O número de casos de pessoas infectadas pela dengue explode em Manhuaçu. Apesar dos casos ainda dependerem de confirmação, as suspeitas indicam 236 pessoas apresentaram quadro clínico que indica a doença. O número, até o início da semana, já é superior ao apurado nos 12 meses de 2006: 147. O quadro de alerta mobilizou vários setores da sociedade ao longo dos últimos dias. O último segmento a se reunir com a Vigilância a Saúde foi o Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente (Comdema).
Com uma experiência pessoal, o presidente Fabrício de Souza Ribeiro abriu o encontro na terça-feira com o drama que viveu em 1998, quando trabalhava em Muriaé. “Eu passei por dias difíceis com dengue numa epidemia que atingiu a cidade. As pessoas precisam se mobilizar porque grande parte do problema é resultado da falta de prevenção”, explicou.
O quadro de Manhuaçu deixou o setor de saúde preocupado. Apesar de reivindicações para a utilização do chamado fumacê, a recomendação ainda é a aplicação de inseticida de menor impacto ao meio ambiente.
A diretora Emilce Estanislau Fialho contou que a preocupação é grande por causa da localização de Manhuaçu. A cidade está entre Caratinga, Carangola e Ipanema que apresentaram números assustadores de pessoas com dengue. “Algumas já controlaram os seus problemas, mas como muitas pessoas dessas cidades e de Manhuaçu circulam pela região, o mosquito pode muito bem picar alguém daqui enquanto estiver na outra cidade e isso gerará mais problemas em Manhuaçu”, explicou.
Emilce lembra que Manhuaçu, na condição de pólo estudantil e referência médica, atrai muitas pessoas de cidades da região, onde também há epidemia da doença. “Tem em Ipanema e em Caratinga e nós não conseguimos segurar a circulação do vírus e muita gente dessas cidades freqüenta Manhuaçu para estudar e utilizar o serviço de saúde, ou vice-versa”, ressalta.
VISITAS
Contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, estão sendo feitas visitas diárias a residências, por um grupo de profissionais, mas ainda assim é pouco para a Vigilância a Saúde. Os bairros com maior problema foram o São Vicente e Engenho da Serra e comunidades vizinhas a eles como Alfa-Sul e Santa Terezinha. Nem a Câmara Municipal, onde funcionam a Vigilância a Saúde e o Comdema, escapou do ataque dos mosquitos.
“É fundamental a participação da população, porque quase 70% dos criadouros são pratos e vasos de plantas e material guardado em casa, mas que poderia ser descartado”, apela Emilce.
A cidade era zona sob controle em relação à dengue, porém sua condição de pólo regional ajudou ao aparecimento da doença. Dos 240 casos suspeitos (dados até o início de maio), 37 já foram confirmados e 16 deram negativo. Só no bairro São Vicente estão 77 dos registros.
O Comdema decidiu promover ações de apoio a campanha de combate a dengue e auxiliar em trabalhos de orientação junto a Vigilância a Saúde.
Carlos Henrique Cruz - 20/05/07 - 20:12