A Câmara de Vereadores de Manhuaçu promoveu nesta quinta-feira a medição dos níveis de radiação das torres de telefonia celular na comunidade São Francisco de Assis (Campo de Aviação). A ação foi definida em reunião com as operadoras de telefonia celular Vivo, Oi, Claro e Tim em abril e foi acompanhada por um professor da UFMG contratado pelo Legislativo para emitir um laudo independente.
A cidade tem quatro torres de celular que abrigam seis estações de rádio base (ERB), mas o foco foi o Bairro Nossa Senhora Aparecida por causa da quantidade de residências. Um equipamento de medição de radiação eletromagnética foi usado para verificar os níveis de intensidade no bairro. “A grande vantagem do equipamento utilizado é que ele mede toda a radiação presente. Ele verifica tudo o que está no ambiente, não apenas os sinais de telefonia celular”, destacou o professor doutor José Osvaldo Saldanha Paulino, da Universidade Federal de Minas Gerais.
O procedimento de medição foi feito na base das torres e numa distância média de 150 metros de cada uma delas. O engenheiro Eduardo Henrique Braga de Oliveira, foi contratado pela OI para fazer a medição e emitir um relatório. Já o professor da Escola de Engenharia da UFMG, que já acompanhou a medição para uma centena de cidades mineiras, foi contratado pela Câmara para assistir o processo e apresentar um relatório independente. O resultado deve ser divulgado em cerca de 20 dias.
TUDO EMITE RADIAÇÃO
José Osvaldo Saldanha explicou que o tempo todo as pessoas estão expostas a radiação. “Uma lâmpada fluorescente, o sinal de televisão, o controle remoto, o sinal de rádio ou o aparelho de telefone sem fio. Eu costumo comparar que um telefone celular ligado emite mais radiação do que uma torre, acontece que as torres são feias, assustadoras e causam essa imagem ruim”, argumentou.
Por causa da topografia de Manhuaçu, as torres são altas para levar o sinal a toda a cidade. Como no Centro da cidade há muita gente está usando celulares, as torres apontam para lá, que tem maior demanda de sinal. Ele comparou a existência das torres ao farol de um carro. “O que emite sinal são apenas aquelas hastes na ponta das torres. É igual a um farol. Você pode ficar embaixo, mas a luz é direcionada para um ponto lá na frente. Quem mora perto está menos exposto a radiação do que se parece”, afirmou.
Num relato preliminar, os níveis de radiação ficaram bem abaixo do que é previsto na legislação federal. José Osvaldo ressaltou que o aparelho mediu toda a radiação presente.
Para o presidente da Câmara, Toninho Gama, a medição é um ato inédito e vai mostrar definitivamente para a população de Manhuaçu o que acontece com relação às torres de telefonia. “Estamos aguardando um parecer técnico e, para garantir a independência, contratamos o professor José Osvaldo. A Câmara é sensível aos clamores da população e também quer saber se realmente existe risco à saúde”, definiu.
LEGISLAÇÃO FEDERAL
Apesar da existência de uma lei municipal que prevê a distância de 300 metros de residências em Manhuaçu, o presidente Lula sancionou no ínicio de maio uma nova lei fedeal que estabelece limites à exposição humana a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos, associados ao funcionamento de estações transmissoras de radiocomunicação, de terminais de usuário e de sistemas de energia elétrica.
As empresas de energia elétrica e operadoras de telefonia celular terão de seguir os limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde para instalar antenas de transmissão de sinais e outros equipamentos que emitem radiação, como subestações de energia.
A lei 11.934/09, que visa garantir a proteção da saúde e do meio ambiente, proíbe que as antenas de transmissão sejam instaladas nas chamadas “áreas críticas” – a menos de 50 metros de hospitais, clínicas, escolas, creches e asilos. Contudo, a legislação não coloca limites quando o assunto são áreas residenciais.
Acompanharam a medição, o Presidente da Câmara, Toninho Gama; e os vereadores Maria Imaculada, Nelci Alves Gomes “Teté”, Jorge Augusto “Jorge do Ibéria”, Gedival Breder e Juarez Cleres Elói; representantes das empresas de telefonia celular Svetlana Maria de Miranda (Claro), Cláudio Castro (Vivo) e Adelmo Zoroastro Machado (TIM); presidente do Coamma Vasco Fernando e o líder comunitário Ronaldo Vieira Gomes “Ronaldinho”.
Carlos Henrique Cruz - 06/06/09 - 06:40 - portalcaparao@gmail.com