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Um grande aparato policial foi montado em São João do Manhuaçu na manhã desta terça-feira, 29. Equipes da Polícia Civil de Manhuaçu e da Delegacia Especializada em Homicídios da capital realizaram a reconstituição do assassinato do Presidente da Câmara daquela cidade, Américo Gonçalves Courradesqui, ocorrido no dia 05 de julho. José Gilmar Fernandes Praça (Gil Pé de Bicho), 28, e o sobrinho dele Cleidimar de Praça Freitas, 19, participaram da reprodução do episódio.
Ainda com as imagens do violento crime cometido na manhã daquele domingo, na frente da casa do vereador, dezenas de populares se aglomeraram nas ruas próximas com o objetivo de assistir a reconstituição. Outros queriam ver Gil Pé de Bicho. Desde o dia do crime, ele fugiu e ficou quase dois meses em Itatiba (interior de São Paulo) até que foi preso ainda com a arma do crime. Apesar do grande número de pessoas e da indignação, não houve manifestações ou qualquer tentativa de violência. Além das equipes da Polícia Civil, um grande efetivo de policiais militares deu suporte ao trabalho pericial.
RECONSTITUIÇÃO
Américo foi morto por volta das 10h30 na rua Vicente Estevão Florêncio em frente à casa dele, no Centro da cidade. O lavrador José Gilmar Fernandes Praça, de 28 anos, conhecido com ‘Gil Pé de Bicho’, chegou e atirou no presidente da Câmara. Em seguida, fugiu de moto. O sobrinho dele, Cleidimar de Praça Freitas, 19 anos, apontado como quem deu suporte ao tio, observando a movimentação de Américo, também foi levado para o local.
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Segundo testemunhas, Américo Courradesqui estava lavando o carro que acabara de comprar, quando Gil chegou à pé e atirou à queima roupa contra o vereador, que morreu na hora. Os disparos acertaram a cabeça e as costas de Américo.
A reconstituição desenvolvida pela equipe de perícia criminal de Manhuaçu envolveu os delegados Getúlio Lacerda, Wagner Pinto e Marcelo Mana. Eles refizeram os passos de Gil. O lavrador contou que bebeu num bar e depois foi para a praça. Tinha a intenção de ver onde Américo estava. Encontrou com o sobrinho, beberam cerveja no jardim da praça com mais dois rapazes e depois saíram de moto. Gil alegou que foi até a parte alta da cidade, enquanto Cleidimar foi ao posto de combustíveis no centro abastecer.
O tio afirma que voltou já com a arma e viu Américo lavando o carro na porta de casa. Estacionou a moto numa esquina, perto do supermercado, e foi à pé até o vereador. Na versão dele, Américo o viu aproximando e chegou a conversar com ele. O presidente da Câmara só tentou correr quando ele sacou a arma. Gil atirou, guardou o revólver na cintura, correu até a moto e fugiu.
O sobrinho diz que tinha voltado e estava numa rua próxima. Ouviu o barulho de tiros, foi para a esquina onde já encontrou com o tio correndo e viu Américo caído atrás do carro.
Algumas pessoas que presenciaram a reconstituição argumentaram que a história de Gil não conferia com algumas coisas que testemunhas contaram no dia do crime. Getúlio Lacerda esclareceu que o objetivo da reconstituição foi entender os mecanismos e a forma de agir de Gil e de Cleidimar. “Nós sabemos que ele demonstra aqui a versão dele. A reconstituição é feita sob a ótica dele, mas isso é apenas uma peça de todo o inquérito que estamos fazendo”, afirmou.
Depois da parte contada por Gil Pé de Bicho, os peritos se concentraram na história de Cleidimar. A segunda reconstituição serviu também para confrontar as histórias, principalmente em relação ao que Gil havia demonstrado primeiro.
Em todo momento, uma característica que chama a atenção é a tranquilidade com que Gil demonstra o que aconteceu. O lavrador também dá demonstrações de que foi bem instruído.
INVESTIGAÇÕES
Getúlio Lacerda explicou que o inquérito está chegando à fase conclusiva. “Temos cerca de quinze pessoas para serem ouvidas esta semana em São João. Vai permitir que muitas coisas sejam esclarecidas em relação ao crime e à motivação”, antecipou.
Carlos Henrique Cruz - 29/09/09 - 18:15 - portalcaparao@gmail.com