MANHUAÇU (MG) - Dia 12 de maio comemora-se mundialmente o Dia da Enfermagem, em homenagem a Florence Nightingale, marco da enfermagem moderna no mundo e que nasceu em 12 de maio de 1820. Nessa ocasião, o Portal Caparaó traz a história de 50 anos de profissão de Benoni da Paixão, o primeiro técnico de enfermagem manhuaçuense diplomado com curso na área. As informações são de Fabrício Santos, em sua Coluna Resenha Cultural.
Segundo Benoni, em 1971 a enfermagem era denominada “Atendente de Enfermagem”. Não existia na época curso de formação técnica em enfermagem no modelo dos dias atuais. Quando surgiu o primeiro curso na área da enfermagem na época, foi no Instituto Científico de Química do Rio de Janeiro/RJ.
Benoni tomou conhecimento sobre esse curso ao encontrar uma cartilha em uma cestinha na entrada do Hospital César Leite de Manhuaçu. “Na época, o anúncio oferecia o curso técnico de enfermagem por correspondência, sendo que, ao final do curso, era necessário fazer um estágio em algum hospital para praticar os conhecimentos teóricos”, destacou.
No município de Manhuaçu, no ano de 1971, Benoni foi o único que se inscreveu no curso de atendente de enfermagem com duração de 8 meses. Ele relata que todo mês recebia material desse curso técnico para estudar e fazer avaliações. Depois do período de oito meses de estudos, Benoni destacou-se como um aluno acima da média com notas nas avaliações superiores de 8 pontos, numa escala de 0 a 10.
Após concluir o curso no ano seguinte, se dirigiu ao Rio de Janeiro sede do Instituto Científico de Química para buscar o diploma de conclusão do curso técnico de atendente de enfermagem. Fez estágio no Hospital das Clínicas em Belo Horizonte por 4 anos, onde aprimorou mais os seus conhecimentos e técnicas de enfermagem e ajudou a salvar muitas vidas.
Benoni lembra que quando foi fazer o estágio em Belo Horizonte, apresentou a cópia do diploma do curso de Atendente de Enfermagem e o professor supervisor do estágio falou que entre os 80 estagiários do hospital naquele ano, ele era o único que tinha esse diploma de formação técnica em enfermagem.
Benoni fala emocionado sobre a profissão. “Só tenho a agradecer a Deus por tudo que pude fazer em prol do próximo, através do serviço na enfermagem. Uma das minhas habilidades do curso era para aplicar injeções e recebeu o apelido de mão de anjo. Treinei muito no estágio, de como ‘pegar a veia’ da pessoa para que ela não sentisse dor”, pontuou, ressaltando que até hoje tem muitos amigos da época em que trabalhou na área de saúde.
Benoni da Paixão trabalhou 15 anos na área de enfermagem e 25 anos no setor faturamento do Hospital César Leite. Ele se aposentou em 1995, mas a convite do provedor da época, voltou a trabalhar por mais 10 anos, finalizando a sua trajetória no HCL em 2006.
Líder comunitário, membro do Conselho de Saúde e do Coamma por vários anos, Benoni da Paixão é também um grande poeta de Manhuaçu e Acadêmico Honorário da Academia ACLA/MG de Manhuaçu. Nesse mês de homenagem aos profissionais de enfermagem, ele parabenizou a todos da área e também escreveu alguns versos para homenagear o Hospital César Leite, que completará 95 anos no dia 29/05.
Poema: Hospital César Leite
Em 1927 a comunidade de Manhuaçu era premiada
E os benfeitores daquele tempo iniciavam
Uma grande e difícil jornada
A grande conquista de Manhuaçu e região
Estava sendo preparada.
Com campanhas e doações
O sonho daquela gente foi se realizando
Um povo esperançoso e solidário
Acreditando nos benfeitores
Estava sempre ajudando.
Seu primeiro nome Hospital Manhuassú
Depois de algum tempo seu nome teria que mudar
O nome do seu maior benfeitor
O hospital iria ganhar.
Os outros benfeitores foram aparecendo
E o hospital sempre desenvolvendo
Com amor dedicação e perseverança
O hospital César Leite foi sempre crescendo.
Hoje em dia o povo de Manhuaçu e região
Deve considerar-se privilegiado
Com crescimento e organização
E o grande serviço que este hospital tem prestado.
Não vou citar nome de todos os benfeitores
Para que ninguém seja injustiçado e ofendido
Entre muitos benfeitores
Teve médicos funcionários e outros,
O importante é a gente saber que por nós foi construído.
Benoni da Paixão
Fotos acervo pessoal / Texto Fabrício Santos / Zona da Mata News