MANHUAÇU (MG) – Um jovem apaixonado por Manhuaçu vem resgatando a memória de uma cidade que não existe mais. Emerson Reis, de 25 anos, restaura fotos e vídeos antigos que são do acervo da Casa de Cultura Ilza Campos Sad, em Manhuaçu. Até o momento, o jovem já coloriu 208 fotos.
Emerson conta que a sua curiosidade e paixão por Manhuaçu o levaram a buscar mais informações sobre a cidade e assim começou a busca por fotos e documentos antigos. “Sou nascido e criado aqui em Manhuaçu, eu desde pequeno sempre bati palmas, cantei parabéns para uma cidade que eu não conhecia. Eu morava na Vila Deolinda, criança, quando nasci, até meu cinco anos de idade eu vivi na Vila Deolinda. Então a curiosidade de estar cantando parabéns para uma cidade que estava fazendo aniversário, e ficava perguntando meus pais: Manhuaçu? – É o lugar onde você mora! – Mas eu moro na Vila Deolinda -, sem saber que a Vila Deolinda estava dentro dessa cidade. Então desde pequeno eu tenho essa curiosidade de coisas antigas, meu pai sempre teve fitas cassete, disco de vinil, hoje sou colecionador de disco de vinil, tenho minhas fitas e meus discos. Sou um grande colecionador, gosto de estar guardando coisas dos anos 80 e 90, sou apaixonado demais, e eu sou muito fã dessa cidade de Manhuaçu. Eu gosto bastante, sou um cara que até luta bravamente por causa dessa cidade”, destaca.
Desde criança, Emerson queria saber como aqueles lugares, que ele via nas fotos em preto e branco seriam em fotos coloridas. “Então desde pequeno, matérias da escola, trabalho da escola, uma vez a professora mandou, e eu pesquisei sobre a cidade, aquelas fotos preta e branca, mas falei que coisa sem cor, sempre fiquei imaginando as fotos coloridas, desde pequeno. Já tive na época do Orkut, uma página que eu postava as fotos antigas que eu achava, recortes de jornais, eu já postava as coisas sobre Manhuaçu. Só que como eu era pequeno, não dava tanta descrição sobre o local, mas eu via bem fundo nas fotografias as pessoas, e isso desde pequeno vai criando uma história na cabeça da gente. Este ano, com a ajuda de uns aplicativos, com o uso do meu computador, nada profissional, não sou profissional nessa área, faço de boa vontade, porque eu gosto de estar fazendo isso, gosto de estar mexendo com as coisas antigas, digitalização de VHS, qualquer imagem, qualquer montanha que se passa Manhuaçu, eu vou lá e restauro”, pontua.
Ele ainda nos conta como é seu trabalho com as fotografias e vídeos que ele restaura. “Eu comecei as digitalizações este ano, no mês de julho e agosto. Eu vi um aplicativo pela internet, que é uma ferramenta básica, para eu já estar clareando um pouco a história da cidade. Usei esse aplicativo, gostei da primeira fotografia, nisso eu fui pesquisando fotografias e mais fotografias. Tive a ideia de procurar aqui também na Casa de cultura, SJ de Moraes me procurou onde eu tive um prazer imenso de estar aqui na Casa de Cultura para poder ajudar mais ainda a digitalização, sou muito grato a ele por ter me dado essa oportunidade de estar fazendo a reorganização de todos os documentos e a digitalização das fotografias. Então venho utilizando o aplicativo básico, o meu computador mais a impressora para escanear. Faço a digitalização, ponho a descrição, pesquiso quando foi, vou analisando cada fotografia, para ter noção do ano e a data, para não passar a informação errada para o povo que está vendo este tipo de fotografia. Digitalização de vídeos da cidade, como construção da rodoviária, construção das BR’s, a Rodovia do Estudantes, temos tudo isso guardado e claro em breve, em um site, um perfil, aonde possamos postar tudo isso no tempo certo. Devargazinho a gente vai conseguir chegar lá. Se teve todo esse tempo, as fotografias originais estão ainda guardadas, o que for possível farei para digitalizar elas e mostrar para o público da cidade”.
Emerson também nos conta que já atendeu alguns pedidos de pessoas que querem resgatar a história da sua família ou que querem ver vídeos que fazem parte da história de Manhuaçu. “Sim, eu já atendi a maioria dos pedidos. Nas digitalizações mesmo, quando começou, eu tenho os meus aparelhos de videocassete lá em casa há muito tempo. Já vinha fazendo pesquisas em Manhuaçu, uns colegas meus já sabem e outros falaram assim: – Emerson, tenta procurar para mim o programa Cléber Show -, da TV Catuaí. Eu assistia a TV Catuaí desde pequeno, gostava da programação, que era uma coisa simples, uma coisa assim tão cultural, cada programa. O programa Cléber Show, começou em 1998 e terminou em 1999, isso hoje em dia por eu estar procurando e querendo saber quem é Cléber Show, eu consegui encontrar a família Emerick, o Jonas Emerick que era o diretor do programa, o Cléber Emerick que é um grande amigo, sempre estou em contato com ele, sempre estou digitalizando os programas dele. Então eu já venho fazendo esse trabalho ali para eles. O programa Cléber Show já mostrava a população de Manhuaçu, então além de eu estar postando essa digitalizações, muita gente já estava me procurando para poder também ver se encontrava alguma filmagem de tal época. – Ah vê se você encontra aí a Feira da Paz de 1996; Vê se o programa em que eu participei -. Eu já pesquisava e mandava para a pessoa, com aquela ansiedade toda para a pessoa vê sabe, eu gosto de ver a alegria do povo”.
O jovem destaca que com as restaurações das fotografias, ele consegue enxergar um tom a mais, mais histórias para poder contar. “Eu gosto disso, eu gosto de estar conhecendo as pessoas de Manhuaçu. Eu quero que as pessoas vejam, matem a saudade. É muito do incentivo das pessoas esse trabalho meu, eu venho sendo incentivado por causa da população de Manhuaçu, quando mais comentários, mais histórias, mais fotografias eu estarei a dispor”.
Sobre ser um jovem que gosta de coisas antigas, Emerson reforça a sua paixão. “Por eu ser jovem, o pessoa fala, – Você na sua idade, gostar de coisas antigas -, eu gosto sim, eu quero saber dos meus antepassados, dos meus avós, dos meus tataravós, eu quero até criar aminha árvore genealógica. Então eu vou criando a dos outros”.
A reportagem perguntou ao Emerson o que ele acha sobre a cidade não ter preservado o seu patrimônio. “Manhuaçu tem que crescer, e cresce cada vez mais. É triste a gente perder, por exemplo, o Ginásio, a Escola do Ginásio. É triste ver algumas casas sendo destruídas para construir novos prédios, mas isso vem sendo guardado nas fotografias, onde a gente quer preservar a memória a história daquele lugar”, pontua.
As fotografias e todos o acervo da Casa de Cultura serão disponibilizados em breve, segundo Emerson. “Aqui na Casa de Cultura tem a história completa da cidade, temos registros aqui, além de fotografias, temos algumas imagens, algumas fitas, que também eu estou digitalizando, e também arquivos e documentos. Está tudo guardado aqui na Casa de Cultura. Está para fazer a inauguração da Casa de Cultura, a gente também está preparando a abertura da cápsula do tempo, que era para ter acontecido no dia 21 de setembro deste ano, por causa da pandemia não foi possível fazer essa abertura. Planejamos para o dia 5 de novembro, no aniversário da cidade, mas infelizmente também por questões financeiras, ainda não vai ser possível essa abertura. Mas creio que até ano que vem, em fevereiro ou março, já estará tudo organizado, até para visita, para o pessoal poder vir e ver as fotografias, os arquivos”.
Reportagem do Diário de Manhuaçu