ALTO CAPARAÓ (MG) - O turismo acessível é aquele responsável por proporcionar maior autonomia e inclusão para pessoas com deficiência, seja ela física, intelectual, auditiva ou visual. Sendo assim, esse conceito abrange alguns conjuntos de medidas para ajudar os turistas que necessitam desse apoio, além do fato de atender outras pessoas, além das com deficiência, a exemplo de idosas (lembrando que a população mundial vem envelhecendo mais), gestantes, famílias com crianças pequenas, pessoas com mobilidade reduzida temporária e obesas.
É possível afirmar, de acordo com o último censo, realizado em 2010, que cerca de 24% da população brasileira possui algum tipo de deficiência e, quando colocamos isso sob uma perspectiva quantitativa, veremos que são mais de 45 milhões de pessoas vivendo com algum tipo de deficiência, ou seja, um número consideravelmente grande.
Além disso, muito se ouve falar acerca da inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, mas muitas vezes as discussões e soluções não passam desse tema, se tornando restritas. Uma pessoa com deficiência não quer apenas trabalhar. Ela quer e tem o direito de conhecer outros lugares do mundo ou mesmo algo mais simples como conseguir subir em uma calçada sem precisar da ajuda. Assim, percebemos que a importância da acessibilidade vai muito além do óbvio…
Visando dar uma oportunidade de igualdade às pessoas com deficiência física ou com algum tipo de dificuldade de locomoção, o empresário Carlos Bezerra, da Pousada do Bezerra, na cidade turística de Alto Caparaó - Minas Gerais. Ele investiu em acessibilidade em toda área da pousada e acesso às piscinas e cachoeiras.
“Sabemos das dificuldades dessas pessoas em sair de casa, buscar um contato mais próximo com a natureza, e principalmente, acesso às cachoeiras e piscinas, pensando em proporcionar um pouco de conforto às essas pessoas, instalamos rampas de acesso à todas às áreas da pousada, desde a entrada, com o piso nivelado com o estacionamento, banheiros, restaurantes e chalés”, disse o empresário.
Ainda na área interna, o empresário adaptou dois chalés com rampa de acesso, camas fixas, banheiro amplo e acessível com barras de apoio. “Estes foram apenas algumas das melhorias pensados para atender essas pessoas. Como dito antes, hoje o cadeirante tem acesso a todas às áreas da pousada. Saindo do chalé, ele encontra rampas para o restaurante, se ele quiser ir para a área das piscinas, o acesso é plano, sem degrau, tem também rampa de acesso ao salão de eventos embaixo das piscinas. Outro ponto importante, que posso ressaltar é que ele pode entrar no bicão, pois nós temos cadeiras especiais, ou se preferir, ele tem acesso por rampa até a beira das cachoeiras, onde se tem uma vista maravilhosa”, completa Carlos Bezerra.
Projeto aprovado
A assistente administrativa D’Ane Fagundes, 35 anos, cadeirante a 17 anos, após um acidente de trânsito, justamente num dia 15 de novembro. Após o acidente, ela andou com a ajuda de muletas, mas devido a lesão na coluna, voltou para cadeiras de rodas. D’Ane esteve visitando o local e aprovou o investimento. “Eu já visitei aqui em outras oportunidades quando ainda usava as muletas e depois na cadeira de rodas, tínhamos acesso à alguns pontos aqui da pousada, mas chegar perto das cachoeiras, para um cadeirante é uma experiencia fantástica. Dar ao cadeirante essa oportunidade, não é gasto, é investimento e a Pousada do Bezerra está de parabéns”, disse D’Ane.
Para o esposo de D’Ane, Tiago Fernandes, isso é sinal de respeito com o deficiente. “A minha vida toda eu convivi com pessoas deficientes, meu irmão é cadeirante desde que nasceu e quando casei com a D’Ane, ela já era cadeirante e quando se diz em acessibilidade, nossa região é muito carente. Quando nos deparamos com uma estrutura dessa voltada para atender o deficiente, temos que parabenizar a iniciativa e que sirva de exemplo para outros empresários”, ressalta Tiago.
Durante o passeio, o casal fez várias fotos e vídeos e compartilhou nas redes sociais.
Para o deficiente que queira conhecer o Pico do Bandeira, a pousada oferece um serviço especial com guia treinado e equipamento especifico, conhecido como “Jullieti”, para o transporte do cadeirante pelas trilhas do Parque Nacional do Caparaó.
Jailton Pereira