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Amigos relembram trajetória do Padre Júlio Pessoa Franco

23/07/2018 - Atualizado em 23/07/2018 19h28

MANHUAÇU (MG) - A morte do Padre Júlio Pessoa Franco (87 anos) neste final de semana causou comoção. Nos relatos dos amigos e colegas, muitas citações sobre o exemplo de ser humano que ele foi. Simplicidade, lealdade, comprometimento, amor a Deus e exemplo de sacerdote foram adjetivos repetidamente citados nos depoimentos.

Ele trabalhou durante 60 anos servindo à Igreja Católica nas paróquias de São Lourenço e Bom Pastor e em Manhuaçu construiu a maior rede de comunicação da região.

Padre Júlio foi um extraordinário propulsor do crescimento de Manhuaçu, sendo por muitos anos diretor da Fundação Expansão Cultural (Jornal Tribuna do Leste, Rádio Manhuaçu, Rádio Nova FM). Esteve presente em inúmeras comunidades rurais da região, celebrando e dirigindo a construção de capelas. Dedicava-se, com fidelidade, ao atendimento do Sacramento da Confissão. Marcou gerações com sua voz grave, apresentando diariamente o programa "Prece do Amanhecer" na Rádio Manhuaçu.

O Coronel José Pedro de Assis, ex-comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar, lembrou o trabalho do sacerdote em Reduto: “Foi um trabalhador por nossa querida cidade. A gente deve uma reverência muito grande ao Padre Júlio. Era um padre empreendedor e que promovia a religião”.

Já o empresário Laurentino Xavier conviveu com ele durante mais de 40 anos, principalmente na época do Ipiranga Futebol Clube. “Foi um homem que Manhuaçu deve muito a ele, por toda a história dele, por tudo o que construiu. Em todas as áreas, mas principalmente, à frente da Igreja e da comunicação. Tive o privilégio de conviver com ele durante esse tempo e aprendi muito”.

Para o Presidente da Academia Manhuaçuense de Letras, Dr. Luiz Amorim, o Padre Júlio, durante toda a sua vida, passou serenidade, alegria, fé e honestidade. “Nós perdemos mais que um acadêmico, perdemos um professor, um amigo, uma pessoa que nos norteava, como o bom pastor que junta suas ovelhas e as faz ir pelo caminho do bem. Que Deus o abençoe e nos dê a serenidade para seguir os exemplos que ele deixou aqui na terra”.

O delegado aposentado, Dr. Paulo Roberto de Magalhães, que também é membro da Academia Manhuaçuense de Letras, citou que o Padre Júlio foi uma das primeiras pessoas que conheceu quando veio para Manhuaçu e sempre foi uma pessoa muito preocupada com a segurança. “Tivemos uma convivência muito profícua nos meus tempos de Polícia Civil e posteriormente na fundação da Academia Manhuaçuense de Letras, quando ele estava conosco até hoje. Era um exemplo de ética, de postura. Uma pessoa queridíssima de todo mundo e que só deixa boas lembranças”.

O presidente da ADESC, André Farrath, trabalhou na Gráfica Expansão Cultural na adolescência e afirmou que o padre Júlio era um visionário. “Veio para a cidade em tempos que o deslocamento era muito difícil e saia a cavalo para levar a palavra de Deus nos mais distantes locais da região. Construiu grandes empreendimentos e seu legado será sempre lembrado”.

Outro profissional que começou no mercado de trabalho na gráfica foi o advogado e contador Luiz Assis. “O Padre Júlio foi um referencial. Nas suas atividades de construção, trouxe gráfica, jornal, rádio, livraria. Ele foi um precursor para o progresso da cidade, além de ser um grande evangelizador. Ele praticava uma verdadeira entrega em prol dos outros e para levar a palavra de Deus. É digno de todo reconhecimento da nossa cidade”.

O empresário Moisés Pêsso também afirmou que deve muito ao Padre Júlio. “Foi uma pessoa que me incentivou muito na minha carreira profissional. Sempre me apoiou e eu sou muito grato por tudo isso. Nos últimos tempos pude visita-lo e manifestar minha eterna gratidão, pela satisfação que tive em conhecê-lo. É uma perda muito grande para mim, para Manhuaçu e para toda a região”.

O ex-vereador Toninho Gama lembrou sua infância em Reduto onde conheceu o Padre Júlio nos anos 70 como sacerdote e depois, já adulto, foi compreender a importância da atuação dele para a comunicação da região. “Com certeza, isso impulsionou a disseminação da palavra do Senhor para todos através das ondas do rádio. Isso foi muito importante o crescimento da Igreja Católica na região. Por outro lado, os veículos de comunicação conduzidos por ele promoveram a informação e o conhecimento. É inegável se falar quantos profissionais de comunicação foram forjados pelas mãos desse sacerdote”. 

A prefeita de Manhuaçu, Cici Magalhães, decretou luto oficial de três dias em reconhecimento ao trabalho do sacerdote. “A notícia do falecimento do Padre Júlio me doeu profundamente. Foram mais de 60 anos dedicados ao sacerdócio. Ele era um empreendedor. Na época em que não havia internet, nossos únicos canais de comunicação regional eram a rádio AM, depois FM e o jornal Tribuna do Leste. E o mais importante é que ele usou dos meios de comunicação para levar a palavra de Deus. Conseguia ser firme e amável ao mesmo tempo. Tinha sempre uma palavra de conforto para acalmar os nossos corações. Tinha ideias incríveis com relação ao desenvolvimento regional. Como prefeita, quero expressar meu profundo pesar e deixo aqui nosso reconhecimento e eterna admiração pela pessoa do querido Padre Júlio”.

O empresário, Renato da Banca, que atualmente é o vice-prefeito de Manhuaçu, contou que teva uma convivência de longos anos com o padre. “Desde a adolescência trabalhando com jornais na cidade, nós tínhamos um contato muito diário. Depois, nas instituições e trabalhos sociais que passamos a colaborar, nossa rotina ficou cada vez mais próxima. Foi uma pessoa de um dinamismo enorme. Construiu um jornal impresso que se consolidou durante mais de 40 anos sob sua administração. Tenho um carinho muito grande e agradeço a Deus por ter convivido com ele, que sempre nos aconselhou muito na nossa vida pessoal e profissional. Manhuaçu perde muito”.

O Pastor Márcio Melo, da 1ª Igreja Batista de Manhuaçu, classificou o Padre Júlio como um referencial para todos nós. “Enquanto seres humanos, precisamos de referências. Ele foi sempre isso. Sempre tolerante, apaixonado pelo ser humano e que nos ensinou, com suas ações, como devem ser as atitudes daqueles que proclamam o evangelho, anunciam a paz e representam o Reino de Deus”.

Profissionais de rádios, jornais, internet e outros meios de comunicação manifestaram seus sentimentos. “Padre Júlio não foi apenas um empreendedor de veículos de comunicação e de obras de concreto. Ele moldou profissionais de comunicação. Foi o guia, o orientador e, acima de tudo, um incentivador. Foi ele quem deu oportunidade para muitos de nós começarmos a trabalhar seja na gráfica, no jornal ou na rádio. Hoje, meu sentimento é de agradecimento. De gratidão por tudo que ele fez por nós”, resumiu o jornalista Carlos Henrique Cruz.

Nas redes sociais e nas celebrações, inúmeras foram as manifestações de pessoas de todas as comunidades. Todas as pessoas, em algum momento, tiveram oportunidade de contato com ele. E todos guardaram essa lembrança em seus corações.

Redação do Portal Caparaó / Fotos Mariza Tuelher e Arquivo Portal Caparaó

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