MANHUAÇU (MG) - A ABRAz - Associação Brasileira de Alzheimer divulga, em 2017, o Mês Mundial da Doença de Alzheimer – Setembro e o Dia Mundial da Doença de Alzheimer – 21 de setembro, em todo o país, datas instituídas pela ADI (Alzheimer's Disease International), entidade internacional que congrega mais de 80 Associações de Alzheimers no mundo e a OMS (Organização Mundial de Saúde). Para a ABRAz, essas datas refletem uma oportunidade para sensibilizar a população em geral, profissionais da área, entidades públicas e privadas de saúde, bem como as diversas esferas governamentais para a condição – Demência, que acomete mais de 1 milhão e 600 mil brasileiros.
Em entrevista ao Portal Caparaó, a médica geriatra Dra. Elis de Oliveira Campos Paiva Mol, conta que a campanha internacional tem com objetivo aumentar a conscientização sobre a demência e orientar a população em como ficar atenta aos sinais e sintomas da doença. “O mês de Setembro é um tempo para ação, um movimento mundial conjunto para propor mudanças, bem como um tempo para refletir sobre seu impacto, uma doença que irá afetar mais e mais pessoas à medida que os anos passam”.
O tema desse ano da campanha é ALZHEIMER: EU NÃO ESQUEÇO! “Destacando a detecção e o diagnóstico precoces da demência, nós encorajamos a todos reconhecerem os sinais e sintomas iniciais para procurar suporte onde estiver disponível e aumentar a conscientização da necessidade de cuidado adicional para aqueles afetados pela doença ou os que vivem com ela”.
Demência é um nome coletivo para as síndromes cerebrais degenerativas progressivas que afetam a memória, pensamento, comportamento e emoção. A doença de Alzheimer e a demência vascular são os tipos mais comuns de demências, responsáveis por mais de 90% dos casos.
Dra. Elis Campos conta que os sintomas podem incluir:
- Perda de memória e o esquecimento de fatos recentes bem como dificuldade de aprender coisa novas. Nas fases iniciais, o paciente consegue se lembrar de uma festa que ocorreu há 20 anos, mas não sabe dizer o que comeu no café da manhã;
- Dificuldade em encontrar palavras ou compreender o que as pessoas dizem;
- Dificuldade em desempenhar tarefas rotineiras como usar o telefone ou cozinhar;
- Problemas de discernimento, como dificuldade em se vestir de acordo com a estação do ano, por exemplo;
- Alteração brusca do humor sem razão aparente;
- Alteração na personalidade de modo a se identificar na pessoa apatia, confusão, agressividade ou desconfiança;
- Perda de iniciativa, com características de desinteresse pelas atividades habituais, apresentado apatia;
- Mudanças de personalidade e do humor;
- Perda da noção do tempo, o que lhes causa confusão com datas, estações e o próprio passar das horas
- Perda progressiva da capacidade de tomar decisões;
- Esquecer-se do local onde guardou um objeto e não ser capaz de fazer o processo mental retroativo para se lembrar;
A médica pontua que a demência desconhece limites sociais, econômicos e geográficos. Embora cada pessoa tenha uma experiência única, eventualmente aqueles afetados estarão impossibilitados de cuidar de si e precisarão de ajuda em todos os aspectos da vida diária. No momento, não há cura para muitos dos tipos de demências, mas tratamentos, orientações e suporte estão disponíveis.
A cada 3 segundos alguém no mundo desenvolve demência. O número de pessoas vivendo com essa síndrome cerebral degenerativa no mundo, irá quase duplicar a cada 20 anos, alcançando uma estimativa de 131, 5 milhões de pessoas por volta de 2050.
A Demência é hoje amplamente reconhecida como uma das mais significativas crises de saúde do século 21.
Lamentavelmente, a ausência de uma política pública torna os governos despreparados para a epidemia de demência e há uma necessidade urgente de ação colaborativa e global para combater tal impacto. Em maio de 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adotou um Plano Global Contra a Demência, com metas para o progresso em áreas como a conscientização da doença, redução de risco, diagnóstico, cuidados e tratamento, suporte para parceiros de cuidados e pesquisas; a ser instituído em todos os países membros dessa entidade até 2025.
Principais Informações:
DADOS ESTATÍSTICOS
· Em 2017, estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas vivem com demência no mundo, e isso deverá aumentar para 131,5 milhões em 2050 se estratégias efetivas de redução de risco não forem implementadas em todo o mundo.
· A maioria das pessoas com demência vive em países de baixa e média renda e o número em algumas regiões deverá aumentar em cinco vezes até 2050. Espera-se que o número de pessoas que vivem com demência dobre em países de alta renda.
· Uma pessoa desenvolve demência no mundo a cada três segundos. Em 2017, espera-se cerca 10 milhões de novos casos de demência.
Por isso a importância de políticas públicas de saúde para atender essa população de idosos.
PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO
· O diagnóstico precoce é importante para garantir que as pessoas que vivem com demência e seus parceiros de cuidados possam viver da melhor forma possível por mais tempo e ter acesso ao suporte de que precisam.
· Apenas um em cada dez indivíduos recebe um diagnóstico de demência em países de baixa e média renda e menos de um em cada dois indivíduos são diagnosticados em países de alta renda. Mais pessoas que vivem com demência precisam ter acesso a um médico que possa fornecer um diagnóstico e ajudar a planejar o apoio necessário.
· A prevenção e o diagnóstico precoce da demência podem economizar dinheiro dos governos, reduzindo o alto custo das intervenções de emergência e de saúde evitáveis, melhorando os cuidados e aumentando a eficácia dos serviços de assistência social, comunitária e outros.
· O diagnóstico precoce tem o poder de mudar a percepção da demência, ao demonstrar que se pode ter uma vida boa tanto quanto possível, desde que se tenha um adequado suporte, respeito e acesso a serviços.
· Os indivíduos com diagnóstico de demência inicial têm uma oportunidade única de participar de pesquisas, que podem identificar novos tratamentos.
. Orientação para os familiares de como conviver com pacientes com demência, e como ajudá-los no dia a dia a terem uma vida dentro dos padrões da normalidade.
Dra. Elis Campos explica que o “tratamento de Alzheimer é feito com o uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. Como a doença não tem cura, o tratamento deve ser instituído para manter a qualidade de vida visto que o indivíduo se torna dependente de outros para realizar suas atividades de vida diária, como comer, escovar os dentes ou tomar banho. E é de extrema importância que haja um cuidador próximo para auxiliar e evitar que o paciente corra perigos e perca sua qualidade de vida”.
Redação do Portal Caparaó