O foco dos processos de certificação é justamente para viabilizar uma cafeicultura sustentável. A partir de 2002, surgiram processos para incentivar a redução de custo do sistema de produção, agregação de valor através de melhoria do produto, gestão da comercialização e benefícios ambientais e sociais. Desde o ano passado, um grupo de oito produtores da Associação de Café Especiais (Scamg) resolveu melhorar a produção de suas nove fazendas. “O mercado internacional quer saber a qualidade do café que está consumindo. O processo de certificação garante que o produto foi elaborado dentro de boas práticas agrícolas. Com um código de barras, eles têm condição de saber de onde veio e como foi produzido”, afirma o diretor de comercialização da Scamg, Alexandre Leitão.
Foi a terceira certificação em grupo no país, mas a primeira a atingir 100% das exigências. “Nós chegamos ao processo de auditoria atendendo a todos os 276 itens com não conformidade zero. Queremos multiplicar isso e nos tornar referência para as outras fazendas da região”, afirma o presidente da Scamg, Marcelo Garcia. Ele diz que o mercado quer saber como o café foi produzido e é muito exigente, mas “está disposto a pagar mais por isso”.
35 MIL SACAS
As fazendas certificadas estão em Manhuaçu, Manhumirim, Durandé, Martins Soares, Reduto, Santa Margarida, Lajinha, Vermelho Novo, Caputira e Matipó. A expectativa é produzir 34.890 sacas na safra 2007/2008.
Alexandre Leitão afirma que outra vantagem é que o grupo pode ampliar em 10% a área já reconhecida a cada ano, sem a necessidade de novo processo. Além disso, ele fazem uma auditoria permanente nas propriedades certificadas.
O ponto em comum nos certificados Utz Kapeh e Eurepgap é a promoção das “Boas Práticas Agrícolas” (BPA) como estratégia central de uma produção, que leve em conta as dimensões social, ecológica e econômica da sustentabilidade, contribuindo também para a segurança alimentar.
O diretor comercial Mauro Heringer defende que outro ponto que a certificação ajudou muito os produtores foi a gerenciar suas propriedades. “Foi preciso adotar uma estratégia de gestão da produção e da propriedade, com capacidade de controle e monitoramento ao longo do processo de produção e beneficiamento. Os produtores sabem muito melhor quais os custos da sua produção e adotam posturas muito melhores em relação aos trabalhadores e ao meio em que estão inseridos”.
Segundo Mauro Heringer, desde 2005, os associados da Scamg entraram no programa Gestão Orientada para o Resultado do Sebrae-MG. “A orientação deles foi essencial para a mudança de muitas posturas”, destacou.
RASTREABILIDADE
A rastreabilidade do produto é outro ponto fundamental para os compradores. “A questão da segurança alimentar é quesito principal a ser considerado por compradores, importadores, traders e redes varejistas, independentemente do método de produção utilizado, orgânico ou convencional. Nos tempos globalizados de hoje, onde temos acesso a produtos e alimentos provenientes das mais diversas partes do mundo e onde o consumo e a produção de alimentos cresce gradativamente, a origem do café como de uma fazenda certificada é garantia certa para eles”, explica o presidente Marcelo Garcia.
Carlos Henrique Cruz - Fotos Diogo Abineder - 10/05/07 - 07:45