Portal Caparaó - PANDEMIA CONTINUA: Janeiro é o mês com mais mortes pela Covid-19 em Manhuaçu e região
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PANDEMIA CONTINUA: Janeiro é o mês com mais mortes pela Covid-19 em Manhuaçu e região

01/02/2021 - Atualizado em 01/02/2021 22h37

REDAÇÃO DO PORTAL CAPARAÓ - As festas de fim de ano, as viagens para praia e todos os outros desrespeitos às medidas de contenção do novo coronavírus contribuíram para que janeiro fosse o pior mês desde o início da pandemia em Minas Gerais. A cada 15 minutos, a média é de uma morte.

Em 30 dias, foram 2.938 óbitos — quase 100 por dia. No mesmo período, 183.084 pessoas contraíram a enfermidade do Estado. E, para piorar, não há expectativa de refresco. Especialista ouvido pelo jornal O Tempo prevê que, em fevereiro, o número de pessoas infectadas deve seguir alto.

Para se ter uma ideia da alta, em dezembro de 2020, foram registrados 1.861 óbitos. Isso significa que, na comparação com o último mês de 2020, janeiro acumulou 1.077 mortes a mais (aumento de 57%). Com relação a novembro, a diferença é ainda mais gritante. O penúltimo mês de 2020 teve 1.026 mortes relacionadas à Covid-19, ou seja, 1.921 falecimentos a menos do que o número registrado no primeiro mês de 2021 (crescimento de 186%).

MANHUAÇU

Em Manhuaçu, os números são alarmantes. Janeiro foi o mês mais tenso de toda a pandemia. O primeiro caso foi registrado na cidade em 30 de março e a primeira morte em maio.

Até o dia 30/12, havia 59 mortes somente em Manhuaçu. Em janeiro, foram 42 mortes. Totalizando 101 óbitos em 29/01. 

Para simplificar: entre março e dezembro foram 2.698 casos confirmados. Só em janeiro, foram quase mil casos novos. Até a sexta, dia 29, haviam 3.677 notificações com resultado positivo para Covid-19.

HOSPITAL CÉSAR LEITE

Os números do Hospital César Leite, que refletem os atendimentos dos casos graves de Manhuaçu e região na Unidade Covid-19, somaram 62 mortes só em janeiro no hospital, foram em média duas mortes por dia. Eram 188 óbitos até 28/12 e neste domingo, o número chegou a 250. Ou seja, 24,8% de todas as mortes ocorreu em janeiro.

Os números de Manhuaçu mês a mês:

Março - 1º caso confirmado – dia 30/03

Abril - 00 óbito – 03 casos confirmados - dia 29/04

Maio - 02 óbitos – 25 casos – 28/05

Junho - 07 óbitos – 200 casos – 30/06

Julho - 11 óbitos – 626 casos – 31/07

Agosto - 22 óbitos – 1082 casos – 31/08

Setembro - 35 óbitos – 1655 casos – 30/09

Outubro - 44 óbitos – 1913 casos – 31/10

Novembro - 47 óbitos – 2238 casos – 30/11

Dezembro – 59 óbitos – 2698 casos – 30/12

Janeiro - 101 óbitos – 3677 casos – 29/01

* Dados extraídos dos boletins diários somente de Manhuaçu - levantados pelo Portal Caparaó

Cansaço e ferias motivaram alta

Para o infectologista Leandro Curi, o motivo do “boom” de casos em janeiro é a junção da quebra dos protocolos sanitários e as festas que ocorrem no fim de 2020. “As pessoas estão cansadas, o ser humano está relaxando. Muitas pessoas pegaram e ficaram assintomáticas, outras tiveram poucos sintomas. No entanto, o vírus continua da mesma maneira”, explicou.

O especialista acredita ainda que as notícias fake news relacionadas aos remédios ineficazes para o tratamento da doença e as orientações confusas dos políticos concorreram para o relaxamento da população. “Várias lideranças falando de maneira desconexa sobre abrir ou fechar (comércios), e as notícias falsas contribuem. Desse modo, estamos dando munição para o vírus”, alertou.

E as perspectivas?

A reabertura do comércio em todo o estado com o novo Minas Consciente e o feriado de carnaval, que não foi suspenso em muitas empresas, é outra oportunidade para viagens. “Cada mês, há uma novidade. E ainda não sabemos como será a transmissão da nova cepa encontrada em Manaus”, acrescenta Curi.

“Tem que doer na carne”

Fernando Luiz Esteves, de 47 anos, perdeu o pai, Mário Esteves, de 81, para a Covid-19 em junho do ano passado. Ele vê os desrespeitos com relação aos protocolos de saúde como irresponsabilidade.

“Isso acontece porque quem desrespeita (os protocolos) não perderam alguém da família. A gente teve todo o cuidado. Meu pai só saiu de casa duas vezes. Na primeira ele foi ao hospital e voltou, e na segunda ele não voltou. Os jovens continuam indo em festas porque acham que são imunes”, lamenta.

A mãe de Esteves também teve a doença. Elza de Oliveira, de 78 anos, também teve a doença. Ela ficou 20 dias hospitalizada. Nesse período, o marido adoeceu. Quando Elza teve alta, o companheiro já havia falecido há cinco dias. “Levamos minha mãe para o interior. Eles falam que não ‘pega’ de novo, mas vai saber”, finalizou Esteves. 

Redação do Portal Caparaó e também informações do Portal O Tempo

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