Portal Caparaó - Vitor Lacerda: de Mutum ao início do curso em Harvard
Geral

Vitor Lacerda: de Mutum ao início do curso em Harvard

25/05/2023 - Atualizado em 25/05/2023 19h35

REDAÇÃO - Esta semana marca o início da concretização de um sonho do jovem estudante Vitor Lacerda Siqueira, de 24 anos. Ele iniciou o curso na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Vitor é de Mutum, cidade com quase 30 mil habitantes, e sempre estudou em escola pública. Ele foi aceito na maior instituição de ensino do mundo, Harvard. A universidade sustenta a fama de excelência há quase dois séculos. Já formou personalidades famosas como os ex-presidentes dos EUA, Barack Obama e George W. Bush e os magnatas e empresários Bill Gates e Mark Zuckerberg.

No ensino médio, com 16 anos, Vitor cantava em um coral e conheceu a amiga Carol Guimarães, irmã de Gabriel Guimarães, que estudava em Harvard. O colega tinha se formado no mesmo instituto federal que Vitor estudava. Foi aí ele percebeu que a realidade estava próxima, e o sonho nasceu.

Sem saber muito bem o inglês, Vitor começou a tentar entrar em universidades americanas. Em 2019, conseguiu uma bolsa na Flórida, de 100% da mensalidade.

No entanto, ela não cobria alimentação e moradia e ele precisou trabalhar em três empregos para ajudar a família a custear as despesas.

Com a pandemia, em 2020, teve que voltar para o Brasil. Num processo de transferência, o estudante conseguiu uma vaga em Pitzer College, na Califórnia. Desta vez com uma bolsa completa que cobria mensalidade, alimentação e moradia.

Depois de 4 anos estudando fora do Brasil e várias tentativas frustradas de ingressar em Harvard, a aprovação veio no dia 16 de fevereiro, as aulas começaram nesta segunda-feira, 22/05.

"Foi uma jornada difícil porque, mesmo estudando nos Estados Unidos, muitas oportunidades são abertas só pra cidadãos americanos. Eu passei vários meses reunindo informações sobre o programa de pesquisa que queria aplicar. Fui mandando e-mail, buscando carta de recomendação dos meus professores. Harvard é supercompetitiva. Me rejeitou várias vezes, mas eu continuei tentando e pretendo fazer meu doutorado lá, no futuro", contou o estudante.

Vitor estuda linguística e é um apaixonado pelas línguas indígenas. Ele sonha em "conquistar o mundo", ter a oportunidade de explorar novas culturas, de viver experiências e, principalmente, ajudar outras pessoas com a educação.

"A educação mudou, e tem mudado a minha vida. Quando sai de Mutum, tive uma visão maior que eu poderia tentar, que eu poderia conseguir. Eu tenho algo pessoal de poder explorar o máximo do mundo que puder. No futuro, eu penso em dar de volta ao Brasil. Eu tenho muito orgulho de ser brasileiro. Penso muito em trabalhar com línguas indígenas. Cada vez que estudo mais, eu fico pensando como não tive acesso a esse conhecimento sobre as línguas indígenas quando eu estudava no Brasil. E eu tô aprendendo isso aqui nos Estados Unidos, tive que sair do meu país para aprender mais sobre ele. A educação mudou a minha vida", contou Vitor.

Em Harvard, Vitor vai mergulhar em uma pesquisa em linguística durante três meses, no verão americano.

O mutuense conseguiu fundos da universidade atual e de Harvard, o que vai ajudar a pagar os estudos.

"Harvard é um campus lindo! Combina o novo com o velho. Parece muito estar em um filme. Eu me sinto em um filme. Estou muito animado porque é a minha primeira pesquisa na área de linguística. Estou muito animado para aprender", finalizou o estudante.

Difícil mas não impossível

Todo ano, milhares de alunos se candidatam para os mais diversos cursos disponibilizados em Harvard. Para além do número de concorrentes, há os testes padronizados e também outras documentações e provas, como o teste de proficiência do idioma inglês.

A instituição possui uma taxa de aceitação que gira em torno de apenas 5% ao ano.

Harvard abriga atualmente 64 estudantes brasileiros.

Portal Caparaó - Com informações de Fran Ribeiro, g1 Vales

O Portal Caparaó não se responsabiliza por qualquer comentário expresso no site ou através de qualquer outro meio, produzido através de redes sociais ou mensagens. O Portal Caparaó se reserva o direito de eliminar os comentários que considere inadequados ou ofensivos, provenientes de fontes distintas. As opiniões são de responsabilidade de seus autores.