REDAÇÃO - Na manhã de quarta-feira, 21/07, um documentário ganhou as telinhas e tv’s da população de Manhuaçu. Nomeado com o título “O céu é TRANS”, o produto audiovisual conta a história de duas mulheres da cidade, enquanto dialoga com a forma que a mídia na pós-modernidade lida com a situação e a vida de pessoas transexuais.
A ideia da produção partiu do jornalista e produtor audiovisual Marllon Bento que também dirige a obra que é o primeiro documentário autoral do comunicador. Quando perguntado sobre o porquê da escolha do tema, ele apenas disse: “E por que não falar nesse assunto, sendo que vivemos no país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo?”.
Engajado há algum tempo com pautas sociais, ele fez questão de salientar que o trabalho independente traz consigo uma grande equipe técnica de outras pessoas que também moram em Manhuaçu, e que sem elas o mesmo não seria possível.
Divulgado gratuitamente na plataforma de vídeos “Youtube”, o documento relata a vida de Agatha Rodrigues e Michele Levinsky. Bastante conhecida na cidade, Agatha é esteticista animal e nunca havia sido entrevistada para algo dessa natureza. Michele, moradora do bairro Matinha, agradeceu a toda a equipe pelo projeto do documentário, enfatizando a importância social do produto para toda uma comunidade.
De acordo com o diretor, a escolha do nome foi para criar uma provocação. Mesmo não tendo nada a ver com alguma religião ou espiritualidade, o mesmo queria algo que chamasse atenção. Existe na natureza algo chamado de dispersão da luz, que é espalhamento da luz ou de qualquer outra radiação eletromagnética por partículas muito menores que o comprimento de onda dos fótons dispersados. Parece complicado toda essa teoria, mas tudo isso é o que normalmente acontece próximo ao pôr-do-sol, deixando o céu em tons não convencionais. Pode ser uma variação do laranja, do vermelho, rosa ou da violeta. Observando o céu, o diretor fez uma referência ao azul e a cor rosa que estampam a bandeira TRANS.
Para a divulgação do produto audiovisual, foi criada uma página no instagram que contribuiu para debater e instruir em relação às pautas abraçadas pelo documentário. A mesma, antes do lançamento, já contava com quase 400 seguidores e essa movimentação prova como o assunto é importante e necessário aos dias de hoje.
Além de um documentário, o filme é um convite à reflexão. Vale lembrar, que o mesmo foi realizado por uma reduzida, mas engajada equipe de voluntários. Para assistir, basta digitar no youtube “O céu é trans” ou CLICAR AQUI PARA IR AO YOUTUBE ou seguir a página do documentário no “instagram” e clicar no link que está na “bio” da rede social.
NINGUÉM FAZ NADA SOZINHO!
A equipe foi composta por gente que quer criar e não aceita apenas criar sem motivo. A partir da idealização do documentário, o diretor angariou forças entre manhuaçuenses para que o produto atingisse um número ideal de colaboradores. Cada um desses, trouxe pro projeto aquilo em que era adequado. Contrabalanceando com seus trabalhos formais, tudo foi sendo montado com atenção e, principalmente, respeito às histórias de vidas que seriam contadas.
As imagens foram captadas por Marllon Bento e Wallace Sebastião. A produção ficou por conta do próprio diretor que também finalizou e editou o projeto. A locução foi executada por Fernanda Belo. Ranel Raposo ficou por conta da assistência na captação de imagens. A pesquisa e assessoria sobre questões relativas ao projeto, ficou com Mateus Lacerda. Leonardo Porcaro ficou responsável pela captação de áudio e mixagem do mesmo. E tiveram ainda a participação da psicóloga Milene Coelho, que ofereceu um aporte teórico e científico ao projeto. A canção original do documentário é do grupo musical Roça Nova, canção essa composta por Marco Maia e Kossin Dutra.