ARAPONGA (MG) - Com o intuito de estimular o empodermento e a organização das mulheres cafeicultoras, o Encontro “Batom, Café e Prosa”, em Araponga, contou com palestras sobre o papel da mulher no campo, saúde e inteligência emocional, além de momentos de descontração e sorteio de brindes. Cerca de 150 moradores do município e de cidades vizinhas participaram do evento, que foi realizado pelo Senar Minas, Sindicato de Produtores Rurais de Viçosa e Prefeitura na sexta-feira (2), no salão da Paróquia de São Miguel.
“Foi um evento muito saudável ao mostrar a importância da união para as mulheres de Araponga. Foi visível como elas estavam satisfeitas por estarem ali”, disse a gerente do Senar em Viçosa, Silvana Novais.
A primeira palestrante foi a professora Viviani Silva Lírio do Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Ela chamou a atenção para três pontos importantes. “O primeiro é de a mulher se reconhecer formalmente como participante desse agro empoderado da Zona da Mata, não de uma maneira coadjuvante, indireta, mas de uma maneira central. Em segundo lugar, uma reflexão: reconhecer que o que a gente sabe está a ponto de se adaptado, na tecnologia, na forma de gerir a fazenda, de organizar os insumos. Isso resulta na melhoria da qualidade de vida”, afirmou.
Já o terceiro ponto envolve a escolarização e a capacitação. “Que elas se envolvam de maneira regular nessa ideia, que promove efeitos benéficos para a vida da família. Muitos estudos apontam que, quando a mulher muda, o ambiente familiar e da comunidade muda de uma maneira mais expressiva do que quando o homem muda”, destacou.
A fundadora do capítulo brasileiro da Aliança Internacional das Mulheres no Café (IWCA), Josiane Cotrim, e a presidente da IWCA Brasil, Cintia Matos, destacaram a importância da organização das mulheres. “O ponto alto é a iniciativa de se aproximar mais do coletivo, de se integrar à região de Matas de Minas, dentro da filosofia de que ‘sozinho você vai rápido, mas junto você vai longe’. Os desafios são comuns à cafeicultura, como a comercialização, mas precisamos abrir mercados. Nós, mulheres, temos poder agregador e estamos aqui para o futuro da cafeicultura”, ressaltou Cotrim.
“Quando a IWCA se propõe a ir às comunidades, nós queremos agregar valor a essas mulheres. A mensagem é que elas busquem boas parcerias, que se fortaleçam e participem mais, mas sempre em conjunto. O propósito é mostrar que existe a IWCA e estimular que elas se profissionalizem”, acrescentou Matos.
A secretária-executiva do Conselho das Entidades das Matas de Minas, Amara Alice Cerqueira, também reforçou o papel do Conselho das Matas de Minas, falou sobre a criação da região produtora de café e as principais ações que estão sendo desenvolvidas, como o selo de rastreabilidade.
A coordenadora do Café+Forte pela FAEMG, Ana Carolina Gomes aproveitou o evento para apresentar o programa, que realiza a transferência de tecnologia nas áreas de gestão e custos, aumentando a capacidade de gerenciamento do cafeicultor mineiro.
A produtora rural Luciana da Silva, da comunidade de Areia Branca, trocou as atividades na propriedade para se dedicar ao encontro por um dia. Natural do Rio de Janeiro, ela mora há 13 anos em Araponga, onde trabalha com o marido na cafeicultura. “Foi maravilhoso, muito proveitoso. Deu para absorver muita coisa. E que lição a IWCA nos trouxe! ”, comentou.
A produtora rural Margarida de Lisberto de Paula, de 76 anos, também aprovou o evento. “Foi bom demais, passou muita informação boa. Todo dia podia vir essa mensagem para nós”, contou.
Várias comunidades foram convidadas para o evento. Segundo a secretária de Agricultura, Giovanelha Gomes, o objetivo foi estimular que as mulheres ampliem a participação na gestão da propriedade. “Ela é vista como mão de obra aqui, não tem participação na tomada de decisão. Queremos mostrar que elas podem e que isso vai trazer benefícios para a família. Queremos que as mulheres se inteirem mais sobre a cadeia produtiva do café”, explicou.
O prefeito Luiz Henrique Teixeira Macedo destacou que o café de Araponga é um dos melhores do Brasil. “A agricultura ainda move o Brasil e nosso café é um dos melhores. Vamos investir em qualidade”, afirmou.
A cafeicultora Simone Dias Sampaio Silva foi convidada a falar sobre o seu envolvimento com o café. Após anos morando fora, ela retornou ao município para assumir a gestão da propriedade ao lado do marido. Mesmo com todos os desafios, o Café Jardim das Oliveiras já recebeu vários prêmios de qualidade. “Foi um momento especial por falar na minha casa, com as minhas vizinhas e colegas, foi enriquecedor mostrar que somos capazes e que temos oportunidades de nos capacitar e chegar longe”, contou.
A gerente do Senar Minas em Viçosa, Silvana Novais, e a mobilizadora do Sindicato de Produtores Rurais de Viçosa, Mirivone da Silveira Roberto, receberam cestas com produtos regionais da secretária de Agricultura, em agradecimento à forte parceria entre a prefeitura e as entidades.
A programação também contou com a palestra da coach Thaís Paiva, que explicou sobre inteligência emocional e alta performance e realizou uma dinâmica com as participantes. Já a psicóloga Vitória Souza falou sobre depressão e ansiedade, como identificar os principais sintomas e a importância de procurar ajuda especializada.
O evento teve o apoio da IWCA, Associação de Cafés Especiais de Araponga (Asca), Associação dos Cafeicultores Familiares de Araponga (Acafa), Emater-MG, Região das Matas de Minas, Bourbon, Café Jardim das Oliveiras, Central Campo, Cresol, O Boticário e Unimed.
Fonte:http://www.sistemafaemg.org.br