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Filhote da muriqui Neguinha é registrado na RPPN Sossego do Muriqui

01/02/2024 - Atualizado em 01/02/2024 16h10

SIMONÉSIA (MG) - O naturalista Theo Anderson Ferreira registrou, em outubro, na RPPN Sossego do Muriqui, de propriedade da Mineração Curimbaba, em Simonésia, a observação do nascimento de um filhote da muriqui Neguinha. Numa espécie criticamente ameaçada, a boa notícia é comemorada no grupo dos macacos observados na região do Sossego.

Estima-se que o filhote fotografado com a mãe Neguinha tinha pouco mais de dois meses de idade. Chovia e a serração estava baixa na floresta no momento da observação do naturalista, mas as condições climáticas não atrapalharam esse registro importante que remete à proteção e vida nova para os muriquis.

“É uma notícia muito legal. Conseguimos detectar o nascimento de mais um muriqui aqui na Mata do Sossego. Comunicamos também o pessoal do MIB, que é do projeto Muriqui Instituto de Biodiversidade, que faz monitoramento da espécie aqui na reserva desde 2011. Então em breve teremos a notícia se é um macaquinho ou se é uma macaquinha”, comemorou.

VEJA A ENTREVISTA COM THEO ANDERSON

O naturalista explicou que a notícia é muito importante para a região. “O muriqui é uma espécie que está criticamente ameaçada de extinção. Há uma estimativa dos cientistas que existem menos de 1500 indivíduos na natureza hoje. O muriqui é o maior macaco que existe no continente americano, ou seja, desde lá do Alasca até lá no Ushuaia, lá na Patagônia, ele é o maior macaco. É brasileiro e é da mata atlântica, mas está criticamente ameaçado de extinção. E os cientistas têm cinco critérios para classificar uma espécie. O muriquí está no último grau, então é por isso que todo filhote, quando nasce, a gente está comemorando”, pontuou Theo Anderson.

Na região da RPPN Sossego do Muriqui e nas reservas próximas, há menos de 30 indivíduos e é uma população que sofreu muito com a febre amarela em 2017. “Mais de 30% dos indivíduos desapareceram, como a gente diz, ou faleceram, porque a maioria não foi encontrado. Enfim, então é uma população muito pequena, com a qual a gente vem sempre lutando para tentar manter”.

ESPÉCIE BANDEIRA E GUARDA-CHUVA

Theo Anderson também explica que o muriqui é muito mais do que um macaco. Ele é chamado de espécie bandeira, por ser carismático, bonito, chamar a atenção.

Só que no meio-ambiente, ele é referência como espécie guarda-chuva. É o naturalista Theo Anderson quem explica o conceito: “Uma espécie guarda-chuva é porque é usada como proteção, ou seja, que abriga outras espécies. O muriqui é uma espécie sensível, precisa de uma área grande para sobreviver. Automaticamente, quando você consegue manter um ambiente para uma espécie como muriqui, em teoria, você consegue manter para as outras espécies também, porque hoje não existe recurso para se conservar tudo”.

O nascimento e a preservação do muriqui indicam que a reserva como um todo está protegida. “Você foca numa espécie sensível e automaticamente você consegue proteger, em teoria, as outras espécies que estão no mesmo espaço. Quando você consegue manter as outras espécies, você consegue manter o equilíbrio dinâmico de uma floresta. Porque a floresta não são só árvores. Ela é formada pelos animais e é interação principalmente entre animais, plantas. Uma floresta sem animais, sem interações, não dura muito. É somente uma plantação de árvores. Uma floresta sadia, que está no seu equilíbrio dinâmico, produz vida. Não só dos animais, mas a nossa, porque é água. A floresta produz água. Então, as pessoas precisam entender que quando protegemos o muriqui, estamos protegendo a nossa água, estamos protegendo a nossa vida”.

Carlos Henrique Cruz / Portal Caparaó

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