Portal Caparaó - Imaculada X Fernando: Debate fica quente na Câmara de Manhuaçu
Política

Imaculada X Fernando: Debate fica quente na Câmara de Manhuaçu

17/09/2009 - Atualizado em 18/09/2009 15h02

A fala de Fernando Lacerda foi no momento final da reunião. Ele comentou o anúncio da inclusão de recursos de 46 milhões de reais para Caratinga e de 51 milhões para Governador Valadares no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. Ao mesmo tempo, lamentou que Manhuaçu só tenha recebido quatro milhões. A verba prevista para a cidade é de 18 milhões para o tratamento de esgoto urbano da cidade.

“Não podemos ficar parados, enfim estagnados. Isso me traz preocupação. Manhuaçu cresce a cada dia mais e fica essa dependência de uma certidão negativa por causa de prefeitos anteriores. Na verdade é o Município que deve e não o prefeito anterior ou os prefeitos anteriores. Quem deve é o Município. A responsabilidade é do Município. Então é a Administração que tem que fazer o necessário para obter essas certidões para que a população não fique prejudicada, como ficou agora. Temos o mesmo perfil de Caratinga e recebemos muito menos que eles”, argumentou Fernando Lacerda.

Enquanto criticava a demora para se conseguir as certidões negativas, que impedem o Município de receber recursos e firmar convênios com o Governo Federal, Fernando Lacerda ainda reclamou do Centro Viva Vida. “Ele já está até deteriorando. Foi construído pelo Governo do Estado e não pode ser inaugurado e começar a funcionar porque não tem as certidões devidas. Temos sim a obrigação, como vereadores, apesar de ter pessoas aqui na Câmara que acham o contrário, de cobrar do Executivo essas certidões”, justificou.

Para completar, Fernando Lacerda afirmou que Manhuaçu está perdendo muito dinheiro com isso. “Eu mesmo estive com dois deputados federais e questionei porque não conseguem verbas para Manhuaçu, mas conseguem para Reduto, Simonésia e Santana. A resposta é a mesma: não tem as certidões negativas. Isso nos preocupa, pois não queremos ficar parados no tempo. Manhuaçu precisa regularizar a situação. Eu sei que não tem dinheiro para pagar a dívida toda, mas há opções de parcelamento e negociação”.

ESQUENTOU

O clima esquentou e o debate passou a uma interminável discussão entre Fernando e Imaculada. Durante quase três minutos, eles trocaram acusações. Com o Prefeito Sérgio Breder ao celular, a vereadora o pôs para ouvir a fala de Lacerda. O vereador pegou o celular, colocou perto do microfone e continuou a expor seus argumentos de que a prefeitura precisa resolver as pendências e obter as certidões. Fernando reiterou que não acusou o prefeito de desvio de recursos.

Em entrevista, Maria Imaculada contestou a fala de Fernando Lacerda. Com cinco mandatos e dezessete anos na Câmara, ela argumentou que não é só colocar a responsabilidade no atual prefeito: “Conheço toda a história da corrupção nesta cidade. Conheço onde roubaram, para onde foi o dinheiro e toda a corrupção, só não conheço quem foi condenado por causa disso até hoje. Lamento pessoas acharem que o Prefeito Sérgio Breder é o responsável por isso e tem que dar conta das certidões negativas. Ele está no caminho certo. Muitas coisas eu não concordo com ele, discuto e debato. Não concordo com tudo que ele diz ou faz. Agora, temos que reconhecer que ele está tentando negociar essas dívidas e obter as certidões negativas”.

Sobre os deputados federais, Imaculada disse que essa história de querer ajudar e não conseguir é a maior falsidade. “Na realidade, o Sérgio Breder não tem apoio de ninguém. Esse monte de deputado federal que entra aqui em Manhuaçu apenas ficam com ‘blá blá blá’. Eles fazem confusão, inferno e puxam para trás os nossos projetos. Vários projetos tivemos que corrigir. Tentaram boicotar até o Pronto Atendimento. Esses deputados que falam que dinheiro não vem para Manhuaçu por causa de certidões estão é com muita conversa fiada. Estou convicta de uma coisa, para esses homens quanto pior o Município tiver, melhor”.

A vereadora, sem citar nomes, ainda disparou outras acusações: “O Sérgio Breder tem muita razão. Não deve aceitar verbas de alguns deputados. Tem ladrão aí que depois tem que dar porcentagem para eles e nós não sabemos fazer isso. Nem eu e nem o Sérgio aceitamos isso. Nós temos que trabalhar com seriedade. Com verbas sérias e com deputados sérios. Manhuaçu foi colocado no PAC e depois disso não recebemos mais verbas de deputados federais. Os que estão rodando por aqui até agora não apareceu nada de ninguém”.

Lacerda ainda questionou a quem a cidade deve recorrer. “Eu quero saber quem é o deputado federal que representa Manhuaçu. O prefeito tem o deputado estadual Sebastião Costa como referência, mas o federal que possa buscar recursos para a cidade não sabemos. Nós não temos isso ou, se temos, ele está escondido. Está na hora de nós políticos e população de Manhuaçu reivindicarmos aquilo que nos é de direito para que Manhuaçu continue o crescimento que vem tendo”.

CPI NO SAMAL

Quando o assunto chegou ao SAMAL, o debate foi marcado por desafios. Fernando chamou Imaculada para abri uma CPI. “A vereadora Imaculada disse que há muita roubalheira no poder público e eu concordo com ela. A prova disso é a denúncia do SAMAL que o prefeito descobriu aquele desvio monstruoso e aquela falcatrua toda. Em cinco anos, um milhão foi desviado. Não vi até hoje nada de concreto. O dinheiro não foi recuperado. Onde está sendo apurado. Qual o resultado desse inquérito. Pedimos outras informações e o SAMAL ficou de explicar. Espero aí nos próximos dias o apoio dela para criar essa CPI e apurar o que realmente aconteceu no SAMAL nestes últimos anos.”.

Mas para Imaculada (foto), fala-se muito em roubo do SAMAL agora, contudo ela já apontava falhas desde 1999. “O SAMAL é alvo de roubo há muitos anos. Em 97 a 2000, usaram o SAMAL para roubar o dinheiro para pagar um coitado numa cadeira de rodas. Desviaram o dinheiro para lavar num Recadastramento Imobiliário. Isso tudo foi denunciado por mim. A minha revolta maior com toda a Justiça Brasileira é que ninguém foi condenado até agora, ninguém foi processado e não vejo nenhum ladrão na cadeia”.

A vereadora argumentou ainda que os desvios de recursos foram gerados pela falta de punição: “A impunidade faz acontecer o que houve no SAMAL. Rouba milhões e fica esquecido. Ninguém é punido e daí a pouco é candidato novamente. O que eu vejo ali é que o funcionário público às vezes vê o dinheiro fácil e não tem temor a Deus. Ele acaba roubando mesmo. A impunidade é que cria os ladrões do dinheiro público. Quando eu vir os ladrões do passado, que roubaram dinheiro das casas populares, dinheiro de convênios, quem desviou verbas em licitação ou dinheiro de recadastramento imobiliário, pelo menos condenado, eu vou acreditar na Justiça Brasileira”.

Indiretamente, ela rebateu uma das acusações ditas no plenário. “Não devo nada a ninguém, não tenho medo e sou uma pessoa tranqüila. Vivo do meu salário, trabalho com o que eu ganho. Só não admito que as coisas sejam distorcidas da forma que estão querendo fazer”.

RESULTADO

Por fim, a ideia de CPI não foi adiante e nem as certidões negativas foram obtidas. A reunião terminou com três projetos de lei aprovados, mais de quinze indicações e três requerimentos encaminhados. Alunos da Escola Estadual João Xavier da Costa assistiram a sessão. Enfim, foi um dia produtivo.

Carlos Henrique Cruz - 16:15 - 17/09/09 - portalcaparao@gmail.com

O Portal Caparaó não se responsabiliza por qualquer comentário expresso no site ou através de qualquer outro meio, produzido através de redes sociais ou mensagens. O Portal Caparaó se reserva o direito de eliminar os comentários que considere inadequados ou ofensivos, provenientes de fontes distintas. As opiniões são de responsabilidade de seus autores.