Em Belo Horizonte, março se despede com um volume de precipitações 51% maior do que a média esperada para o período, mas os temporais não acabam nesta terça-feira e devem se estender abril adentro em todo o estado. No Norte, Nordeste e nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, a chuva vai se intensificar a partir de sexta-feira, enquanto dá trégua para a Zona da Mata, Sul de Minas e Região Metropolitana de Belo Horizonte, de acordo com o Instituto de Meteorologia Clima Tempo.
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram um acumulado de 248 milímetros em Belo Horizonte, de 1º de março até as 9h de segunda-feira. A média histórica do mês é de 164mm. Apesar de grande, o volume não vai superar os números do mesmo período do ano passado, quando choveu 346 milímetros. “Entre todos os elementos e variáveis meteorológicas, a chuva é o elemento mais aleatório. É comum não atingir todos os locais e o fazer com diferentes intensidades. Na segunda quinzena deste mês, ela aumentou muito e, a essa altura, é provável que tenha ocorrido em todas as regiões”, afirma a meteorologista Josélia Pegorim.
Janeiro e fevereiro também tiveram altas: choveu 5% a mais que o normal no primeiro mês do ano e 19% no segundo. Josélia explica que, tradicionalmente, dezembro é o mês no qual as precipitações são mais intensas em todo o estado, com volume médio de 319 milímetros. A grande concentração de umidade sobre Minas Gerais – alimentada pelas frentes frias sobre o Sudeste do país – associada ao calor são responsáveis pela formação frequente de nuvens e chuvas. As condições de relevo também facilitam o processo.
CALOR
Mas, para a meteorologista, quanto mais chuva em Minas melhor. “É fundamental que chova no estado para a geração de energia para o país. Minas é o berço de muitos rios. É preciso chover na cabeceira do Rio São Francisco, na Serra da Canastra, para encher Sobradinho, que é a principal geradora do Nordeste do Brasil. Um grande volume também é necessário para abastecer Três Marias e Furnas. No Triângulo, na divisa com Goiás, temos o Rio Paranaíba, cuja água vai para o Rio Paraná, na divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul e cuja água alimenta uma parte de Itaipu. Além disso, é essa água que nos sustenta durante a seca”, relata.
Se a chuva promete parar no fim de semana, o calor vai continuar intenso e, por causa do ar úmido, a sensação de dias mais quentes será maior ainda. Até quinta-feira, haverá predomínio de céu nublado com pancadas de chuva. Na sexta-feira, a instabilidade enfraquece e a possibilidade de precipitações diminui bastante. Semana que vem, as noites devem ser mais frescas, mas, por enquanto, frio mesmo ainda está longe dos modelos de previsão do tempo.
Landercy Hemerson - Junia Oliveira - Estado de Minas - 31/03/09 - 21:20