REDAÇÃO - Música caipira com ritmos afrolatinos e rock psicodélico. É esse feijão tropeiro musical que dá o sabor da banda Roça Nova, formada por músicos que moram em Minas Gerais e no Espírito Santo. Tramoia é o nome do primeiro disco do grupo, que acaba de ser publicado nas plataformas musicais reunindo nove canções e uma faixa extra.
"Caipigroove" é a forma como a Roça Nova define seu som, com um baixo swingado e marcado no groove e influências da funk music, os solos de guitarra psicodélica inspirados tanto no rock de Jimmy Hendrix como na guitarrada, ritmo do Pará, percussão e violão trazendo elementos tradicionais, além da influência de bandas como Nação Zumbi com suas misturas musicais e regionalidades.
CAMBALACHO
"As canções falam muito do cotidiano das experiências, vivências e barreiras que a gente passa, fala sobre estar na terra e conseguir sentir isso", diz o baterista João Manga, que também assume o vocal em algumas faixas. As letras se inspiram no "surrealismo cotidiano, na psicodelia natural e na interpretação dos sentimentos", abordando questões sociais, culturais, ambientais.
Fundado em agosto de 2019, o grupo vinha se apresentando em alguns locais, ajustando a agenda dss integrantes, que vivem em diferentes cidades de Minas Gerais e Espírito Santo. Puderam tocar em locais próximo à divisa dos dois estados como Patrimônio da Penha, em Divino de São Lourenço, e Manhuaçu, do lado mineiro do Caparaó, além de se apresentarem em Itaoca, no litoral capixaba e municípios como Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, onde residem dois integrantes.
DOCUMENTÁRIO
O grupo é formado por Pedro Tasca (vocal), Marco Maia (guitarra), Hector Eiterer (baixo), João Manga (bateria e vocal) e Bernardo Leitão (percussão). Diante da pandemia, o Roça Nova teve que parar de tocar e aproveitou o momento para se concentrar na gravação do primeiro disco.
Foi na casa de João Manga, na tranquilidade de Patrimônio da Penha, que os integrantes resolver trocar o isolamento social individual por um isolamento coletivo, se reunindo por duas semanas para a pré-produção do disco, que foi gravado no Estúdio Nave, em Juiz de Fora. Em algumas faixas, o álbum conta ainda com participação de músicos convidados: Victor Miranda, Lipe Furtado, Tiago Croce, Kossin Dutra.
Junto com disco, o grupo também está lançando um documentário em três episódios chamado A Roça e a Cena, em que seus integrantes abordam a produção independente com suas dificuldades e também com as possibilidades permitidas pelas novas tecnologias, tornando a roça um espaço mais conectado com o resto do mundo.
A arte que compõe a capa do disco, feita por ATM, também ajuda a construir a identidade do grupo, contando com nove quimeras que representam cada uma das faixas, com colagens que se referem a elementos da fauna, flora e cultura do interior mineiro, com um toque psicodélico, claro.
Diante do cenário de pandemia, o grupo ainda aguarda ansioso a possibilidade de poder voltar aos palcos agora já com o disco em mãos, para uma turnê por Minas Gerais, Espírito Santo e outras unidades da federação.
Enquanto esse momento não vem, além de ampliar a divulgação de sua música com o lançamento do disco, o Roça Nova segue na promoção da campanha de financiamento coletivo, na qual pede doações de fãs e admiradores do trabalho artístico para lançar Tramoia em vinil, gravar o clipe oficial da música Cambalacho e reforçar os produtos de merchandising como camisas, prints, imãs e adesivos da banda.
Vitor Taveira / Século Diário