REDAÇÃO - Após registrar um recorde de produção de mais de 34,6 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado em 2020, segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Minas Gerais terá uma queda substancial no volume a ser colhido em 2021. O 1º Levantamento da Safra 2021, feito pela Conab, mostra uma estimativa de queda entre 36,1% e 42,8% em relação ao ciclo anterior, com a produção total estadual variando entre 19,8 milhões de sacas e 22,1 milhões de sacas de café beneficiado. A retração se deve ao ciclo de menor produção e foi agravada pelo clima desfavorável e pela redução da área em produção. Na região da Zona da Mata, a expectativa apontada é de produção entre 5,2 milhões e 5,8 milhões de sacas, representando decréscimo de até 40,8% em comparação à temporada passada.
No País, a estimativa é de uma produção total, somados conilon e arábica, entre 43,8 milhões e 49,5 milhões de sacas, indicando uma redução entre 30,5% e 21,4%, em comparação ao resultado apresentado na safra passada. De acordo com as informações da Conab, Minas Gerais é o maior produtor do grão, respondendo por 32% da safra nacional.
Para a temporada 2021 já era esperada redução frente a 2020, pois este ano é de bienalidade negativa da cultura. Porém, a queda da produção foi agravada pela escassez hídrica e pelas temperaturas médias elevadas que predominaram entre abril de 2020 e novembro de 2020. O clima desfavorável provocou a desfolha dos cafezais após a colheita da última safra e onerou ainda mais a recuperação das lavouras para o próximo ciclo.
Clima desfavorável
Com a falta de chuvas, as floradas tiveram uma carga aquém do esperado e também foram impactadas pelas dificuldades encontradas na realização dos tratos culturais, como a própria adubação, que ocorreu de forma atrasada ou até incompleta, devido ao clima seco.
“Minas Gerais foi um dos estados mais afetados pelo clima desfavorável. O início de safra foi muito difícil, com uma seca bem significativa entre agosto e outubro. Normalmente, a partir de meados de setembro, começam as chuvas que favorecem as floradas, o que não aconteceu em 2020. Na segunda floração, que acontece em outubro, assim como em setembro, choveu abaixo da média dos últimos anos. Com a falta de chuvas, menor área em produção e bienalidade negativa, o Estado terá uma safra menor”, disse o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Cleverton Santana.
Segundo os dados da Conab, a produção total de café no Estado foi estimada entre 19,8 milhões e 22,13 milhões de sacas beneficiadas, o que representa uma queda entre 42,8% (caso alcance o volume mínimo) e de 36,1% na estimativa de valor máximo frente à safra passada.
A produtividade das lavouras mineiras tende a retrair de 35,2% a 27,5%, podendo variar entre o volume mínimo de 21,57 mil sacas a 24,11 mil sacas de café por hectare no volume máximo. Na safra anterior, a produtividade alcançou 33,27 mil sacas por hectare. Queda também foi observada na área de café em produção (-11,8%), com o uso de 918 mil hectares em produção, ante 1,04 milhão de hectares produzindo na safra 2020.
Do total a ser colhido no Estado, a maior parte é de café arábica. Conforme os dados da Conab, a produção foi estimada entre 19,5 milhões e 21,8 milhões de sacas, retração de 43,2% a 36,5%. Para a produção de conilon, o volume tende a variar entre 301,1 mil sacas e 318,5 mil sacas, representando queda de 2,8% no volume mínimo e aumento de 2,8%, caso o volume máximo seja alcançado.
Retração pode ser generalizada
Nas regiões Sul e Centro-Oeste de Minas Gerais, que, juntas, são as maiores produtoras de café, respondendo por 25% da safra nacional, a estimativa é de produção entre 10,1 milhões e 10,9 milhões de sacas de 60 quilos, sinalizando redução de até 47,2% em comparação à safra passada.
As condições climáticas no início do ciclo foram desfavoráveis ao desenvolvimento das lavouras, com registros de precipitações abaixo das médias locais. Ainda foram registradas temperaturas muito elevadas. Todas essas anormalidades, segundo a Conab, provocaram uma maior desfolha nas plantas, abortamento de chumbinhos, queima de folhas e flores, seca de ponteiros, por isso, a expectativa é de perdas para a safra atual.
Na região do Cerrado Mineiro, a produção esperada está entre 3,9 milhões e 4,5 milhões de sacas de café, o que aponta para uma redução de até 35,5% em relação a 2020. A região também enfrenta condições climáticas adversas e isso deve impactar o potencial produtivo da cultura. Além disso, o efeito da bienalidade negativa influencia diretamente nessas variações previstas.
Na região da Zona da Mata, a expectativa apontada é de produção entre 5,2 milhões e 5,8 milhões de sacas, representando decréscimo de até 40,8% em comparação à temporada passada. Assim como nas demais regiões, a falta de chuvas, as altas temperaturas e a bienalidade negativa para esta temporada impactam a produção.
Nas regiões Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri, estima-se uma produção entre 612,1 mil e 850,9 mil sacas, queda de 12,9% no volume mínimo e alta de 21% na estimativa máxima. De acordo com a Conab, a variação entre as estimativas de volume se dá pela variação climática da região e diferença no perfil dos produtores e da tecnificação.
Diário do Comércio