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Projeto conecta café das Matas de Minas ao turismo de experiência

26/07/2024 - Atualizado em 27/07/2024 08h52

CARATINGA (MG) - Com o objetivo de fortalecer a identidade territorial do café das Matas de Minas para impulsionar o desenvolvimento local, a Emater e o Sicoob Credcooper, apoiados pelo Sebrae Minas, promoveram na última terça-feira (16/7), a “Imersão Café – Mostra e Degustação Orientada”. A iniciativa ocorreu em Piedade de Caratinga e reuniu 16 produtores de cafés especiais que puderam apresentar a qualidade dos grãos produzidos na região para cerca de 77 convidados, entre empresários e prestadores de serviços dos setores de alimentação, turismo e hotelaria.

O evento é a primeira ação da estratégia construída pelo Sebrae Minas e Emater para conectar as cadeias do café e do turismo local, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento dos municípios da região. “Vamos preparar os empreendedores que atuam na cadeia do turismo para que eles utilizem a tradição cafeeira e possam inserir suas propriedades em uma rota do café, ampliando os atrativos turísticos da região”, explica a analista do Sebrae Minas Mirelly Viana.

A ação foi elaborada em conjunto com a Central Blend Coffee e a Associação Terras Altas do Caratinga. A apresentação contou com o barista, mestre de torra e produtor de cafés especiais Felipe Brazza, do barista certificado pelo Lab Coffee Paulo Eustáquio, e do Q-Grader-Coffee do Quality Institute e especialista pós-colheita Anderson Reis.

A programação ainda incluiu capacitações sobre os métodos de preparo dos cafés especiais, a fim de preservar a qualidade e o sabor do fruto na xícara, e cuppings educativos – degustação orientada de acordo com os aromas, sabores e nuances gustativas. “Nossa intenção é formar uma rede de influenciadores que possam disseminar conhecimento sobre a tradição e a qualidade dos cafés da microrregião de Caratinga”, afirma a coordenadora técnica da Regional da Emater de Ipatinga, Ana Laura Oliveira.

Desenvolvimento local

O café cultivado na região das Matas de Minas é responsável pelo desenvolvimento econômico e social de 64 municípios. Desde 2008, os 36 mil produtores, sendo a maioria de pequeno porte, contam com o apoio do Sebrae Minas para evoluir na gestão dos negócios e alcançar melhores resultados.

Os cafeicultores são apoiados pelo Sebrae Minas por meio de diversas capacitações e consultorias gerenciais e tecnológicas que promoveram, entre outros ganhos, acesso a novos mercados nacionais e internacionais. A entidade contribuiu para a articulação com empresas parceiras, fornecedores e outros grupos de produtores, além de auxiliar na criação, estruturação e desenvolvimento do Conselho das Entidades do Café das Matas de Minas; na conquista da Indicação Geográfica (IG) – modalidade Indicação de Procedência – Região das Matas de Minas; e na criação e gestão do Selo de Origem da Região das Matas de Minas.

Conhecimento e competitividade

Atualmente, vários produtores detêm o selo, tanto para cafés verdes quanto para os torrados e moídos. A cafeicultora Maria Aparecida da Silva, proprietária da marca Terra Boa, produz, em média, 450 sacas de café em três hectares distribuídos em quatro talhões. Desse volume, 100 sacas são de grãos especiais, com qualidade acima de 80 pontos, rebeneficiados e embalados para manter a qualidade do produto até o consumidor final.

“A relação com o Sebrae teve início há cerca de três anos e, desde então, o apoio ocorreu em diversas frentes, como na criação da nossa embalagem, e na concepção da estratégia de marketing digital. Participamos dos programas de Cultura da Cooperação, e da Central de Negócios Café Sustentável. Também estivemos em diversas missões técnicas que permitiram conhecer mais sobre branding e comercialização dos cafés especiais”, afirma. Com a rede de turismo local, a produtora espera posicionar os cafés especiais em novos mercados.

Geração de valor

A cafeicultora Alessandra Ferreira Mendes, neta e filha de produtores, fez seu primeiro curso de torra pelo Sebrae Minas, em 2021. À época, trabalhando como confeiteira, foi incentivada pelo marido, que já cultivava cafés especiais. “Durante o curso, percebi que a torra do café especial tinha relação com a confeitaria e, por isso, me encantei. Comecei a torrar um lote de cafés que estava no estoque e conseguimos vendê-lo com preço melhor. Com as capacitações, foi possível agregar qualidade e valor aos nossos grãos e criar a nossa marca: a Saga Cafés, que é uma das mais vendidas da região”, conta a produtora, que vende, no mínimo, 50 sacas de cafés especiais por ano.

Por meio do Sebrae Minas, ela também integrou o Cultura da Cooperação, um programa que permitiu a ela contato com outros produtores, elevando à entrada para a Central de Negócios. Hoje, ela lidera uma associação com 13 produtores, formada em sua maioria por mulheres. “Somos muito gratos ao Sebrae pela atuação na região e por viabilizar nossa participação em grandes eventos e novos mercados, por meio do Origem Minas. Nosso café tem garantia de origem e competitividade em um mercado muito exigente”, comemora.

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