PONTE NOVA (MG) - Em uma época na qual as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a saúde e com o bem-estar, a procura e o consumo de produtos orgânicos e cultivados sem a utilização de agrotóxicos têm se mostrado um nicho de mercado promissor. Neste contexto, a olericultura é uma área da horticultura que atende às perspectivas de consumidores exigentes e que estão atentos à procedência dos alimentos que vão à mesa.
O Complexo Penitenciário de Ponte Nova, no Território Mata, administrado pela Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), apostou neste nicho e está cultivando oleráceas e hortaliças como cenoura, alface, chuchu, repolho, couve, tomate, beterraba e repolho totalmente sem agrotóxicos, apenas com a utilização de adubos orgânicos, aplicando os métodos da olericultura. O resultado desta ação: uma horta repleta de mudas se desenvolvendo, presos aprendendo e trabalhando e entidades futuramente beneficiadas.
Segundo o diretor de atendimento do complexo, Igor Gomes Dias, a iniciativa prepara os detentos para o trabalho na horta interna, reativada recentemente, e a produção será doada a instituições filantrópicas do município. “Além de ocupar os presos com uma atividade positiva, a horta é uma oportunidade que o preso tem de aprender um ofício e ainda contribuir com as necessidades da comunidade”, aponta.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) foi parceiro da capacitação “Trabalhador Agrícola na Olericultura Orgânica” e a formação com carga horária de 24 horas instruiu dez presos em técnicas de cultivo de hortaliças orgânicas.
Marciano J. Teixeira é um dos detentos que participaram do curso e enxerga o trabalho com as hortaliças a possibilidade de um futuro mais digno. “O uso de viveiros para a produção das próprias mudas foi o que mais gostei no curso. Achei interessante aprender coisas novas e pretendo utilizar profissionalmente quando sair”, afirma.
A mobilizadora social do Senar, Mônica Vieira da Silva, explica que a procura por produtos orgânicos na Região da Zona da Mata teve um crescimento de 25% no último ano, e que acredita no aprimoramento do cultivo no Complexo Penitenciário de Ponte Nova. “Estamos trabalhando junto aos órgãos responsáveis pela agricultura do município, com a proposta de beneficiarmos a colheita na unidade prisional, de modo que os vegetais minimamente processados possam ser comercializados, gerando assim, renda”, destaca.
Trabalho e Ensino no Complexo Penitenciário de Ponte Nova
O Complexo Penitenciário de Ponte Nova conta com sete empresas parceiras de trabalho. São empresas de materiais esportivos, indústria e comércio de plásticos e materiais, brindes gaiolas, além das parcerias com a prefeitura municipal e forças de segurança locais (PM, PC e Bombeiros) na área de manutenção e limpeza dos espaços. A unidade conta com 140 presos estudando e 250 presos trabalhando.