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Cheias castigam cidades da zona da mata

18/12/2008 - Atualizado em 20/12/2008 14h11

Muriaé é o município mais castigado pelas chuvas dos últimos dias na Zona da Mata. Na cidade, de 95,5 mil habitantes, 10 mil pessoas foram atingidas pela cheia do Rio Muriaé. Desse total, 9 mil estão desalojadas e 1 mil foram para abrigos. Cerca de 1 mil casas, edifícios e lojas, além de 30 pontes, foram atingidos pelas enchentes, pelo segundo ano consecutivo. Foi criada força-tarefa de entidades, órgãos públicos e empresas, para amenizar os efeitos das inundações.

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 “A situação é mais grave que em janeiro de 2007, quando houve o rompimento da barragem de Miraí”, revela o arquiteto Fábio Almeida, coordenador-geral da frente de emergência. Segundo ele, algumas ruas, não inundadas no ano passado, desta vez não escaparam do transbordamento do rio, que subiu nove metros acima do nível, levando a cidade a decretar emergência.

Os bairros mais afetados pelas águas são José Cirilo, Napoleão, Dornelas, Santana, Barra, Praínha e parte do Centro, inclusive os prédios da prefeitura e da rodoviária. “Não estamos recebendo ônibus”, ressalta Fábio, que acumula a função de coordenador municipal da Defesa Civil. A estimava é de que o prejuízo seja de R$ 11 milhões na indústria, pecuária e no setor de serviços.

Fábio avalia que as enchentes consecutivas em Muriaé foram influenciadas pelas mudanças climáticas do planeta. Segundo ele, as inundações ocorriam numa freqüência menor, de 20 em 20 anos. Os registros revelam que o município sofreu com as chuvas em 1926, 1946, 1960, 1979, 1997, 2007 e 2008. “O dinheiro que poderíamos usar para o desenvolvimento teremos que gastá-lo na reconstrução da cidade”, lamentou.

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O tenente Patrick Gomes, do Corpo de Bombeiros, classificou como muito grave a situação de Muriaé. Segundo ele, não bastassem os transtornos das inundações, moradores se recusam a deixar as casas, ficando no segundo piso. “O risco é grande, porque o nível do rio continua subindo”, diz. Os 30 homens da unidades dos bombeiros receberam reforço do batalhão de Juiz de Fora.

CATAGUASES

Muitos moradores de Cataguases consideram que a cheia do Rio Pomba, que começou a subir na quarta-feira, é maior que a inundação de 1979, considerada a pior na história da cidade. No fim da tarde, o nível do rio estava 8,5 metros acima do normal. A água chegou a passar sobre a ponte metálica, que interliga a Região Central. Como a cidade, de 70 mil habitantes, não conta com uma unidade do Corpo de Bombeiros, uma equipe foi enviada de Ubá.

Segundo a Polícia Militar, 2,7 mil pessoas estão desalojadas em Cataguases. Cerca de 800 moradores foram levados para abrigos. “Vamos precisar de colchões, água potável, material de higiene e limpeza e comida pronta para o consumo, como leite e enlatados”, informou o capitão André Cotrin da Silva, comandante da companhia de Cataguases.

As águas atingiram cerca de 600 edificações, entre elas residências e lojas. “Nosso trabalho, no momento, é retirar a população ilhada dentro de casa”, disse o capitão. Para a tarefa inicial de resgate, as autoridades contam com nove barcos, inclusive alguns cedidos por voluntários.

De acordo com o comandante, além do Centro, 30 bairros foram atingidos pelas inundações, provocadas também pela cheia do Córrego Meia Pataca, que subiu 3,5 metros. “Os acessos por Leopoldina e Ubá estão interditados”, revela o capitão. A única possibilidade de chegar é por Miraí, que, por sua vez, só tem acesso por Guiricema.

Atingida, no ano passado, pela lama de uma barragem de rejeitos de bauxita que se rompeu, Miraí, com a nova enchente, contabiliza 30 ocorrências. Seis famílias do Bairro Jacaré estão desalojadas. No distrito de Dores da Vitória, uma casa foi atingida por um barranco. Duas pessoas ficaram feridas.

CARANGOLA

Em Carangola, o rio que leva o mesmo nome chegou a ficar quase quatro metros acima no nível normal. Vários bairros da área rural e urbana foram alagados. Segundo a Defesa Civil, 160 pessoas estão desalojadas. Na Zona da Mata, que na madrugada de terça registrou o pior acidente desde o início do período chuvoso, com morte de quatro pessoas de uma mesma família soterradas em Ervália, também houve inundações em Ubá, Guidoval, Piranga, Senador Firmino, Santana de Cataguases, Astolfo Dutra, Brás Pires e Juiz de Fora. Em Dona Euzébia, a situação é grave. O Rio Pomba alagou várias ruas e provocou desabamentos.

Ricardo Beghini - Estado de Minas - 12:04 - 18/12/08 - portalcaparao@gmail.com

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