No dia 13 de outubro, um túmulo do cemitério de Ouro Preto teria sido violado, de acordo com um vigia. No dia seguinte, o corpo da estudante foi encontrado no cemitério da Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia. A jovem estava despida e apresentava 17 lesões.
Os três moradores da república e a prima da vítima foram presos em abril de 2006. As investigações do crime levantaram indícios de ligação com rituais macabro e o jogo de RPG.
ESPERA DEVE ACABAR
A nova Lei Penal, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro semestre de 2008, também contribuirá para o encerramento do caso, pois permite que o júri ocorra mesmo com a ausência do réu. A decisão de não comparecer a julgamento foi uma praxe usada por muitos homicidas no país. “A estratégia de deixar essa pauta apenas para o caso evita o desmembramento do julgamento. Os réus já foram intimados”, disse a promotora Luiza Helena Trócilo Fonseca, responsável pela denúncia. Na peça de acusação, ela descreve, com detalhes, a brutal morte de Aline.
“O corpo da vítima foi encontrado despido, postada de braços abertos e os pés sobrepostos, exatamente em posição de crucificação, com a cabeça voltada em direção à Praça Tiradentes (Centro de Ouro Preto) e os pés para o fundo do referido cemitério, apresentando 17 lesões efetuadas com instrumento cortante (…), espalhadas por diversas partes do corpo (…), sendo a mais extensa com 10 centímetros, localizada no pescoço, com secção de vasos e da traquéia, denominada esgorjamento, que foram a causa eficiente de sua morte”, relata a denúncia.
RPG
Aline morava em Manhumirim e chegou a Ouro Preto, três dias antes do crime, na companhia da prima-réu, para participar da tradicional Festa do 12. As duas ficaram hospedadas na República Sonata, onde moravam os outros acusados. Uma frase na entrada do imóvel chamou a atenção da promotora: “Alugam-se corpos”. A morte da jovem, acredita o MPE, está ligada ao famoso jogo conhecido como RPG, que, segundo a acusação, era praticado com assiduidade pelos suspeitos e, com menor intensidade, pela vítima.
“O jogo tem duas modalidades. Na primeira, os jogadores se reúnem, em torno de uma mesa, e rolando dados e conversando entre si vão construindo as aventuras. Na segunda, conhecida como live action (livre ação), o envolvimento dos participantes se dá de forma mais intensa, com os jogadores adotando o comportamento de seus personagens e interpretando-os. Nesse formato, a mesa como local de jogo é preterida e as aventuras, por meio do exercício exarcebado da imaginação, tomam o espaço físico da realidade”, acrescenta a promotora.
A promotora suspeita que Aline foi morta durante uma partida de um jogo de RPG cujo nome é Vampiro: a máscara. “Fica um vazio muito grande na gente. A vida perde sentido. Queria sonhar com Aline, mas sei que ela precisa de paz. Era minha caçula”, diz dona Maria José da Silveira Soares, mãe da vítima, que deixou dois irmãos.
Carlos Cruz - Com informações do Portal UAI e TV Alterosa - 09:35 - 22/05/09