REDAÇÃO - Minas Gerais é o maior produtor de café do país, representando cerca de 50% da safra nacional de café arábica. Para este ano, a produção estimada é de aproximadamente 22,1 milhões de sacas, segundo a Conab. O estado tem quatro regiões produtoras: Sul de Minas, Cerrado de Minas, Matas de Minas e Chapada de Minas, o que dá a dimensão da importância social e econômica do produto para o Brasil e o estado. A colheita do café se inicia em maio e, às vezes, se estende até meados de outubro.
Segundo produtores, técnicos e policiais militares é exatamente durante a colheita, que o ambiente rural dessas fazendas se torna mais vulnerável, podendo chamar a atenção de criminosos. A explicação encontra respaldo na maior movimentação nas propriedades cafeeiras, tais como a circulação de carros, o aumento do fluxo de pessoas trabalhando nas lavouras e o eventual armazenamento do produto no local, além da exposição de equipamentos e maquinários, usados na atividade.
Por isso, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), em parceria com a Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimentos (Seapa-MG) e outras instituições, já está se mobilizando, para dar início à Operação Campo Seguro, nos próximos dias, em todo o estado.
A Operação Campo Seguro é uma ampliação da Operação Safra Segura, que era centrada nas regiões cafeeiras de Minas, como explicou o major Paulo Alexandre Cabral, adjunto de Emprego Operacional da Assessoria Estratégica de Operações da Polícia Militar. “A Operação Campo Seguro atende aos preceitos da Safra Segura, mas é mais ampla. Ela visa a segurança no meio rural de um modo muito mais completo”, disse.
De acordo com o militar, a instituição está muito atenta às questões do meio rural como um todo e esse ano deverá contar também com a participação da polícia ambiental e rodoviária. “Na cultura do nosso estado, o meio rural é muito importante e sabemos da importância que isso tem. Estamos investindo em estratégias constantemente, fortalecendo as equipes de patrulha rural, inclusive com o policiamento ambiental e rodoviário”, completou.
Chapada de Minas
O primeiro passo para a Operação Campo Seguro, neste ano, na região produtora de Café Chapada de Minas, que reúne cerca de 200 municípios produtores, aconteceu no final de abril, com o lançamento da iniciativa da PMMG. O evento foi realizado de maneira virtual pela Polícia Militar e a unidade regional da Emater-MG de Capelinha.
Durante a videoconferência, o gerente regional da Emater-MG, Valmar Gonçalves e o capitão Luís Costa, subcomandante da 23ª CIA da PM Independente, apresentaram para os participantes o objetivo da Operação Campo Seguro. Eles falaram das ações e estratégias que serão realizadas com os produtores rurais e parceiros de Água Boa, Aricanduva, Angelândia e Capelinha, municípios selecionados nessa primeira etapa, por serem os maiores destaques na cafeicultura da região, com 1260 cafeicultores.
Segundo o gerente regional Valmar Gonçalves, as ações nas regiões vão incluir a confecção de folhetos com dicas de segurança, colocação de placas preventivas de redes de propriedades protegidas e formação de grupos de WhatsApp com cafeicultores, PMs e Emater-MG. O principal papel da Emater-MG nesta iniciativa é munir com informações a Polícia Militar para que ela possa realizar o trabalho de prevenção.
“Nosso maior papel nessa operação é a extensão rural. É todo o elo que a gente vai fazer entre a PM e as comunidades, passando informações que temos e ela não tem. Por exemplo, a Emater-MG fez todo o levantamento do parque cafeeiro. Sabemos onde estão as lavouras, o foco do café da agricultura familiar, os grandes produtores, as lideranças”, pontua o gerente da Emater.
O capitão Luís Costa confirma as palavras de Valmar Gonçalves. “A Emater vai nos ajudar com informações, cadastramento dessas propriedades, os locais. E esse compartilhamento de informações vai nos permitir as ações pontuais nesse sentido”. De acordo o representante da PMMG, lotado em Capelinha, as guarnições policiais da Patrulha Rural farão as visitas preventivas às propriedades de café, com orientações básicas de segurança para produtores, familiares e funcionários.
“É o policiamento ostensivo de prevenção criminal nas fazendas de produção e beneficiamento do café. A grande importância desta operação é o viés preventivo. As ações serão pautadas na filosofia de polícia comunitária, que é a conjugação de esforços da PM com a própria comunidade, buscando levantar os problemas e preveni-los. O sentido realmente é de se antecipar ao problema”, informou.
Para a presidente do Instituto do Café da Chapada de Minas, em Capelinha, Carmem Lídia Junqueira, esse tipo de trabalho é de grande importância para trazer segurança no meio rural, principalmente para os pequenos produtores e agricultores familiares. “Esse projeto é de uma importância enorme. Dará muita tranquilidade ao pequeno produtor principalmente, visto que ele está mais vulnerável”, afirma.
Também cafeicultora, com a expectativa de produzir 6 mil sacas de café este ano, Carmem explica que os grandes produtores têm estrutura, guardas e já escoam a produção direto para as cooperativas. “O que não é o caso do pequeno, que não tem galpão apropriado. Por colher uma safra menor, acaba guardando o café na propriedade até a venda”, argumenta. Segundo a produtora, o Instituto do Café da Chapada de Minas vai ajudar na divulgação da iniciativa. A entidade tem 120 associados na região, que representam 22 municípios.
Ascom Emater-MG