MARTINS SOARES (MG) - Marinês Batista Aguiar e as filhas Maria Clara e Maria Cândida Aguiar Batista estão se dedicando à produção do Café Especial Grãos da Montanha há dois anos e contam com a ajuda das formações do Sistema FAEMG/SENAR/INAES nesse trabalho. Para otimizar o processo pós colheita, as cafeicultoras construíram um terreiro suspenso dentro da lavoura na Fazenda Pouso Alegre, localizada no Corrégo dos Teixeiras em Martins Soares, onde moram.
A inovação foi criada pelo engenheiro agrônomo e Dr. em Fitotecnia Milton Pereira Flores instrutor do SENAR, e ensinada à família durante o Curso Colheita e Preparo Pós Colheita Via Seca promovido com o apoio do Sindicato dos Produtores Rurais de Manhumirim e Prefeitura de Martins Soares. Segundo Marinês “o curso agregou muito conhecimento. Conseguimos esclarecer algumas dúvidas teóricas e aprender sobre práticas aparentemente corriqueiras, mas que fazem a diferença e facilitam o dia a dia”.
Para a produtora a tecnologia do que chamam de “terreiro de passagem” resolveu uma questão logística, já que a lavoura fica longe dos seis terreiros suspensos, também construídos na propriedade após cursos do SENAR. A instalação feita com paletes e sombrite “foi muito eficiente porque o grão já começa o processo de secagem lá na lavoura mesmo e sem contato direto com o chão ou outras impurezas”, relatou Marinês.
Milton reforça que “o início precoce da secagem e a limpeza contínua do café sobre os terreiros evitam qualquer risco de formação de "água-livre" na massa dos grãos, evitando a fermentação e formação de massa de resíduos em decomposição garantindo a melhoria da qualidade do produto”.
Sobre a inovação
Segundo Milton Pereira Flores a construção do terreiro suspenso na lavoura facilita e melhora o processo pós-colheita com foco na qualidade. Ele explica que os cafeicultores ganham tempo e aproveitam o espaço dos carreadores e caminhos da lavoura que, normalmente, tem elevada exposição solar e ventilação.
“Colocar o café recém-colhido e peneirado em terreiros suspensos instalados na lavoura favorece a grande perda de água que acontece nos primeiros três a quatro dias imediatos à colheita. Nesses terreiros podem ser colocados cargas de até 40 litros de café/m2 em três ou quatro turnos por dia”, esclarece.
Os terreiros dentro da lavoura podem ser instalados por andares nivelados, como se fossem prateleiras gerando melhor utilização do espaço. Além disso, “a declividade dos carreadores, facilita as operações de carga e descarga manual por deslizamento da massa de grãos”.
Milton também aponta que “as instalações resultam em um menor custo por transporte do café recém-colhido e acaba com a dificuldade do traslado entre a lavoura e o terreiro. O terreiro suspenso na lavoura também elimina o custo da limpeza de resíduos durante a secagem, e permite um maior e melhor controle das operações da colheita e pós-colheita”.
Para o futuro
Essa tecnologia ainda pode ser melhorada de diversas formas e é mais um avanço na busca por cafés de melhor qualidade, segundo Milton. Para ele, “cafés de pior qualidade tem os dias contados. E essa inovação deve ser usada para beneficiar as famílias cafeicultoras e de toda a cafeicultura brasileira”.