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Modelo de concessão da BR-381 pode ser replicado na BR-262

03/09/2024 - Atualizado em 04/09/2024 06h27

REDAÇÃO - Com o leilão da concessão da BR-381 finalmente realizado nesta semana, após tentativas fracassadas nos últimos anos, os olhos de Minas Gerais se voltam para outra rodovia federal, com histórico problemático, que corta o Estado: a BR-262, notadamente o trecho entre as cidades de João Monlevade, a 110 km de Belo Horizonte, e Vitória (ES), ainda sem uma solução efetiva do governo federal para seus problemas.

Para o economista Victor Medeiros, doutor em investimentos em infraestrutura de transportes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a concessão da BR-381 é um exemplo interessante para a possibilidade de uma concessão do trecho da BR-262.

“Esse trecho da BR-381 teve muitas, digamos, “inovações” do ponto de vista do contrato, e incluiu uma parte que o Dnit vai construir, as partes mais complicadas. Na BR-262, acho que o caminho vai seguir mais ou menos essa lógica”, explica o economista, pesquisador do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made) da Universidade de São Paulo (USP).

Anteriormente incluída em uma concessão conjunta com a BR-381, a BR-262 foi desmembrada desse projeto em 2022, ainda no governo Bolsonaro (PL), após os leilões fracassarem por falta de interessados. As empresas alegaram riscos elevados para realizar as intervenções previstas nos editais, principalmente na região serrana do Espírito Santo.

A proposta na mesa, que ficou após os fracassos nos leilões, foi de realizar o certame da concessão da BR-381 e duplicar a BR-262 com os recursos provenientes do acordo de repactuação da tragédia de Mariana, que ainda não foi concluído. Outra possibilidade aventada pelo ministro dos Transportes Renan Filho (MDB) em entrevistas para a imprensa era de uma concessão da rodovia.

Victor Medeiros aponta que o trecho da BR-262 entre João Monlevade e a capital capixaba reserva muitos locais de difícil acesso para realização de obras, com barreiras geográficas e urbanização densa, que encarecem significativamente o custo das operações. “Isso tudo vai encarecendo as obras, o governo federal não necessariamente teria que pegar esses trechos mais complicados, mas talvez fazer algo tipo com a BR-381”, disse.

Por isso, um contrato de concessão da BR-262 para este trecho teria de adotar soluções específicas para ser interessante para o setor privado. “Esse sucesso desse leilão traz bastante otimismo, porque são problemas razoavelmente parecidos. O trecho da BR-262 é um pouquinho pior, com certeza. Além da questão de fazer duplicações e obras, tem que arrumar a parte da via também em termos de manutenção”, finaliza.

Marco Aurélio Neves / Diário do Comércio

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