REDAÇÃO - Reportagem do Jornal O Tempo deste domingo, 12/07, destaca um levantamento realizado com base nos dados de telefones celulares. O estudo revelou que o isolamento social nas cidades do interior mineiro é cada vez menor. E como reflexo, o ritmo de crescimento dos casos confirmados de coronavírus cresceu, aponta pesquisa do Observatório Social da Covid-19 da UFMG, em parceria com o grupo isola.ai, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
A implementação do estudo só foi possível por conta de uma tecnologia desenvolvida pela empresa In Loco, que usa o sistema de geolocalização dos aplicativos nos celulares. Com isso, é possível mensurar a variação do número de pessoas que saíram de suas casas. A base de dados tem informações anônimas da movimentação de 60 milhões de aparelhos em todo o país.
Interiorização da pandemia
Conforme o professor Marden Campos, do Departamento de Sociologia da UFMG, um dos pesquisadores do estudo, Minas Gerais tem uma situação diferente dos demais Estado do país frente à pandemia: a maioria dos casos não está concentrada na região metropolitana de Belo Horizonte, mas no interior.
Para ilustrar esse panorama, o especialista cita a situação de Manhuaçu, na Zona da Mata. No dia 6 de junho, a cidade tinha 26 casos positivos da doença, índice que subiu 326 no boletim divulgado neste sábado (11) pela Secretaria de Estado de Saúde – um aumento de 1.153%. “O município representa bem a fase atual da disseminação da doença no Brasil, marcada pela interiorização”, declarou.
Os dados da geolocalização dos aparelhos celulares na cidade, que tem 90 mil habitantes, mostram que a adesão ao isolamento social está na casa dos 35% – no fim de março, o índice era superior a 50%. “As cidades que não têm conseguido manter as pessoas em casa devem se preparar para uma disseminação rápida do vírus em suas populações”, enfatiza o pesquisador.
Cidades exemplo
Na outra ponta, estão cidades do interior consideradas exemplo pelo estudo, como Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, Ouro Preto, na região Central, e Barbacena, no Campo das Vertentes. Segundo o levantamento, os melhores índices de isolamento social foram alcançados entre os dias 18 e 31 de maio. E essas cidades contabilizam entre dois e cinco óbitos da doença.
A capital, que abriga 52% da população mineira, também é considerada um bom exemplo, já que possui 40% dos casos da Covid-19. "É quase certo que as medidas de isolamento social foram implementadas na capital antes que a doença se espalhasse. E vários municípios do estado não promoveram o isolamento social ou não foram bem-sucedidos, e os casos estão disparando”, explica.
Já Uberlândia, no Triângulo Mineiro, tem 110 óbitos e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, contabiliza 46. Ao longo da pandemia, elas tiveram baixos índices de isolamento social. Todos os dados do estudo abrangem o período entre 1ª de fevereiro e 29 de junho.
O Tempo