedicado à divulgação dos padrões dos cafés das Matas de Minas, bem como o uso de tecnologia e informação a favor do agronegócio. A parte da manhã reuniu três palestras com foco técnico sobre a produção cafeeira. Durante a tarde desta quarta-feira, 05/04, um painel discutiu mercado e qualidade dos cafés especiais.
CAFEICULTURA DE PRECISÃO
O Professor Daniel Marçal de Queiróz - Universidade Federal de Viçosa – apresentou mecanismos que estão sendo utilizados na Agricultura de Precisão aplicada à Cafeicultura
“Considerando a diferença dos terrenos montanhosos da região, a técnica da cafeicultura de precisão consiste em gerenciar as lavouras considerando que elas não são uniformes e, a partir desta consciência, elaborar estratégias para otimizar a produção, reduzindo os custos com insumos e aumentando a produtividade. O objetivo não é alcançar uniformidade, é melhorar cada área, colocar mais onde precisa mais e menos onde precisa menos”, explica o professor.
O professor ainda mostrou ferramentas que estão sendo utilizadas para a tomada de decisão das ações que serão aplicadas em cada local da lavoura. Com o mapa de fertilidade, o produtor sabe onde ele deve aumentar os insumos e onde a terra já é fértil. Ele consegue ter uma visão ampla e detalhada da sua propriedade.
Os objetivos principais são a redução de custos, com a economia de insumos, já que eles só serão aplicados nas áreas onde há real necessidade, e o aumento de produtividade a longo prazo.
O professor Daniel Marçal acredita na aplicação da tecnologia na região e deixou claro que os números de produtividade só vão começar a crescer a partir das estratégias de ação tomadas pelo produtor. “Não é um resultado imediato e sim fruto de trabalho e análise do local”, pontuou.
MAPA DA QUALIDADE
A segunda palestra foi justamente para apresentar as características sensoriais dos cafés das Matas de Minas, com o professor Samuel de Assis Silva - Universidade Federal do Espírito Santo.
Ele mostrou os resultados do mapeamento da qualidade do café das Matas de Minas, realizado desde 2013. O estudo mostrou a qualidade sensorial do café produzido em diversas alternativas dos microclimas prevalecentes. Os resultados mostraram que o relevo irregular das Montanhas das Matas de Minas proporciona microclimas especiais, onde os cafeicultores, usando tecnologias predominantemente manuais, são artesãos aliados da natureza favorável na produção de cafés de alta qualidade e identidade distinta, com a predominância de cafés com doçura acentuada, acidez equilibrada, encorpado, aroma floral e diversidade de sabores cítricos e achocolatados.
“O estigma de café rio zona não procede mais. O que existe é café de excelente qualidade nas Matas de Minas”, resumiu.
A terceira palestra também foi uma aula sobre informação aplicada ao campo. A previsão climática para a estação chuvosa 2017/2018 foi o tema do professor Ruibran Januário dos Reis - Climatologista, PUC Minas – Climatempo.
PAINEL
Durante a parte da tarde, o tema cafés especiais foi alvo de um amplo debate num painel de Qualidade & Mercado.
Os dois assuntos foram integrados no diálogo promovido pela Tecnóloga em Alimentos / Mestre de Torra com Classificação e Degustação de Café, Paula Dulgheroff.
Os resultados e o panorama da Produção Regional e do Mercado para Cafés de Origem Controlada, com o projeto do Café das Matas de Minas, foram apresentados pelo Consultor de Cafés Especiais Sérgio Cotrim D’Alessandro.