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Senar Minas trouxe boas experiências ao Simpósio sobre Cafeicultura

28/03/2018 - Atualizado em 29/03/2018 13h28

MANHUAÇU (MG) - O Senar Minas marcou presença no 22º Simpósio sobre Cafeicultura das Matas de Minas, em Manhuaçu. A entidade, em parceria com o Sindicato de Produtores Rurais de Manhuaçu, ofereceu o Dia das Mulheres Produtoras de Café, oficinas de torra, exposição de artesanatos em taboa e doces de ex-alunos e cafés dos produtores assistidos pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG Café). Além disso, o coordenador da Assessoria Jurídica da FAEMG, Francisco Simões, ministrou palestra sobre o Funrural e os visitantes puderam conhecer os cursos e programas da Faemg e do Senar no estande.

O Simpósio reúne cafeicultores, agrônomos, técnicos em cafeicultura, empresários, representantes de setores governamentais e exportadores para uma série de palestras e debates sobre questões e dificuldades ligados ao mundo café a fim de fortalecer o setor cafeeiro. O evento é uma realização da Associação Comercial, Industrial e de Agronegócios de Manhuaçu (Aciam).

O Dia das Mulheres Produtoras de Café reuniu cerca de 300 pessoas de vários setores da cadeia. Um dos destaques foi a apresentação do e-book “Mulheres dos Cafés no Brasil”, construído de forma colaborativa por 40 autores, de diversas áreas. Com 17 capítulos e 298 páginas, o livro analisa os dados coletados junto a mais de 700 pessoas, traça o perfil das mulheres do setor cafeeiro e conta histórias sobre elas.

Dia das Mulheres da Cafeicultura em Manhuaçu

“É muito importante divulgar nas regiões que existe esse livro porque muitos dizem que não há mulher cafeicultora no Brasil e isso afeta comercialmente o preço. A realidade é que há mulheres em toda a cadeia produtiva. Mas também é importante não parar. É preciso continuar esse livro e ampliar esse trabalho. Ainda existem muitas histórias bacanas para serem contadas”, destacou a gerente regional do Senar em Viçosa, Silvana Novais, que foi uma das autoras.

No evento, a pesquisadora da Embrapa Café, Helena Maria Ramos Alves, falou sobre o processo de construção do livro e os resultados e a ex-presidente da Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA), Josiane Cotrim, ministrou palestra com o tema “Mulheres do Café no Brasil. Elas existem e trabalham muito”. A presidente da IWCA Brasil, Cintia Matos, apresentou todo o evento e destacou a importância das mulheres.

“Não há estatísticas e observamos que as informações que estavam sendo passadas para o mundo não correspondiam à realidade. Fala-se que o Brasil tem uma cafeicultura muito tecnificada, mas não é só isso. Em 2012, num simpósio, a IWCA e a Embrapa começaram a dialogar e a ter essa ideia de mostrar o que era a cafeicultura brasileira do ponto de vista feminino”, lembrou Josiane.

A publicação do e-book contou com recursos da IWCA Global, Fundação Solidaridad, Itaipu Binacional, Mapa e Embrapa, além de outras parcerias. Na noite anterior, o livro já havia sido apresentado a autoridades pela a coordenadora do programa de café e gênero da Fundação Solidaridad, Nicole Gobeth. O link para fazer download do livro é este: https:goo.gl/ivUYwj .

Produtoras rurais também receberam homenagens durante o evento. A cafeicultora Maria José Costa Pires, de 34 anos, representou a mãe Conceição. Após a morte do marido, ele criou os filhos com a renda proveniente do café e vive na lavoura. “As mulheres antes não eram vistas como trabalhadoras. Minha mãe é uma guerreira”, afirmou.

Hoje apenas um dos filhos, que é padre, não vive do café. A filha Maria José, conhecida como Zezé, é a coordenadora do grupo de Mulheres da Coocafé, em Lajinha, com tem 15 integrantes. “Estou no grupo há quatro anos e minha qualidade de vida mudou. Estou sempre em busca de novos conhecimentos para melhorar e hoje sou capaz de resolver tudo na propriedade sem o meu marido”, contou.

O Sindicato de Produtores Rurais é parceiro do Senar em Manhuaçu. Para a mobilizadora do sindicato, Isaura Paixão, esta é uma oportunidade de reunir as mulheres da região e promover a interação e a troca de ideias. “Nosso objetivo, em parceria com a Aciam e o Senar, é levar informações e tecnologia para melhorar a produção. A nossa moeda é o café. Temos que ter o máximo de cuidado para ajudar o produtor e ele está tendo uma grande ajuda com o curso de agronegócio, o ATeG e tantos outros cursos que o Senar oferece”, acrescentou o presidente do sindicato, Lino da Costa e Silva.

Francisco Simões fala sobre Funrural
Silvana Novais e Caio Oliveira

Uma das palestras desta edição do Simpósio foi do coordenador da Assessoria Jurídica da FAEMG, Francisco Simões, que orientou sobre o Funrural. “São duas mensagens: uma contando o que a nova lei trouxe a partir de 1º de janeiro de 2018 e a outra é explicar como é o Refis, ou seja, o parcelamento especial para os débitos do Funrural”, resumiu.

ATeG Café

Produtores assistidos pelo ATeG Café puderam expor seus produtos no estande do Senar. Cleber Henrique Viana, além de levar o café Cruzeiro, levou até um sabonete feito à base de café e com grãos que ele e a esposa fabricam em Manhuaçu. Aos 16 anos, já ajudava o pai na lavoura, mas foi depois de casado, há 19 anos, que passou a ter o próprio negócio.

“O programa está ajudando a mudar o meu jeito de ver o café. Passei a fazer mais anotações e ter a dimensão dos custos e lucros. Jáo sabonete surgiu porque minha esposa sempre quis fazer. Começou como lembranças para festas, mas agora fazemos com uma forma que lembra o formato do grão”. O sabonete foi mostrado pelo deputado Mário Heringer na abertura do evento.

Cleber Henrique Viana apresentou o Sabonete de Café
Camila - Café do Sonho

Para o coordenador estadual do ATeG Café, Caio Sérgio de Oliveira, o caso mostra que o produtor está atento. “Não é só colher, beneficiar e entregar na cooperativa. Ele está conseguindo vislumbrar outras oportunidades e o programa tem o propósito de fazer esse direcionamento para que ele possa melhorar a qualidade de café e incrementar sua produtividade e renda dentro da cafeicultura”, explicou.

O programa começou em 2017 e já rende bons resultados. “Apesar de ser um curto período de tempo, com o empenho dos produtores, conseguimos colher resultados muito interessantes do progresso que eles tiveram com o apoio do Senar. A importância de trazer o produtor até aqui é que ele possa conhecer um pouco do universo da porteira para fora, o que o mercado está falando, quais as oportunidades que ele pode aproveitar na cadeia da produção do café”, avaliou.

Outro expositor foi o cafeicultor Horácio Antônio de Moura, de Simonésia, que levou para o estande diversas amostras, uma delas de um café que vendeu para empresários da Alemanha. “O ATeG veio nos ajudar e dar mais ânimo e novas informações”, comentou.

Para um dos técnicos do programa, Sebastião Vinícius Brinate, esta é uma oportunidade de aprimorar o trabalho. “É ótimo poder ver as novidades, trocar ideias e encontrar outros caminhos para inovar na produção e levar isso até os produtores”, afirmou.

Oficina de Torra

Duas oficinas de Torra de Café foram oferecidas durante o Simpósio pelo Senar Minas. Os cerca de 20 participantes eram produtores e estudantes de Cafeicultura no IF Sudeste em Manhuaçu. Segundo o instrutor Marcos Reis, foram abordadas as principais características e regras de torra de café. “Passamos os conceitos básicos. Após a teoria, vamos à prática. A gente torra o mesmo café em quatro torras diferentes: cru, cozinho, queimado e no ponto. Degustamos e vemos o resultado na xícara”, explicou.

Um dos participantes foi o cafeicultor Vicente Faria, que tem uma pequena torrefação em Manhuaçu. “Vim adquirir mais conhecimento. Foi interessante a técnica que o instrutor mostrou, os tipos, as curvas de torra, o potencial de cada café conforme a torra e como o sabor muda”, contou.

Ex-aluna do Jovem no Campo e Barista - Gabrielle Nascimento de Oliveira
Doceira Márcia Maria Gonçalves Pereira

Entre outros cursos oferecidos pelo Senar na área do café é o de barista, além do programa Jovem no Campo. A ex-aluna Gabrielle Nascimento de Oliveira, 18 anos, encontrou no Simpósio a oportunidade de começar a atuar como barista. Ela ficou na barraca de um pequeno cafeicultor preparando o café para servir aos visitantes.

 “Esta é a minha primeira oportunidade. É muito bom quando você prepara e alguém toma e elogia. O café na região é um mercado que abrange muitas oportunidades. Sou apaixonada por café, fiz os cursos por prazer”, contou.

Camila Aparecida Barbosa de Oliveira também é ex-aluna e levou o Café do Sonho para o estande. Os visitantes puderam deliciar o expresso feito por ela e o marido Lázaro. Além de produzir, eles criaram uma cafeteira em casa, no distrito de Santo Amaro, em Manhuaçu. Os clientes do café, vendido em grãos, moído e cápsula, estão na cidade e em outros estados. “Fui me interessando pelo café, fiz vários cursos e hoje trabalhamos da lavoura até a xícara”, comentou Camila, de 28 anos.

Artesanato e Doces

No estande os visitantes também puderam conhecer o artesanato com fibras de taboa, feitos por uma associação local, e comprar os doces de Márcia Maria Gonçalves Pereira, de Reduto. Doceira há 16 anos, ela participa de feiras e atende a encomendas. Os doces mais procurados são os cristalizados de abacaxi, mamão e figo, os dois últimos recheados.

Márcia fez o curso de Doces Cristalizados há pouco tempo. “Era o meu sonho. Aprendi a fazer a cristalização de um jeito mais fácil e prático. Minha expectativa é de melhorar e produzir bastante. É uma grande ajuda no orçamento”.

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