MANHUAÇU (MG) - Um público seleto participou da solenidade de inauguração da sala, onde será sede da Associação do Movimento Cultural de Manhuaçu, que funcionará no 2º andar do terminal rodoviário Antônio Xavier. O evento aconteceu na noite de sábado, 27/05, e contou com a presença dos Secretários Municipais de Educação, Eduardo Portilho e da Cultura e Turismo, Daniel Vieira, além do administrador do terminal rodoviário, Fernando Chaves, representantes do Movimento Negro Unificado (BH), Simone Esterlina de Almeida Miranda e José Carlos de Souza, filiados, diretores e convidados.
O momento marcou uma história, que teve início em 1996. Sentindo a necessidade de ter voz e vez, a jovem Eliane Cabral mobilizou algumas pessoas, com o objetivo de discutir a ideia de se criar uma associação, que poderia servir de base para uma nova fase. Também seria uma novidade para Manhuaçu. Nascia novas ideias, projetos e pessoas corajosas, para exigir respeito e direito. A responsável pela criação da Associação do Movimento Cultural de Negro de Manhuaçu sempre lutou, para que a entidade tivesse uma sede e, assim trabalhar vários projetos relevantes para toda a população, sobretudo com o negro que não era tão respeitado.
Após 27 anos, a associação conquista seu espaço com salas amplas, local de fácil acesso, que dará suporte ao trabalho e, até mesmo para desenvolver projetos, ministrar cursos e atender seus filiados. Com a inauguração da sala, a certeza é de que Deus sempre deu força para transformar cada momento de tristeza em alegria e, cada momento de derrota uma vitória. Para o presidente da associação, Marco Antônio Cabral, a nova sede vai trazer dinâmica às ações, que serão desenvolvidas. Ao lembrar da caminhada, que iniciou em 1996, Marco Cabral disse que a irmã, Eliane Cabral sempre acreditou e lutou por isso. “Certamente, onde ela estiver agora está comemorando, pois se concretiza um grande sonho de todos nós”, disse o presidente.
O Secretário Municipal de Educação, Eduardo Portilho, que também estava representando a prefeita, disse que estará sempre à disposição da Associação do Movimento Cultural Negro. “O importante é a união de forças, para que as pessoas entendam que todos são iguais. Inadmissível nos dias de hoje, a gente deparar com pessoas com tratamento desigual, apenas pela cor da pele”, destacou Eduardo Portilho.
Durante sua fala, o Secretário Municipal de Cultura, Daniel Vieira lembrou o episódio que ocorreu com o jogador, Vinícius Júnior, que foi vítima de racismo. “Me coloco à disposição da associação, para estarmos discutindo, trabalhando as mais diversas questões, para que possa desenvolver seus projetos, para conscientizar que todos somos iguais. Racismo e tratamento desigual, simplesmente pela cor da pele deve ser banido do nosso meio”, detalha o secretário.
Para encerrar a solenidade de inauguração, os participantes acompanharam palestra sobre “racismo estrutural segrega negros no mercado de trabalho”. A palestra foi proferida pela professora e coordenadora municipal do Movimento Negro Unificado, Simone Esterlina de Almeida Miranda. Ela falou sobre sua trajetória e a importância da busca pelo conhecimento, bem como a igualdade na sociedade, o tratamento que hoje é oferecido e a luta para combater o racismo. O palestrante, José Carlos de Souza, que também integra o Movimento Negro Unificado ressaltou sobre a “reconstrução das políticas públicas pela promoção da igualdade racial”. Segundo ele, muita coisa ainda precisa acontecer, bem como a forma do tratamento que acontece nos dias atuais. “Todos nós precisamos entender, acompanhar e ficarmos atentos. Caso contrário, o tratamento continua como à época, em que surgiu a Lei Áurea”, disse.
Eduardo Satil / Cidade Total