BELO HORIZONTE (MG) - Dezenas de apreciadores da bebida mais tradicional do Brasil espremeram-se na sala de cupping do Expominas, em Belo Horizonte, para degustar as amostras de cafeicultores atendidos pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG Café, desenvolvido pelo SENAR MINAS. Os cafés foram selecionados por sete q-graders que também são instrutores do SENAR.
Os grãos foram fornecidos por cafeicultores das regiões Sul e Matas de Minas e cerca de 450 deles estavam no evento. Segundo a gerente regional do SENAR em Viçosa, Silvana Novais, foram analisadas 342 amostras – número superior ao ano passado, primeiro em que os assistidos pelo ATeG participaram da SIC. A média de pontos alcançados pelos cafés também subiu: de 84 para 86,5 pontos.
Para Silvana, esse crescimento deve-se ao investimento dos produtores em qualidade. “A participação no evento do ano passado os alertou para o mundo do café. Eles viram de perto como a cadeia funciona fora da porteira, então investiram em qualidade, se inscreveram em concursos e estão conversando com compradores.”
Caio Sérgio Oliveira, analista técnico da Formação Profissional Rural do SENAR e coordenador do ATeG em Minas, o aumento da quantidade de amostras e da qualidade é uma evolução significativa do trabalho. “A assistência técnica é o momento de estarmos junto com o produtor, trocando ideias, aprimorar o trabalho”, avalia.
“Cafés excepcionais”
Enfileirados na sala de cupping à espera do próximo passo na degustação, Hugo Caruso, de Curitiba (PR), Andréia Marcato, de São Paulo (SP) e Luís Nacir, de Araraquara (SP), estavam pela primeira vez na Semana Internacional do Café e já traçavam planos, posto que Hugo é produtor e dono de uma micro torrefadora; Andréia é empreendedora e tem planos de exportar, e Luís é comprador.
Hugo buscava na SIC melhorar sua produção e oferecer novos sabores em sua torrefação e disse que estava impressionado com a qualidade dos cafés: “são cafés excepcionais, muito bons mesmo”. Andréia, que veio pesquisar, visando levar o café brasileiro para a Ásia, disse que tinha conversado com produtores que querem exportar e as chances são boas: “o café brasileiro é muito conhecido e valorizado no exterior, e essa troca de informações entre os participantes na SIC é muito importante nesse processo”. Mais direto, Luís já tinha um veredicto: “são bebidas finas, ótima– acredito que vou fazer negócio”.
Concurso de Qualidade
Depois do sucesso de 2017, o Programa ATeG Café promoveu novamente seu concurso de qualidade, que este ano alcançou notas ainda mais altas que no ano passado. A premiação foi no Espaço Café+Forte, que ficou lotada de produtores e contou com a presença do presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, o presidente do Sistema FAEMG, Roberto Simões, e o superintendente do SENAR MINAS, Christiano Nascif, que entregaram os troféus aos três vencedores de cada categoria.
João Martins elogiou os resultados da assistência técnica aos cafeicultores mineiros e destacou que esse tipo de acompanhamento é fundamental para a agricultura hoje em dia – “Não existe produção sem assistência técnica”, disse, enfático. “Saio daqui entusiasmadíssimo com os resultados que eu vi. Os senhores vão ficar na história como pioneiros que abriram uma nova frente no Brasil. Sem assistência técnica não se pode levar tecnologia ao campo”, reforçou. Roberto Simões também elogiou o trabalho da equipe do SENAR MINAS e o empenho dos produtores e presenteou Martins com alguns cafés mineiros.
“O concurso vem para coroar mais um ano de trabalho, que mostra que estamos no caminho certo”, disse Caio Sérgio Oliveira, que também agradeceu ao trabalho da equipe de técnicos e supervisores do ATeG. Silvana Novais destacou o sucesso das salas de cupping e contou que os q-graders levaram 15 dias para avaliar todas as amostras e que a alta qualidade tornou o trabalho difícil, já que a diferença de pontos entre elas foi mínima. “Tivemos 43 compradores na primeira sala e pontuações altíssimas, entre 85,5 até 90,2 pontos”, elogiou.
A partir da esquerda, durante a premiação do Concurso de Qualidade do Programa ATeG Café: Ulisses Silveira, gerente regional do SENAR em Governador Valadares; Sérgio Carvalho, gerente regional de Patos de Minas; Christiano Nascif; Roberto Simões; João Martins; e, na ponta, Luiz Ronilson Paiva, coordenador de Formação Profissional Rural do SENAR MINAS
Todos os produtores que enviaram amostras para o concurso receberam um certificado de participação e a análise dos grãos enviados. Os ganhadores nas três categorias foram:
Natural – Sul de Minas:
1º - Paulo Doniseti Leão – 89,00 – Sítio Córrego do Ouro: “Estou muito contente em ter ganhado, muito contente com a ajuda do SENAR, que me ajudou muito no preparo desse café”
2º - Isaías Luciano da Silva Fernandes – 88,14 – Sítio da Herança
3º - Cleverson Raimundo Martins – 87,71 – Sítio Fagundes
Natural – Matas de Minas:
1º - José da Terra Pereira – 87,70 – Sítio São Pedro: “Produzo a 900 metros de altitude e não esperava ganhar. Estou muito satisfeito com o resultado, o SENAR me ajudou muito”
2º - Gilerson de Jesus Silvestre – 87,60 – Sítio Pinheiro Silvestre
3º - Bruno Pires Satler de Melo – 87,54 – Córrego Jaó
Cereja Descascado – Matas de Minas:
1º - Horácio Antônio de Moura – 90,14 – Sítio Córrego da Cambuta: “agradeço muito ao SENAR pela ajuda, estou muito feliz. Meu café é um catuaí amarelo e é muito bem cuidado, a higiene é fundamental em todo o processo”
2º - Valdinei Rezende Leles – 88,42 – Sítio Shalon
3º - Geraldo Aparecido Gomes – 88,35 – Sítio São Vicente
Empório SENAR
Não foram só os produtores de café que passaram pela assistência do SENAR MINAS que brilharam na SIC deste ano – ex-alunos dos cursos que produzem queijos, bebidas, embutidos, frutas, café e doces também chamaram a atenção dos visitantes, que a todo momento paravam no Empório SENAR para conhecer e degustar. O Empório estava montado no estande do Sistema FAEMG, que este ano também ofereceu uma cabine de fotos instantâneas onde o visitante podia escolher posar em uma das cinco regiões produtoras de café em Minas.
Segundo Suzana Diniz, analista de eventos do SENAR, a movimentação estava muito boa: “várias pessoas já chegavam aqui perguntando por determinadas marcas e produtos, o que mostra que a qualidade do que é produzido pelos ex-alunos do SENAR já é conhecida do público”, contou.